Permita-me tomar o
texto “pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e
abrir-se-vos-á” de sua citação que ocorre em Mateus 7: 7. Ele é
também citado em Lucas, dentro de uma parábola dita por Jesus, mas
gostaria de compartilhar a sua citação que ocorre em Mateus.
Veja só. Para entender
um texto bíblico, devemos sempre ter em mente o contexto. O que
ocorre antes de depois de um determinado texto ser citado. Existe o
contexto imediato (texto próximo, mesmo capítulo) e o contexto
geral (o livro onde ocorre, a bíblia como um todo). E, temos de
lembrar que, ao escrever o texto bíblico, o autor (neste caso
Mateus), não a dividiu em capítulos e versículos, muito menos
aqueles títulos que as modernas edições da bíblia têm e que já
vi alguns pastores desavisados usarem até como definição de
pregação.
Para entender um pouco
melhor este versículo (Mt 7: 7), precisamos começar em 6: 19,
quando começa o trecho que trata deste mesmo assunto e ir até 7:
23. Em Mt 6: 19 começa dizendo “Não ajunteis tesouros na terra,
onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e
roubam, 20. mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a
ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam”. Bem,
Jesus começa deixando claro que existe uma diferença entre as
coisas do céu e as da terra. Existe uma diferença entre o Reino de
Deus e o do deste mundo. Mas deixa claro que “onde estiver o vosso
tesouro, aí estará também o vosso coração” (vs 21), ou seja,
colocamos nosso coração naquilo que damos importância. Talvez no
dinheiro, prestígio, posição social ou fama etc. Mas talvez
coloquemos no Reino de Deus e a sua justiça, para que as outras
coisas (necessidades materiais), nos sejam acrescentadas (vs 33).
A comida, a bebida e as
necessidades materiais são buscadas pelos gentios, mas nosso pai
sabe que precisamos delas (vs 31-32). Ou seja, não precisamos nos
preocupar, inquietar com estas coisas. É consequência natural de
uma vida que busca primeiro o reino de Deus.
Mas Jesus continua sua
pregação do Sermão do Monte, um pouco dialética neste ponto,
fazendo distinção entre o bem e o mal, a luz e as trevas (vs. 23:
se teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto,
a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!),
entre a porta estreita e a porta larga (vs 13-14), entre a árvore
boa e a ruim (vs 16-20), entre os verdadeiros e os falsos profetas. E
nos dá sinais e sintomas para reconhecermos o verdadeiro do falso, o
bom do ruim, e para escolhermos corretamente, embora deixe à nossa
disposição a escolha (podemos escolher o mal, se os nossos olhos
quiserem os tesouros desta terra e atentar para isso, e forem
trevas).
Então, é bom entender
que o contexto deste versículo é todo este trecho: “Pedi e
dar-se-vos-á...”, mas se meu olho for mau e eu quiser juntar
tesouros nesta terra, que tipo de pedido farei? Ou a quem farei este
pedido? Perceba que o versículo 9 diz “e qual dentre vós é o
homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra?” e
perceba que este versículo é uma clara e direta alusão à tentação
de Jesus, quando o diabo lhe ofereceu pedra, a fim de que Jesus
usasse seu poder, para transformar em pão. O que o diabo fez? Disse
para Jesus: eu tenho pedra, mas se você orar, se se esforçar, se
“fizer um voto”, ops, isso não, mas foi quase, ou seja, se você,
Jesus, fizer algo, pode pegar esta pedra que estou lhe oferecendo e
fazer isso virar em pão. Deixe eu parafrasear: “Você meu irmão,
pode pegar este envelope, colocar seu esforço aqui dentro, ops, é
sacrifício que o pessoal fala, né, e o que você necessita virá”.
Você precisa de pão, mas no fim das contas, lhe é oferecida uma
pedra, para que você faça sua parte e a transforme em pão.
No texto de Lucas, isso
é dito em forma de insistência, importunação. Tanto que foi
pedido o pão para o amigo, que este lhe deu por causa da
importunação. Mas espera aí, Jesus não disse um pouco antes, em
Mt 6: 7 que não seria por muito falarem, ou por usar repetição,
que seria ouvido?
Como agora Ele nos diz
que devemos insistir, pedir, bater, até conseguir? Jesus mudou de
ideia. Será que Jesus não sabe direito o que está falando? Claro
que não é isso.
Na verdade, Este
versículo “pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e
abrir-se-vos-á” é um alerta, não uma orientação. Ele não está
dizendo que é assim que devemos fazer. Quando Jesus fala de oração,
diz que tudo o que pedirmos em nome de Jesus, Ele nos faria (não vou
entrar em detalhes sobre o que significa orar “em nome de Jesus”).
Quem se preocupa e se
inquieta pelas necessidades materiais? Os gentios. Compare Mt 6,
versos 8 com o 32. E o servo de Deus? Busca o Reino.
Então, o que Jesus
quer dizer com os versos 7 e 8? É um alerta: Se você pedir, poderá
receber. Se buscar, vai encontrar, se bater, lhe será aberta. Tem um
ditado que diz “quem procura, acha”, mas o ditado popular
refere-se a problemas. Jesus está dizendo que se insistirmos muito
em pedir aquilo que Deus já sabe que necessitamos e que virá a nós
como consequência de colocarmos o Reino de Deus em primeiro lugar,
poderemos correr o risco de não estar pedindo a coisa certa, à
pessoa certa.
Mas como saber? Jesus
ensina. Ele mostra que o Pai dá boas coisas aos seus filhos. Mas se
meu olho for trevas, como saberei enxergar as coisas boas? Se servir
a Mamom, aborrecerei a Deus. Se desejar as riquezas, não desejarei
“negar-me a mim mesmo”.
Então Jesus está
ensinando que devemos saber o que devemos pedir. E o que devemos
pedir? O Espírito Santo. O discernimento, o poder e a unção. Para
quê? Ficar rodando e pulando na igreja? Ah, vai dormir. Pra ter
ousadia de falar a Palavra de Deus, para ter coragem de até morrer
por Jesus, se necessário for.
Olha que interessante.
Jesus fala de bater e abrir. E usa, nos versos 13-14 a comparação
entre a porta estreita e a larga. Tanto numa quanto outra tem pessoas
que irão entrar. Ou seja, há pessoas que batem na porta larga. E,
cuidado, ela será aberta para quem bate. De tanto a pessoa insistir
em caminhar pelos caminhos que não são de Deus, acaba entrando por
eles. Cuidado, se você bater, ser-lhe-á aberta a porta. E a porta
estreita também. Será aberta a quem bater nela. A quem quiser viver
pelos padrões do Reino de Deus, a quem escolher abandonar Mamom. As
duas opções estão à disposição. Jesus não está falando apenas
de bater na porta boa. Está alertando: cuidado em que porta você
bate, porque ao bater, ser-lhe-á aberta. Então, escolha a porta
correta.
Depois nos versos 21-23
a ideia de uma porta sendo aberta, e Jesus recebendo as pessoas para
entrar (ou não, expulsando aqueles que não conhece). Lembre-se que
este trecho que diz que algumas pessoas dirão “Senhor, Senhor!”
também é repetido na parábola das dez virgens, em Mateus 25.
Novamente, a ideia da porta, e o Senhor abrindo está presente lá.
Veja Mt 25: 11. Jesus abriu a porta a quem bateu, mas não deixou
entrar.
Jesus nos mostra como é
o pai, quando o que precisamos vem dele. Ele não dá pedra no lugar
de pão. Provérbios 10:22 “A bênção do SENHOR é que enriquece,
e ele não acrescenta dores.” O que vem de Deus é bom, é o que
preciso, nem sempre o que eu desejo. Porque pode ser que meu olho
ainda esteja em trevas, pode ser que meu coração ainda ajunte
tesouros na terra.
O alerta é: meus
filhos, saibam que quando o Pai dá, seus critérios e suas
prioridades não batem com os critérios e prioridades do mundo, de
mamom, das trevas. Então, cuidado ao receberem algo que pediram,
porque o fruto demonstra a natureza da árvore. Se o que eu peço
glorifica a mamom, por melhor que pareça em minha vida (e não é
apenas dinheiro, mas tudo o que leva o homem a se glorificar e não
glorificar a Deus), então não é de Deus.
Pr. Lucas Durigon
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