segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Cartas Paulinas – o apóstolo dos gentios



O Novo Testamento é divido em Evangelhos, Atos dos Apóstolos, cartas Paulinas, cartas gerais e Apocalipse. Depois do grupo dos 4 evangelhos, que abarcam o maior grupo de textos do Novo Testamento, as cartas paulinas são o maior grupo de textos que ali existe.
O apóstolo Paulo, antes perseguidor da igreja, mas convertido à fé em Jesus Cristo, torna-se o principal pregador e propagador desta fé que antes perseguia. Uma das maneiras que ele encontra para fazer isso, além de viajar pessoalmente pelo mundo de então, pregando a Palavra de Deus, foi escrever cartas aos irmãos e igrejas que ele visitou. Ou não. Para entender um pouco melhor as cartas, seu conteúdo e propósito, vamos ter uma visão geral deste grupo de textos bíblicos.
Paulo escreveu 13 destas cartas. Algumas delas enquanto estava encarcerado. Todas elas depois de ter feito sua primeira viagem missionária, onde passou por várias partes do mundo, estabelecendo igrejas e deixando líderes para continuarem o trabalho. Destas 13, quatro cartas foram direcionadas a indivíduos: Tito e Timóteo (2 cartas) eram líderes na igreja. Filemon era um senhor de escravos.
Das outras cartas escritas, 8 delas foram direcionadas a igrejas que ele estabeleceu, que ele iniciou a organização, sendo que Corinto e Tessalônica receberam 2 cartas cada.
A carta de Romanos foi a única dirigida a um grupo de irmãos que ele ainda não tinha conhecido pessoalmente. E é esta também a mais teológica de todas. Talvez o livro mais teológico a tratar sobre a salvação que temos na Bíblia. Aliás, essa é uma característica interessante e quero dar uma atenção a isto. As outras igrejas por onde Paulo passou, não há explicações aprofundadas sobre a salvação e a pessoa de Jesus Cristo, sua relação com os gentios e judeus etc. Paulo cita estes assuntos nas outras cartas, sem explicar muito. Sim, porque nas outras cartas, eram direcionadas a igrejas por onde Paulo havia passado e, com certeza, havia explicado e pregado sobre isso tudo pessoalmente. Romanos é considerado por muitos como o 5º evangelho, não por contar a vida de Jesus, mas o resultado do seu ministério: a salvação dos pecados através de sua morte e ressurreição. Para este grupo, que vivia na capital do Império romano, Paulo sentiu a necessidade de escrever e explicar pormenorizadamente, como se processa e se obtém a salvação. Ali, precisa deixar claro a questão do pecado, da nossa condenação, do fato de que se confessarmos o nome de Jesus e nossa fé nEle com nossa boca, seremos salvos e tantos outros assuntos básicos da fé em Jesus e da Salvação. Os romanos não haviam ainda aprendido isso com suas pregações pessoais. Paulo quis que ouvissem pelos seus escritos. É a maior de suas cartas, se considerarmos as 2 cartas de Coríntios isoladamente.
Aqui vem outra característica. Coríntios parece ser, das igrejas que ele iniciou, a que recebeu maior atenção em suas cartas. Não apenas pelas 2 que temos conhecimento e acesso na Bíblia, mas porque sabemos que, além destas, Paulo escreveu outras 2 para eles! Nas cartas aos Coríntios, embora haja teologia abundante, é uma teologia voltada para orientação à prática da vida cristã. Paulo responde, teologicamente, às perguntas dos coríntios sobre várias questões que viviam, agora que se tornaram cristãos. E esta parece ser a tônica da maioria das cartas voltadas às igrejas, aos grupos de irmãos. Responder a questionamentos deles ou a situações que o próprio Paulo percebia e julgava ser necessário dar uma atenção. Paulo mantinha, à distância (às vezes, de dentro da prisão), um pastoreio através de suas cartas.
As cartas direcionadas às pessoas, a pastores que cuidavam do rebanho, com orientações sobre como exercer o ministério, são fonte de orientação até hoje para quem é chamado por Deus para esta mesma tarefa. O cuidado pastoral pessoal de Paulo está latente nestas cartas.
É importante lembrar que Paulo leva sua tarefa e seu ministério muito a sério. Ao ler as cartas que ele escreveu, devemos fazê-lo com temor e grande atenção, pois há um volume grande de ensino presente ali.
Lucas Durigon




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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

MEUS OLHOS VIRAM TUA SALVAÇÃO



As palavras de Simeão, no templo do Senhor, quando Jesus nasceu, foram palavras de fé. Assim está descrito no evangelho de Lucas, cap. 1, dos versos 27 ao 32. Ao pegar o recém-nascido Jesus nos braços, Simeão declarou que seus olhos viam a Salvação de Deus. Por isso, ele poderia morrer em paz, pois a ele havia sido revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ver a salvação enviada pelo Senhor, não morreria antes de conhecer o Cristo do Senhor, o Messias, o Ungido.
Mas é uma atitude de total fé. Ele estava pegando nos braços uma criança recém-nascida. Como poderia saber, naquele exato momento, que aquela criança traria salvação ao mundo? A criança sequer havia chegado à adolescência, não sabia nem falar ainda. Saber, pela fé, que aquela era a criança prometida por Deus para salvação de todos era um ato totalmente revestido de fé. Muitos só reconheceram em Jesus a figura do Messias quando ele, já adulto, começou a curar e a pregar, a realizar milagres e demonstrar sabedoria sem par. Nem mesmo sua participação, aos 12 anos, no templo, apesar de trazer grande admiração aos presentes, fez com que algum sacerdote declarasse que ali estava o Messias. Mesmo depois de milagres realizados, muitos ainda duvidavam de sua divindade, de sua missão, de seu papel na história redentora de Israel e da humanidade.
Mas não Simeão.
Este homem, justo e temente a Deus, a quem o Espírito Santo havia revelado quem era aquela criança. Este homem, que inferimos ser um idoso, embora o relato bíblico não informe sua idade. Este homem, que não tinha cargo nem era algum tipo de oficial do templo, “apenas” alguém comum, mas cheio do Espírito Santo. Este homem conseguiu perceber, pela revelação do Espírito Santo, ao pegar uma criança no colo, que a salvação de Deus havia chegado. Mesmo sem ver os milagres, mesmo sem ver as maravilhas realizadas por Jesus. Ele creu antes de tudo isso. Antes de ver, ele simplesmente creu, porque o Espírito Santo de Deus havia lhe falado que assim era!
Quem dera nos voltássemos para esse tipo de fé. Esse tipo que crê apenas porque o Senhor fala. Que não necessita de sinais ou provas para crer. Que apenas sabe que é assim porque Deus disse que seria assim! Simeão pegou uma “simples” criança, um bebê como outro qualquer, com braços, perninhas, olhos e boca. Não havia, em Jesus, naquele momento, nenhum sinal visível de sua divindade. Nenhum raio de sol vindo do céu sobre ele (como no momento do batismo, quando o Espírito veio sobre ele como uma pomba). Mas Simeão creu. E Ana também. Mas aqui quero chamar a atenção para a declaração de Simeão. “Podes despedir teu servo … porque meus olhos viram tua salvação”. Ele não pediu para ver também o menino crescer (talvez Deus o tenha deixado vivo até lá, não sabemos), mas ele não pediu para ver sinais e milagres. Simplesmente creu. A promessa do Espírito, revelada a ele, era de que veria o Cristo antes de morrer. E assim aconteceu. Talvez ele não tenha testemunhado o batismo, as pregações, os milagres, a morte e ressurreição do Messias. Também não estava presente na manjedoura, quando os anjos apareceram no céu cantando. Mas essa fé de Simeão, esta que ouve a voz de Deus e crê, é uma fé que não precisa de nenhum sinal aparente, nada que se veja ou toque ou ouça. Não precisa de nenhum estímulo aos sentidos. É a fé que é a prova daquilo que não se vê. Esse tipo de fé precisa ser revivido em nosso meio, entre os filhos de Deus. Precisa ser buscada com afinco. Os filhos de Deus, hoje em dia, estão muito carentes de sinais, de estímulo aos sentidos.
É preciso ter fé.
Simplesmente.




segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

I João – o amor é tudo: o contrário disto é o pecado!


“Deus é amor” pode ser considerada a frase central deste livro. Desta forma simples e direta, só aparece aqui. A revelação da essência de Deus foi dada a João neste versículo para nos mostrar quem é Deus. Também é nesta carta, que João deixa claro que nossa capacidade de amar a Deus e ao próximo reside no fato de que Deus nos amou primeiro, ou seja, Ele tomou a iniciativa de quebrar o ciclo gerado pelo pecado, a fim de permitir voltar a se relacionar conosco, pela iniciativa de nos amar, quando nós ainda éramos pecadores, e não merecíamos, nem desejávamos, nem pedimos por esse amor. Mesmo assim, Ele nos amou primeiro e, por isso, somente por isso, é que temos a mínima possibilidade de retribuir esse amor. E assim devemos fazer, amando a Deus e ao próximo, não apenas um amor de palavras, ou de sentimentos, mas de atitudes e de verdade, de fato! Isso também fica claro em I João.
Nesta carta de João, sua primeira carta (escreveu mais 2, além do evangelho de João e do apocalipse), até o momento que declara a revelação que “Deus é amor”, João mostra, num texto que contrapõe o amor e o pecado que o motivo de podermos acreditar no amor de Deus é justamente o fato de, sendo nós pecadores, Ele não nos rejeitou totalmente, mas nos amou ao ponto de providenciar a cura para o nosso pecado.
Embora o tema seja o amor, ao deixar claro para nós, nesta carta que Deus nos ama ao ponto de nos providenciar a cura para o pecado, enviando seu filho para morrer por nós, João fala bastante sobre o pecado também. Quer nos fazer entender a gravidade desta atitude e como o pecado se contrapõe ao amor e como foi caro para Deus entregar seu filho para libertar os pecadores que, apesar de tão grande ofensa, ainda são alvo do amor de Deus.
Quando João deixa claro que “Deus é amor”, após falar muito sobre a gravidade do pecado, que nos torna indignos do amor de Deus, João deixa claro que o único motivo pelo qual Deus foi capaz de tão grande sacrifício por nós, ao ponto de entregar seu filho para sofrer a justiça do pecado, é porque o amor está na sua essência e não pode negá-la, nem deixar de agir com amor. Se Deus apenas “tivesse” amor pos nós, esse amor seria perdido pela insistência do ser humano em ofendê-lo com o pecado. Mas, como o amor faz parte do próprio Deus e o define, em sua natureza, então Ele só pode agir com este amor.
Mesmo que nossos pecados sejam muitos, quando há arrependimento do pecado por parte do pecador, João deixa claro que o próprio Jesus é nosso advogado, que nos defende da acusação (do diabo) e da condenação (do juiz supremo, Deus Pai). Então João também faz questão de deixar claro nesta carta 2 coisas:
A primeira é que o pecado é algo muito grave, que seria motivo para Deus nos abandonar definitivamente, não fosse esse amor que o define. E João deixa isso muito claro ao repetir, insistentemente, sobre a presença do pecado na vida dos homens.
A segunda é mostrar que, mesmo diante de algo tão grave quanto o pecado, Deus ainda mantém seu amor por nós, o qual supera o pecado e nos permite reconciliar com Deus, se respondermos ao seu chamado para o arrependimento.
Mas João deixa claro que devemos viver esse amor, em nossas vidas, amando a Deus e ao próximo, não apenas de palavras, mas por atitudes e em verdade, assim como Deus nos amou, mesmo sendo pecadores. Se Deus nos amou tanto, devemos repassar esse amor a todos. Se o pecado é a origem de todo o mal, de todas as mazelas do ser humano, o amor é a cura. Mas só desfrutaremos dessa cura se praticarmos esse amor, que recebemos de Deus primeiro para que o possamos repassar aos outros.





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segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Salmo 119 - A Palavra do Senhor

O Salmo 119 é o maior capítulo da Bíblia, com seus 176 versículos! Com este tamanho, considerando que muitos livros da Bíblia têm menos de 4 capítulos, e levando em consideração o número de versículos para efeitos de comparação de tamanho, chegamos à impressionante informação de que o Salmo 119 sozinho é maior (tem mais versículos) que 32 dos livros da Bíblia. Ou seja, dos 66 livros que a Bíblia tem no total, praticamente metade deles não chegam a ter o tamanho que o Salmo 119 tem, sendo apenas 1 capítulo (o maior) do maior livro da Bíblia. Livro esse que, por sinal, tem sozinho, 2461 dos 31105 versículos existentes na Bíblia.
Realmente, o Salmo 119 é muito grande. Ele está dividido em 22 grupos de 8 versículos cada, bem justo e simétrico. Cada um destes 22 grupos recebe, nas bíblias em português, um subtítulo com o nome de uma das letras do alfabeto hebraico (Álefe, Bet, Guímel, Dálete, Hê, Vau, Zain, Hete, Tete, Iode, Cafe, Lâmede, Mem, Nun, Sâmeque, Ain, Pê, Tsadê, Cofe, Rexe, Chim, Tau). Mas isso tem uma explicação a mais. É que quando lido no idioma original, o hebraico, cada um dos 8 versículo do grupo do Álefe, por exemplo (Álefe é a primeira letra do alfabeto Hebraico) iniciam-se com a letra Álefe. O mesmo ocorre para todos os grupos. Ou seja, no grupo da letra Bet, todos os 8 versículos têm sua primeira letra o Bet para iniciar o versículo. Claro que, traduzindo-se isso para o português, perdemos a noção deste arranjo poético tão bonito e espetacular, que tinha também o objetivo de facilitar o decorar do texto, sendo que seria bem didático ter 8 frases (versículos) iniciados com uma mesma letra, depois mais 8 com a próxima letra do alfabeto e assim por diante, até completar todo o alfabeto hebraico. Apesar desta primeira letra (Álefe) poder ser comparada ao nosso “A”, na verdade o alfabeto hebraico não tem vogais! Apenas consoantes, como o Álefe.
O assunto principal deste maior capítulo da Bíblia é a própria Bíblia ou, nas palavras que aparecem no próprio salmo 119, a “Palavra de Deus”, a “lei de Deus”, o “mandamento de Deus”, seus “preceitos”, ou “estatutos”, “testemunhos”, “caminhos”, “justos juízos”, “aquilo que ordenaste”, ou ainda “juízos da tua boca”, “tua palavra”, “tua lei”, “teus juízos”, “teus mandamentos”, “teus testemunhos”, “teus estatutos”, “palavra de verdade”, “lei da tua boca”, “tua promessa”, “testemunho da tua boca”, “lâmpada e luz para o meu caminho”.
Alguns dos versículos do salmo 119 são bastante conhecidos: “Bem-aventurados os que trilham caminhos retos e andam na lei do Senhor” (vs. 1); “Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra.” (vs. 9); “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (vs 11); “Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu.” (vs 89); “OH! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia!” (vs 97); “Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos” (vs 99); “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz, para o meu caminho.” (vs 105).
Repare que nestes versículos citados, a expressão “Palavra de Deus” ou um dos seus sinônimos (citados no parágrafo acima) aparece em todos eles! Aliás, em quase todos os versículos deste Salmo 119 aparece algum dos termos que se refiram à Palavra de Deus. Tanto é assim que a primeira vez que tem um versículo que não cita um termo sinônimo da palavra de Deus é no verso 84, quase na metade do capítulo! Depois somente nos versos 90, 121, 122, 132 é que não aparecem referências à Palavra de Deus ou seus sinônimos. Está presente em praticamente todo o salmo 119.
O Salmista agradece pelos ensinos e mandamentos do Senhor, diz que eles são preciosos e valiosos, pede para o Senhor os ensinar, mostra que é sua palavra que purifica o coração, que mostra a luz para o caminho. Pede para não se desviar dos seus ensinos, que guarde e obedeça os seus mandamentos. Diz que são estas palavras que trazem vida. Diz que há condenação em se desviar dos mandamentos do Senhor, que a palavra de Deus e o guardar e observar o cumprimento dela guarda de todo mal. O salmista deseja e diz que são bons os preceitos do Senhor. É seu motivo de alegria, mas também do seu choro, por causa daqueles que não obedecem a lei do Senhor.

Ou seja, o assunto principal é a palavra do Senhor. 



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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Hebreus – Cristo é a realização plena da lei


Não temos certeza sobre quem escreveu Hebreus. Mas é um dos livros bíblicos mais teológicos. Para entender corretamente o livro de Hebreus, será necessário compreender bem a lei e o Antigo Testamento. Isso porque ele foi escrito para os judeus (ou hebreus) poderem fazer a transição entre a lei, a promessa do Messias e o seu advento e ministério. Para poder explicar corretamente o ministério de Jesus para que os Hebreus possam entender, este livro traz muitos exemplos das exigências da lei e compara com aquilo que Jesus fez e ensinou, a fim de mostrar que Ele, Jesus, é o cumprimento pleno de toda a lei e suas exigências.
Para quem não é judeu, se quisermos entender um pouco melhor o livro de Hebreus, seria bom dar uma boa lida no pentateuco, especialmente o livro de Levítico. Mas é nesse livro que vemos, por 2 vezes, a declaração de dizer explicitamente que a lei do Antigo Testamento era apenas uma sombra, um exemplo, uma amostra do propósito real e final de Deus, a ser realizado em Jesus Cristo.
Em Hebreus, podemos saber que tudo o que Deus ensinou no Antigo Testamento e fez com o seu povo, serve de exemplo para todos os cristãos, para todos os que desejam ter um relacionamento com Deus. Se Deus fez uma aliança com o povo judeu, muito mais fez, mediante a vida de Jesus Cristo, com todos aqueles que creem em Jesus. Se Deus deu mandamentos ao povo judeu, muito maior e abrangente foi o mandamento de amar a Deus e ao próximo, deixado por Jesus. Se havia sacrifício de animais para o perdão de pecados para o povo judeu, muito maior é o sacrifício do próprio filho de Deus, ao entregar a própria vida em resgate dos pecadores. Se Deus castigou seu povo hebreu por ter abandonado sua lei, muito maior castigo sofrerá aquele que desprezar o sacrifício de Jesus. O que Deus fez com os judeus, o livro de Hebreus deixa claro, é apenas uma sombra, uma amostra, um exemplo daquilo que ele faz com todos.
Em tudo, Hebreus deixa claro que a atual realidade, a Nova Aliança, depois do sacrifício de Jesus, é muito superior e mais excelente do que a Antiga Aliança. Não porque a antiga valesse menos, mas porque era o propósito de Deus, desde o início, usar o povo judeu como modelo de seu relacionamento, para que todos os povos entendessem como é que Deus trata seu povo, seus filhos. Se os judeus são grandemente abençoados quando são obedientes, assim o serão todos que obedecerem ao Senhor. Se o castigo pelos pecados é algo assustador para os judeus, como o foi o exílio, então devemos todos temer o castigo que nos espera, se não formos obedientes, pois será igualmente aterrador.
Estes extremos ficam claros no livro de Hebreus quando diz que aquele que desprezar o sacrifício de Jesus, depois de ter conhecido e experimentado a graça, não terá chance para novo arrependimento. Também é em Hebreus que vemos a dura realidade de que “horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo”. Ou seja, em tudo, para bênção e justificação e para condenação, a nova aliança é superior à antiga. Esta é a tônica do livro de Hebreus.
As comparações têm por objetivo fazer os gentios entenderem quão grande significado tem o sacrifício de Jesus e fazer os judeus entenderem que aquela fase da lei foi um aprendizado dado por Deus a eles, mas que é hora de passarem para essa nova realidade, reconhecendo Jesus como o Messias prometido, o cumprimento das profecias e de toda a lei. Isso está claramente estabelecido em Hebreus. Aliás, o autor de Hebreus também deixa claro que faz parte do tratar de Deus com as pessoas (individualmente) e com seu povo (como um todo), o processo de progresso, aprendizado e crescimento em maturidade. Por isso, aceitar e entender a nova aliança faz parte deste crescimento.
O sacrifício de Jesus é único e supremo. E não há nada superior a isto.

Pr. Lucas Durigon

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segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Por que Deus fechou a porta da Arca?


Por que Deus fechou a porta da Arca?

E não abriu mais depois que o dilúvio começou.




Ao descrever o dilúvio e o momento em que todos entraram na arca, a Bíblia diz em Gn 7: 16 que “O Senhor fechou a porta da Arca”. Quero convidar a ter em mente também a exortação de Isaías: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” (Is 55: 6) e a comparação feita por Jesus “E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem.” (Lc 17: 26), além de lembrar do fato de que tudo o que aconteceu no tempo da lei (no Antigo Testamento), é sombra ou um exemplo para o que acontece e acontecerá depois, a partir da vinda de Jesus, assim como diz o autor de Hebreus: “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas…” (Hb 10: 1) e “Os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para acabar o tabernáculo” (Hb 8: 5).
Considerando o contexto bíblico como um todo, tomando estes versículos citados acima como exemplo, quero pensar no motivo pelo qual o Senhor fechou a porta da arca onde estavam Noé, sua família e os animais. Todos já estava lá dentro, seguros, pouco antes de iniciar o dilúvio (7 dias antes, segundo Gn 7: 10). Então o Senhor fecha a porta.
Sabemos que a porta ficava na lateral (segundo Gn 6: 16), mas não sabemos o tamanho da porta. Os elefantes tinham de passar por essa porta. As girafas também. E os hipopótamos, bois e outros grandes animais. Não era uma porta como as que temos na sala de casa. Era um tanto maior que isso. Mas não sabemos o tamanho exato. O que importa, neste momento, é saber que foi o próprio Deus que a fechou. E se Deus fechou, talvez ele quisesse garantir que ninguém, dos que estavam dentro da arca e dos que estavam por fora, a pudessem abrir. E por quê?
A Bíblia não diz, mas muitas imagens, filmes, quadros mostram o desespero de pessoas que ficaram fora, ao perceberem que o dilúvio era algo real, tentando entrar e pedir para Noé abrir, desesperadamente, a porta para que entrassem. Talvez alguns destes fossem amigos ou parentes da família de Noé (das esposas de seus filhos, por exemplo) e pedissem para abrir a porta enquanto ainda não tinham morrido afogados. E, talvez, não sabemos ao certo, mas podemos conjecturar, talvez alguém da família de Noé viesse a abrir a porta, sensibilizado pelo pedido de alguma mãe com uma criança do lado de fora. Não sabemos como foi exatamente este momento.
Mas sabemos que demorou cerca de 100 anos desde que foi avisado por Deus (Gn 5: 32, ele tinha 500 anos) e começou a pregar a todos daquela época, fazendo também a construção da arca, até o momento de vir o dilúvio (Gn 7: 11, ele tinha 600 anos). Durante muito tempo, Noé avisou. Noé pediu para o povo mudar de atitude. Pediu para que se arrependessem e mudassem seu comportamento. E isto enquanto construía a arca, que era uma atitude de pura fé, num tempo que nem chuva havia caído sobre a terra ainda. Ele fez a parte dele, em obediência a Deus, numa atitude de fé. Não sabemos os detalhes ou o conteúdo da sua pregação, mas Pedro diz que ele pregou (II Pe 2: 5).
Mas é preciso entender algo muito importante sobre o caráter de Deus, nesta questão. Ele deu uma chance de mais de um século de aviso. Ninguém ouviu. Quando chegou a hora do julgamento, aqueles que não tinham ouvido e viram a porta fechada, mesmo com a água batendo no pescoço, não tinham mais chance. O tempo havia acabado. O momento havia passado. Não adianta se arrepender quando a condenação já está acontecendo. Em outras palavras, depois que for para o inferno, ninguém mais conseguirá reverter a situação. Mas Deus avisa insistentemente, a fim de que as pessoas venham ao arrependimento.
Enquanto está esperando o julgamento, muitos desprezam e não acreditam que um dia, realmente, irá acontecer. E, quando acontece, não adianta mais. Porque querer se livrar e pedir perdão quando já se está sofrendo as consequências das próprias escolhas, não dá mais tempo para sair. Uma das características da fé que Deus pede de cada um de nós é que creiamos no seu aviso de julgamento a fim de mudarmos de vida enquanto o julgamento não chega. Enquanto está tudo (aparentemente) bem, devemos crer que o julgamento virá para temermos e fugirmos do pecado, a fim de corrermos em direção a Deus e a uma vida de santidade. Precisamos de fé para crer que essa condenação anunciada é real, que um dia acontecerá, e não tratarmos nossas atitudes como algo que não tem consequências.
A Bíblia não diz o que aconteceu com as pessoas que ficaram de fora da arca, em detalhes. Apenas que morreram afogadas. Não diz se tentaram entrar, se bateram na porta da arca depois desta estar fechada, se pediram para entrar quando a água subiu. Mas podemos imaginar que isto aconteceu com aqueles que estavam ali por perto.
Jesus contou também uma parábola sobre esta situação. A de Lázaro e o rico (Lc 16). Ambos morreram. O rico foi para um lugar de condenação, por causa de sua vida egoísta e de ostentação, sem arrependimento. Lázaro foi para o seio de Abraão. Depois de condenado, nem mudar sua sorte o rico podia, nem sequer mandar aviso para os que estavam em vida. A resposta de Abraão para o rico que pedia permissão para avisar seus parentes sobre aquele lugar de condenação é exatamente a fé que o Senhor pede de nós: “eles têm Moisés e os profetas. Se não creem neles, nem tampouco crerão em algum dos mortos que volte para avisar”. Ou seja, Deus pede que nossa fé seja firme em suas palavras, descritas em Sua Palavra, na Bíblia, ou Moisés e os profetas. Se não crermos nisso, antes, como ato de fé, não poderemos nos arrepender depois que estivermos vivendo esta realidade de uma condenação anunciada. Aí o tempo já acabou!
Assim como nos dias de Noé, quando chegar o tempo do acerto de contas, todos estarão vivendo suas vidas, sendo que uma grande parte ignorando a realidade do que está por vir. Mas, depois de chegar o dia e fechar a porta, as chances para se buscar ao Senhor estarão terminadas. Ninguém poderá buscar ao Senhor depois que tudo estiver consumado e finalizado. Devemos buscar ao Senhor durante o tempo ENQUANTO é possível encontrá-lo (Is 55: 6).
Como diz hebreus 11: 1, a fé é a prova do que está por vir, daquilo que podemos ter certeza por ter sido Deus quem prometeu, mesmo que não vejamos com nossos olhos. A fé é a prova do que ainda não existe, mas virá a existir. Tanto coisas boas, quanto más. Portanto, o inferno e a condenação, pela fé, são uma realidade. A condenação e o juízo final para cada ser humano, também. E a certeza de que para se buscar o arrependimento existe um tempo delimitado, que seja o desta vida na terra, também é uma certeza. Não adianta esperar para ver o que acontecerá depois, para só então tomar uma decisão e uma atitude. Porque, depois de se estar vivendo a realidade, não se pode mais dizer “agora eu acredito”.
Porque, depois disso, depois da realidade consumada, não é necessário mais fé para crer em algo que já se está vivendo. E Deus pede que tenhamos fé. Não apenas fé no céu, para desejar e buscar viver neste lugar maravilhoso. Fé também que existe um inferno e uma condenação, para aqueles que negarem viver conforme os preceitos de Deus. Um lugar é tão certo quanto o outro e ambos exigem fé para crer que existem.
Por que Deus fechou a porta da arca? É que, depois do dilúvio iniciado, fica fácil acreditar que teria um dilúvio. Mas o que Deus queria é que as pessoas acreditassem enquanto havia tempo de mudarem de vida e demonstrarem, pelas suas atitudes, uma atitude de arrependimento. Depois, não resolve mais. Deus fechou para dizer que existe um tempo delimitado. É um aviso que vale para todos nós, hoje em dia. O tempo vai acabar, a porta vai se fechar. Os avisos e chances que Deus dá terão um fim. As chances de mudança vão até certo momento. Depois, não adianta mais.
Atualmente, esta chance vai até o final de nossas vidas. Até nosso último suspiro, podemos nos arrepender e mudar de vida. Ou até a volta de Jesus.
Não vamos endurecer nossos corações para não crer. A porta, um dia, vai se fechar.


Pr. Lucas Durigon



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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Obadias – Não podemos nos alegrar com a ruína dos outros


Primeira informação que precisamos ter para entender Obadias é quem é Edom. Precisamos lembrar dos irmãos, Esaú e Jacó, filhos gêmeos de Isaque, mas sendo Esaú o primogênito, vendeu seu direito de primogenitura (com todos os direitos da herança, de receber as bênçãos de Deus, de ser o pai de um povo que Deus estava prometendo para os descendentes de Abraão). Vendeu seu direito para seu irmão, Jacó. Na Bíblia, Edom é Esaú. Os edomitas são o povo descendente do irmão de Jacó, aquele que na verdade era para ter sido o povo escolhido de Deus, não fosse ele ter rejeitado o presente da primogenitura. Sua rejeição lhe trouxe perdas grandes, imensuráveis.
Mas aqui está Edom (ou Esaú) no livro de Obadias. E Edom é um povo gentio. Não faz parte do povo de Deus. Mas é um povo irmão. Diferente dos amalequitas ou Filisteus, por exemplo, que são povos inimigos. Edom é irmão do povo de Deus.
Sendo o livro de Obadias o único do Antigo Testamento com apenas 1 capítulo, nós nos referimos às suas partes apenas pelos versículos. E até o verso 10, Deus mostra que Edom foi diminuído e veio a se tornar um pequeno povo que será totalmente destruído porque ele foi violento com seu irmão, Jacó. Não o ajudou quando precisou, mas antes alegrou-se com a desgraça de seu irmão, então Deus irá exterminá-lo da face da terra.
Na parte central do livro, entre os versos 11 e 16, Deus mostra o motivo. Quando Jacó foi castigado por Deus com dureza, sendo derrotado pelos inimigos e levado cativo, então Edom (Esaú), seu povo irmão, alegrou-se em ver a ruína de Jacó, até mesmo contribuiu com o inimigo, entregando o povo de Deus. O Senhor estava castigando Jacó pelo seu pecado. Como um pai que está dando um bom castigo no filho, o irmão ficou de lado, dando risadas e gostando do que estava acontecendo.
Este livro trata da lição para todos nós, de que quando Deus resolve castigar um filho seu, não devemos nos alegrar. Devemos tomar isso por exemplo, pois pode acontecer conosco também. E é o que Deus promete que acontecerá com Edom. Ele será também castigado, pelos próprios pecados, que foram agravados ao sentir prazer no castigo do seu irmão.
Eles não conseguiram entender que também estavam sujeitos ao mesmo castigo. Deviam ter percebido que poderiam também receber o mesmo da parte do Senhor, porque, assim como pecou Jacó, Edom também tinha seus pecados. Mas não. No lugar de demonstrar temor ao ver que o Senhor castigava seu povo escolhido e arrepender-se disso, baseado no exemplo que nem ao seu povo escolhido Deus poupou por causa do pecado, preferiu alegrar-se e comemorar a ruína do seu irmão Jacó e ainda ajudar o inimigo no castigo que Deus impunha. E essa atitude agravaria seu castigo, quando chegasse a hora. A ponto de Deus dizer que seriam completamente exterminados da face da terra e deixariam de existir!
Em Provérbios, temos uma orientação neste sentido: “Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem se regozije o teu coração quando ele tropeçar; Para que, vendo-o o Senhor, seja isso mau aos seus olhos, e desvie dele a sua ira.” (Pv 24:17,18). Isso confirma que Deus não deseja que nos alegremos com a derrota ou o castigo dos outros. Devemos temer e usar como exemplo, sabendo que estamos sujeito às mesmas consequências, se não houver em nós arrependimento e mudança de atitude.
Por causa desta alegria de Edom sobre a ruína de Jacó, na terceira parte do livro de Obadias (versos 17 a 21), Deus promete restaurar Jacó e colocá-lo de volta para desfrutar da terra prometida. E Esaú será julgada.





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segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Daniel – o profeta do fim dos tempos


Os livros proféticos são dividos em 2 grupos nos estudos de teologia: Profetas Maiores e Profetas Menores. E, embora na maioria dos casos, isto esteja relacionado com o tamanho do escrito, em Daniel ocorre uma exceção. Jeremias, Isaías e Ezequiel são livros com aproximadamente 50 capítulos cada. Lamentações fica no grupo dos profetas maiores por ter sido escrito por Jeremias. Já Daniel, com seus 12 capítulos, fica neste grupo por motivos diferentes. Mesmo o livro de Oséias, no grupo dos profetas menores, tem 14 capítulos. O que não o torna maior que Daniel, onde cada capítulo é mais extenso. Mas o que faz este livro ficar no grupo dos profetas maiores são, basicamente, 2 motivos: o primeiro é o fato de o livro de Daniel tratar de um assunto tão singular e importante para os judeus, que é o exílio e, por isso, o livro de Daniel abrange um período da história de aproximadamente 70 anos. O segundo motivo é o fato de que no cânon Hebraico, os 12 livros dos profetas menores estão todos agrupados num único volume, considerando-se ser apenas 1 livro. Por isso, apesar do tamanho, Daniel fica de fora deste grupo.
Mas Daniel é um livro singular. No Antigo Testamento, é o livro que mais se aproxima da linguagem apocalíptica, encontrada no livro do Apocalipse, do Novo Testamento. As visões e profecias sobre o fim dos tempos é abundante no livro de Daniel. E, se lembrarmos que Deus usa o povo hebreu como um espelho, como um exemplo de sua ação para com todos os povos, é realmente notável que Daniel, ao relatar os fatos que ocorreram durante o exílio e o final deste, com seu retorno à terra prometida, refira-se também ao fim dos tempos e julgamento final. Porque o exílio é exatamente o julgamento do povo hebreu pelos seus pecados e o fim do exílio e o retorno à sua terra, representa o fim dos tempos e o retorno do povo de Deus ao céu, pelo arrebatamento. Em tudo isso, a semelhança e equivalência entre a história do povo judeu e de toda a humanidade se encontram em Daniel.
O livro de Daniel tem 12 capítulos e é claramente dividido em 2 partes. Nos primeiros 6 capítulos, conta-se a história de Daniel e seus amigos ao serem levados como prisioneiros pelo rei da Babilônia, Nabucodonosor, ao exílio na Babilônia. Estes primeiros 6 capítulos demonstram eventos extraordinários, que mostram o poder de Deus permanecendo ativo no exílio, e como Daniel e seus amigos conseguiram manter-se numa privilegiada posição de autoridade no reinado destes povos.
É importante lembrar que Daniel foi levado ao cativeiro muito jovem. Provavelmente um adolescente em torno dos seus 15 anos de idade. Embora a Bíblia não detalhe a idade dele, não devia ter mais de 20! E Daniel permaneceu no exílio durante os reinados de Nabucodonosor, Belsazar (filho daquele), Dario e Ciro. Ou seja, 4 reis passaram e Daniel permaneceu ali. Este período durou aproximadamente 70 anos! Então, o livro de Daniel conta uma história que abrange 70 anos, ou seja, todo o período do exílio do povo. Daniel foi o único que viveu e registrou todo o período. Jeremias, por exemplo, foi levado cativo também, esteve presente no início do exílio, mas já era de avançada idade e não permaneceu até o final. Outros, como Ageu e Zacarias, foram profetas mais novos, que iniciaram suas atividades já no período final. Mas Daniel foi o único que testemunhou a ida do povo judeu para o exílio e depois o início do seu retorno! Isso é realmente fantástico.
Mas a questão do tempo de duração dos eventos narrados no livro de Daniel nos leva a um outro aprendizado interessante. Muitos cristãos hoje, ao verem as abundantes provas do poder de Deus presentes neste livro e na vida de seu autor, imaginam um Deus que faz milagres todo mês, quiçá toda semana. Ao vermos tantos sonhos interpretados, visões, milagres como a fornalha ardente e a cova dos leões, somos tentados a pensar que estes fatos todos ocorreram na vida de Daniel num período curto, talvez durante 2 ou 3 anos de vida. Mas estes fatos estão espalhados num período de 70 anos! Ou seja, cada evento ocorreu num intervalo de 5 ou até 10 anos entre um e outro!
E isto não significa que Deus não seja atuante. Pelo contrário. É maravilhoso ver como, numa situação tão adversa de escravidão no exílio, pôde Daniel permanecer como um servo fiel durante tanto tempo e desfrutar e testemunhar do agir de Deus ao longo de todo este tempo.
Os primeiros 6 capítulos, conta sua vivência no palácio. Como chegou ali e recusou comer da comida do rei, mantendo sua santidade nas leis de alimentos da Torá. Como interpretou 2 sonhos de Nabucodonosor, um no capítulo 2, sendo um sonho profético para toda a humanidade, do que aconteceria nos próximos séculos de história (que foram já confirmados e totalmente cumpridos!) e outro, no cap. 4, sobre a vida do próprio rei, que também foi cumprido naquela mesma época. Além disso, interpretou uma visão de Belsazar, o filho de Nabucodonosor, quando já era rei (cap. 5). Também o fato ocorrido com ele na cova dos leões, já no reinado de Dario, o penúltimo rei com quem Daniel conviveu. Nesta época da cova dos leões, história conhecida narrada no cap. 6 de Daniel, o profeta já devia ter mais de 60 ou 70 anos de idade! Porque já estava no penúltimo reinado. Também nesta primeira parte do livro, cita o ocorrido com seus amigos, Sadraque, Mesaque e Abdenego, ao serem lançados na fornalha de fogo ardente por causa de sua fidelidade ao Deus dos hebreus e o grande livramento que Deus deu a eles por causa de sua fidelidade. E também há, nesta primeira parte do livro, por parte do Rei Nabucodonosor (nos caps. 3 e 4), o reconhecimento do poder do Deus dos judeus, quando Nabucodonosor reconheceu, publicamente e perante as autoridades e outros povos, a grandeza do poder de Deus. Ou seja, Deus continuava se manifestando, não apenas aos judeus, mas aos gentios, para demonstrar seu poder e sua grandeza. Os fatos nesta primeira parte do livro são narrados cronologicamente, demonstrando os 6 principais eventos, em sua relação com os reis daquela época. Um evento por capítulo. Portanto, se o período todo compreende 60 anos, foi aproximadamente um evento milagroso a cada 10 anos. Mas Daniel soube esperar, pelo agir de Deus, no tempo certo em cada situação.
A segunda metade do livro de Daniel, os capítulos 7 ao 12, são dedicados a contar as visões que Deus deu a Daniel, sobre os últimos dias. Estas visões começaram a ocorrer depois do reinado de Nabucodonosor, já no reinado de seu filho, Belsazar. São visões proféticas dadas a Daniel, e contam sua relação com Deus no recebimento e interpretação destas visões que falam sobre eventos futuros, muitos deles que ainda nem aconteceram.
Os 2 primeiros capítulos desta segunda parte (7 e 8) falam de visões proféticas que se referem tanto a acontecimentos já ocorridos quanto a acontecimentos que ainda irão ocorrer. No capítulo 9, versos 1 a 3, Daniel lembra que o tempo determinado por Deus para o fim do exílio era de 70 anos, conforme havia prometido por intermédio de Jeremias. E então, Daniel começa a orar e clamar pela libertação do seu povo, em cumprimento da promessa do próprio Deus e faz, neste capítulo, uma oração de arrependimento e reconhecimento pelos pecados do seu povo, pedindo perdão a Deus. Isso foi no início do reinado de Dario (primeiro ano), provavelmente, pouco tempo antes de ser lançado na cova dos leões, que também ocorreu durante o reinado de Dario, talvez não no primeiro ano, mas um pouco mais tarde.
Depois de sua oração, Daniel ainda aguardou. Passou-se todo o reinado de Dario. Iniciou-se o reinado de Ciro. Somente depois disto veio a libertação do povo de Israel. Nos capítulos 10 a 12, Daniel ainda narra visões e profecias, algumas para aquele tempo, outras para o fim dos tempos, os mesmos que são citados em Apocalipse.





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segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Isaías – Todo o propósito de Deus



O livro do profeta Isaías é o segundo maior livro da Bíblia com seus 66 capítulos, menor apenas que o livro de Salmos, que tem 150 capítulos. É o livro que mais cita profecias messiânicas, ou seja, sobre a vinda e vida do Messias, Jesus. É dividido em 2 partes, sendo os capítulos 1 a 39 voltados para o julgamento do Senhor para com Israel e as nações gentias. E o restante, do 40 ao 66, sendo voltado a trazer esperança e salvação para o povo, livramento e o julgamento final, para recompensar os justos e condenar os ímpios. Esta divisão natural do livro de Isaías leva-nos a uma outra curiosa característica deste livro: ele é como se fosse um resumo da Bíblia toda, uma espécie de Bíblia em miniatura. Não apenas por causa dos números, mas pelo conteúdo.
Assim, temos que Isaías contém 66 capítulos, o mesmo número de livros contidos na Bíblia toda. Também a primeira parte de Isaías tem 39 capítulos, o mesmo número de livros que contém o Antigo Testamento. A segunda parte de Isaías tem 27 capítulos, exatamente o mesmo número de livros do novo testamento.
Além disso, o livro de Isaías é um dos que apresentam uma diversidade de temas mais abrangente de todos os outros livros bíblicos, como se realmente quisesse trazer um resumo de todo o propósito de Deus, em todos os sentidos. E, por causa desta característica, fica mais difícil dividir o texto de Isaías em partes, pois os temas vão e voltam em todo o livro, como ocorre na Bíblia.
Portanto, na primeira parte do livro (caps. 1-39), temos a exigência de Deus para que se obedeçam à sua lei, as consequências advindas caso isso não seja observado, o julgamento de Israel e das nações por causa da injustiça, da desobediência, da maldade. Aliás, outra característica de Isaías é falar muito aos gentios, o que não é muito comum nos outros livros do Antigo Testamento, do cânon Hebraico. Mas, como a Bíblia é para todos os povos, para judeus e gentios, Isaías é um dos livros onde essa característica mais aparece, deixando claro que Deus é Deus de todos, não apenas dos judeus. Nesta primeira parte do livro, as exigências de Deus são claras e fortes. Tanto que logo no verso 2, do cap. 1, diz “Criei filhos, e engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra mim.”, e prossegue orientando que se se voltarem para Deus, se praticarem justiça e bondade, terão as bênçãos e o favor de Deus. Caso contrário, a condenação e o juízo. É o livro que mais faz mênção ao fato de os pecados nos afastarem de Deus, de nossas atitudes trazerem consequências ruins. De que devemos nos arrepender e mudar de atitude para sermos abençoados por Deus.
O juízo contra o povo, o “clero”, os legisladores e governantes, todas as categorias são avisadas em Isaías, demonstrando a universalidade do tratamento de Deus para com seu povo, muito bem resumido aqui em Isaías. Também a promessa de salvação, do Messias, do agir de Deus é universal e está bem resumida e clara aqui em Isaías, representando todo o propósito e agir de Deus, presente em toda a Bíblia.
Mas, ao mudar o foco na segunda parte do livro (caps. 40-66), já começa desta forma: “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus”. E, a partir daqui, embora o juízo também faça parte do texto (como no Novo Testamento), fica claro que Deus, em pessoa, virá para salvar seu povo, visto que os homens não conseguiram granjear a própria salvação. A necessidade da intervenção de Deus fica clara nesta segunda parte, porque o homem falhou em cumprir todo o propósito de Deus e necessita de sua intervenção e de que Ele mesmo venha em sua salvação. Esta é a tônica da segunda parte do livro de Isaías. Logo no Cap. 40 fala de renovação de forças (como Jesus em Mt. 11: 28, por exemplo), que a própria presença de Jesus traria à humanidade, presente na Bíblia, no seu Novo Testamento. Aqui fala da restauração do próprio povo de Israel que, após ser levado cativo, receberia a libertação.
Podemos mesmo perceber uma surpreendente semelhança de alguns capítulos de Isaías com seus respectivos livros na ordem bíblica. O último capítulo (66) de Isaías, por exemplo, deixa claro o julgamento final e a salvação dos justos. Também a criação de novos céus e nova terra, principal assunto do Apocalipse, último livro da Bíblia. Alguns trechos são quase literalmente citados, como “Porque conheço as suas obras e os seus pensamentos” (Is 66: 18), muito semelhante ao texto presente nas cartas às igrejas do apocalipse.
Realmente, ler o livro de Isaías com muita atenção nos dá uma boa ideia do conteúdo da Bíblia como um todo. A abrangência dos assuntos em Isaías deixa claro que o julgamento é para todos. Os maus receberção a justa punição e os justos a recompensa. Também fala da necessidade de os homens cumprirem com sua obrigação, obedecendo à lei de Deus em tudo, com esforço e atenção. Mas também deixa claro que, ao falhar nesta missão, se houve sinceridade em buscar este objetivo, então o próprio Deus trará a Salvação (envia seu filho, Jesus Cristo). Isaías fala da criação, do renovo e do juízo final. Ou seja, abrange todo o propósito de Deus, em seus 66 capítulos, como a Bíblia, em seus 66 livros.





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quarta-feira, 31 de julho de 2019

Provérbios – Rios de sabedoria para nossa vida


O livro de provérbios é singular. Integra o grupo de livros denominado sapienciais. Alguns os chamam de poéticos. Neste mesmo grupo ainda temos o Salmos, Eclesiastes, Cantares. Mas, mesmo assim, provérbios é um caso à parte. Sua estilo literário e seu conteúdo o tornam único no Velho Testamento. Mesmo o livro de Tiago, que poderia ser considerado seu equivalente no Novo Testamento, tem uma maneira de escrever mais próxima da maioria dos escritos bíblicos. Mas provérbios não.
A maior parte deste livro foi escrito por Salomão, filho de Davi. Os 2 últimos capítulos de provérbios não são de Salomão. O cap. 30 foi escrito por Agur e o 31 por Lemuel, que é o capítulo que fala da mulher virtuosa. Fora estes 2 capítulos, o restante de Provérbios pode-se dividir em 2 partes. Os primeiros 9 capítulos, que têm um estilo de redação bem diferente do restante, fala basicamente da sabedoria, de buscarmos e sermos sábios e de como isto é importante e precioso. Mostra atitudes como adultério e colocar-se por fiador que ferem a sabedoria e são exemplos da falta dela. Além de mostrar que confiar no Senhor é nossa segurança e o “temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pv. 1: 7). Nos 2 últimos capítulos deste trecho, ou seja, os capítulos 8 e 9, mostram a sabedoria personificada, como se ela fosse uma pessoa com atitudes. Neste trecho a sabedoria clama, grita, constrói uma casa e convida a todos para fazerem-lhe companhia.
A parte do meio do livro de provérbios, do cap. 10 ao 29, escrito por Salomão, é uma coletânea de pequenos ditos, pequenos ditados populares, mas com um conteúdo de sabedoria elevada e de acordo com a teologia do restante da Bíblia. Diferente de ditados populares atuais como “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”, os ditos de provérbios são mais profundos, trazem um conhecimento que exige reflexão mais aguçada para o seu correto entendimento, como “o que ajunta no verão é filho ajuizado, mas o que dorme na sega é filho que envergonha” (pv. 10: 5). Nesta parte principal de provérbios você não vai encontrar um texto contínuo, uma história ou parábolas. Mas frases isoladas que são pequenas gotas de sabedoria para reflexão. Em muitos casos, um versículo isolado com a ideia toda contida nele, em outros a junção de alguns versículos (2, 3, 4 ou até mais versículos em alguns casos) que, juntos, transmitem um ensinamento, uma ideia, uma orientação da parte de Deus para nós.
Ler provérbios pode ser uma experiência bastante rica. Você pode fazer uma leitura contínua, seguindo os capítulos e buscando conhecer os provérbios que ali estão. Neste caso, a primeira parte, sobre a sabedoria, dos caps. 1 a 9, teriam um melhor proveito se lidos numa sequência só, de uma vez. Já o restante, embora possa ser lido desta forma também, ainda ganha uma outra maneira muito proveitosa: seria pegar, cada vez, um destes provérbios, lê-lo e tentar entender mais a fundo. Sim, porque num provérbio, cada palavra do versículo assume um significado especial e é necessário um pouco mais de atenção e reflexão para entendê-lo completamente. Conhecer o escopo completo da Bíblia ajuda muito nesta parte e neste tipo de leitura.
Você ainda pode ler provérbios por assuntos. Sim, porque há provérbios ali sobre diversos assuntos da vida, espalhados nos vários capítulos. Por exemplo, sobre educação dos filhos, sobre trabalho, sobre adquirir e gerenciar riquezas, sobre ouvir conselhos e tomar decisões corretas, sobre caráter e atitudes como caráter ou justiça e, principalmente, em todo o livro, sobre a importância de se buscar a sabedoria que, segundo provérbios, vem de Deus, mas “não cai do céu”. É preciso buscá-la como se busca o ouro ou a prata, como algo precioso e pelo qual vou pagar um alto preço. Mas que a coisa mais importante que podemos almejar. Lendo assim, você pode ter um assunto do seu interesse em mente (relacionamento familiar, por exemplo) e ir lendo provérbios, buscando selecionar e dar uma atenção aos versículos que falam do assunto que você busca.
Mas, independente do tipo de leitura que você faça, com certeza é um livro em que Deus quis nos presentear com os tesouros da sua sabedoria para proveito em nossa vida cotidiana.



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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Gênesis e o dilúvio - o tempo de vida do homem




Gn 10: 25. aqui vemos, na descrição das genealogias, o nome de um descendente de Noé, de nome Pelegue, que significa “divisão”, pois cita “Peleque, porquanto em seus dias se repartiu a terra”, referindo-se a uma divisão física, como quando se rasga um papel em pedações, não uma divisão de herdeiros, como quando se reparte os direitos sobre uma porção de terra. Gn 10: 5 cita a palavra “repartida”, que é pelegue. Mas Pelegue foi uma repartição física, a única aparição desta palavra em hebraico neste sentido. Nos dias do nascimento desta criança, ocorria a divisão dos continentes da Terra, visível aos habitantes de então. Sem, filho de Noé, gerou Arfaxade, o qual gerou a Salá, de quem nasceu Éber, pai do Pelegue. Peleque era tataraneto de Sem, o mesmo da época do dilúvio. Ou seja, 4 gerações depois. De acordo com Gn 11: 10-19, temos que Arfaxade foi gerado 2 anos depois do dilúvio, e que Pelegue nasceu 99 anos depois disto, tempo suficiente para aquela água que penetrou na terra causasse rompimentos nas partes mais finas da crosta, gerando a divisão entre os continentes. Sobre isso também falaremos adiante.
Mas mais intrigante ainda na contagem de gerações presente em Gn 11 é a diminuição gradual do tempo de vida dos viventes. Deus havia limitado o tempo de vida dos homens em 120 anos antes de enviar o dilúvio. Antes disso, os homens viviam entre 800 e 900 anos.
Logo após o dilúvio, essa média teve uma drástica queda e os homens passaram a viver em média 400 anos. Se notarmos as gerações depois de Sem, e antes de Pelegue, em Gn 11: 11-19, veremos homens tendo filhos na média aos 30-35 anos e vivendo em torno de 400 anos. Ou seja, a média de vida caiu pela metade do que ocorria antes do dilúvio.
E se olharmos novamente para os próximos nesta genealogia, a partir de Pelegue, seu filho Reú, Serugue, Naor, Tera e, finalmente, Abrão, veremos que estes passam a viver uma média de 200 anos e alguns até menos, em torno de 150 anos. Mas o interessante é que no momento de Pelegue, aquele que quando nasceu ocorreu a divisão da terra, houve de novo uma queda brusca na média de idade, dos 400 anos daquele grupo pós dilúvio e antes de Pelegue, para cerca de 200 anos após Pelegue. A queda, neste caso, foi brusca na contagem dos anos. Depois disso, há uma diminuição gradual até chegar à média de 120 anos, estabelecida por Deus.
Aqui devemos nos perguntar, o que teria causado esta queda do tempo de vida das pessoas, em 2 etapas? Uma queda brusca após o dilúvio de 800 para 400 anos de vida em média e outra queda brusca de 400 para 200 anos em média após Pelegue. Claro que, se Deus estabeleceu, assim o seria. Mas que meios teria usado Deus para trazer isso a efeito? Por que houve 2 momentos de queda brusca da média de idade dos viventes, bem nestes 2 momentos (pós dilúvio e pós divisão da terra)?

Aqui quero afirmar algo bastante difícil. O tempo, conforme contado no período antediluviano, representavam realmente anos, no sentido de que um ano refere-se a uma volta completa do planeta em torno do Sol ou, como sabiam naquela época, um retorno do nascer do sol na posição original no horizonte, após 1 ano de alterações desta posição. O que eu quero deixar claro é que a contagem é feita pelo conceito de ano que tempos. Os povos observavam o movimento do sol no horizonte a cada nascente e concluíam quando o ano iniciava. Mas 1 ano, naquela época, não duraria, necessariamente os 365 dias que dura hoje em dia. Aliás, cada planeta tem a duração de 1 ano (1 volta completa em torno do sol) diferente do outro. O ano em Marte tem 687 dias marcianos. Já em Mercúrio, apenas 88 dias. Em compensação, em Netuno, 1 ano de lá (1 volta completa de Netuno ao redor do Sol) equivale a 164 dos anos terrestres. O que eu quero dizer é que no período antediluviano, a contagem de 1 ano terrestre durava menos dias. Também tratarei das justificativas para este argumento a seguir. Não sei precisar exatamente quantos dias duravam 1 ano, mas digamos que 1 ano naquela época durava 200 dias! Então cada 2 anos, passavam-se 400 dias. Isso seria pouco mais do que 1 ano na contagem atual. E, de acordo com essa hipótese, os povos da época contavam um determinado tempo que para eles representavam 2 anos, com uma duração que para nós equivale a pouco mais de 1 ano. Isso justificaria dizer que alguém viveu 800 anos, neste tipo de contagem, que seria equivalente a uns 400 anos na nossa contagem atual. Essa diferença bem poderia justificar a mudança de tempo percebida na contagem dos anos nas genealogias ante e pós diluviana.
E o que poderia justificar essa mudança? Talvez a inclinação do eixo da terra causada pelo dilúvio e a própria precipitação de toda aquela massa de água sobre a superfície, causando alteração da massa da terra e de seu centro gravitacional. Ainda devemos considerar o aumento da massa dos próprios oceanos, visto que parte das águas do dilúvio causaram um aumento das águas dos oceanos. Esses fatores poderiam ainda ter alterado a relação gravitacional entre a Terra e a Lua, o que poderia também ser um fator extra para alterar a translação da terra. Esses fatores poderiam ter alterado o tempo de translação da Terra ao redor do Sol.
Neste sentido, os anos vividos pelas pessoas naquela época eram realmente 800 ou 900 anos, mas não um ano de 365 dias como temos hoje. Portanto, o tempo real vivido pela pessoa (se tomássemos por base 1 hora, por exemplo), seria parecido com os mais longevos de hoje em dia. Por exemplo, 1000 anos daquela época seriam (no exemplo que eu usei), 200.000 dias e não 365.000 dias. E viver 400 anos (como as genealogias de Gn 11, no período pós dilúvio) numa contagem de 365 dias por ano seria o equivalente a viver 146 mil dias na terra. Ou seja, a duração de 1 ano mudou, referente aos dias vividos num ano. Daí, a queda brusca da contagem do tempo de vida das pessoas. Biologicamente, estavam vivendo o mesmo tempo. O relógio biológico tinha a mesma duração. Mas o tempo cosmológico mudou porque a terra mudou seu tempo de translação.

Além disso, há outra mudança brusca no tempo de vida (ou na contagem da percepção deste tempo de vida) nos dias Pelegue, quando os homens passam a vivem menos tempo, diminuindo a média de 400 para 200 anos! E agora, o que teria mudado? Agora, era o tempo do movimento de rotação. Minha teoria é que a terra era um pouco menor no seu diâmetro nesta época, menos “pesada” também por causa da água que ficava dispersa na atmosfera (que alimentou o dilúvio). Alguns cientistas antigos já chegaram a medir o diâmetro da terra menos do que o atual.
Antes da terra dividir-se em continentes, havia uma única massa de terra (o Pangea). Concentrando o peso num lugar só. Mas, com a infiltração da água no subsolo, isso causou um “inchaço” do interior da terra, provocando um rompimento de dentro pra fora, nos pontos onde a crosta era mais fina (como a ligação entre a costa brasileira e africana), separando os continentes e ocorrendo, na mesma época, um aumento do tamanho do diâmetro da terra. A distribuição de peso mais espalhada sobre a terra (e não concentrada como no período do Pangea) e um aumento do diâmetro teria deixado o movimento de rotação mais lento. E agora, a percepção da duração de 1 dia era mais longa. O dia que antes durava menos (digamos 18 horas), agora dura 24 horas! E, novamente, embora na contagem cronológica de tempo demore mais horas para o dia mudar, o relógio biológico do ser humano mantinha a mesma contagem. O fato é que agora, com o dia mais longo, o mesmo tempo vivido pelo homem que antes fazia passar 10 dias por exemplo, agora passavam-se, digamos, 7 dias. A contagem do tempo mudou, mas o relógio biológico humano permanecia o mesmo. O mesmo tempo vivido pelo homem antes contava-se como 10 dias e agora como 7, por exemplo. É bom esclarecer que os valores numéricos aqui apresentados são suposições, não tenho a exatidão destes números, mas podemos inferir algo bem próximo do ocorrido quando vemos a diferença do tempo de vida das pessoas nas genealogias de Gn 11, quando se muda drasticamente de 400 para 200 anos o tempo de vida de cada um.

Além disso, devemos considerar um terceiro elemento na alteração do tempo médio de vida dos homens durante estas mudanças. O sol é um dos causadores do envelhecimento das células do corpo humano. Se antes o sol não tinha uma incidência tão forte e permitia aos homens viverem mais tempo por causa do menor desgaste gerado nas células, agora, com o sol incidindo mais forte e diretamente sobre a terra, gera um desgaste maior no ser humano, diminuindo seu tempo de vida biologicamente falando. Este fator, por si só, jamais explicaria pessoas que viviam 900 anos passando a viver agora apenas 100 ou 120 anos. Mas este fator poderia explicar porque alguns homens que viviam 200 anos em média (no período em que o dia e o ano já tinham durações parecidas com as dos nossos dias), diminuiram seu tempo máximo de vida para 120 anos.


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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Gênesis - o dilúvio transformando a Terra



Agora, vejamos alguns outros pontos, de várias partes do Gênesis, que nos trazem luz sobre várias questões de alterações presentes na terra. Destas observações e narrações presentes no Gênesis, vamos tirar uma série de lições geológicas, de uma sequência de acontecimentos ocorridos nesta fase inicial. O ponto central da transformação é o dilúvio. E, em torno dele, uma série de acontecimentos que iremos discutir. Primeiramente, apresentando como pontos isolados. Depois, numa lógica de acontecimentos interligados e consequentes, uns com os outros.

Sobre o tempo de vida do homem, de sua existência, que se falavam em centenas de anos, vemos logo no início, na advertência de Deus sobre o não comer da árvore da ciência do bem e do mal, que no dia em que eles comecem, morreriam (Gn 2: 16-17). Também podemos ver em II Pedro 3: 8 a revelação de que para Deus 1 dia é como mil anos e mil anos como um dia. Neste aspecto, podemos entender que o homem morreu no mesmo dia, visto que nenhum deles viveu mais do que mil anos, 1 dia para o Senhor.
Mas sobre o tempo de vida dos humanos nesta época, ainda veremos mais.

No cap. 5 de gênesis, antes da narração do dilúvio, presente no capítulo 6, podemos ver pelas narrativas das gerações, que de Adão até o dilúvio passaram-se 1656 anos. O pai de Noé, Lameque, morreu 5 anos antes do dilúvio. Mas seu avô, Matusalém, o homem que mais viveu na face da terra, morreu no mesmo ano do dilúvio. Mas não chegou a 1000 anos, que seria 1 dia! Noé tinha 500 anos ao gerar seus filhos, Sem, Cam e Jafé. A Bíblia diz que foram gerados quando Noé tinha 500 anos, o que podemos inferir que eram trigêmeos. Nasceram quando Noé tinha 500 anos. O dilúvio chegou quando Noé tinha 600 anos.
É importante notar também que, neste período antediluviano os homens viviam uma média de 800 a 900 anos.

Deus estabelece, então, que a vida do homem deverá ter um limite: 120 anos! (Gn 6: 3).

Em Gn 7: 11-12 o dilúvio começa, com as águas que jorraram das fontes do grande abismo e as janelas dos céus se abriram e choveu quarente dias e quarente noites. Aqui podemos ver aquelas águas, que foram separadas e ficaram no firmamento, ou seja, suspensas na atmosfera, agora estão sendo precipitadas sobre a terra. Aquela camada, citada em Gn 1: 6-8, talvez de alguns kilômetros de espessura, agora vinha sobre a terra. Essa camada, antes suspensa, causava um bloqueio da força da luz do sol e, com isso, várias consequências climáticas que faziam com que a terra fosse diferente naquela época. O ciclo das águas, com chuvas constantes, ainda não existia. Passaria a existir a partir daqui.

Gn 8: 1-2 diz que Deus fez passar um vento, ao mesmo tempo em que a chuva cessava. Sabemos que os ventos são causados pelo deslocamento de massas de ar, depois do ar quente subir. Antes do dilúvio, com a terra coberta por águas (a camada de vapor ao redor de toda a terra, a qual se precipitou durante o dilúvio), não deveria ter havido ventos, porque provavelmente não havia aquecimento de massar de ar que pudessem deslocar-se e causar ventos. A primeira citação de ventos vem após as chuvas do dilúvio. Agora, sem a massa de vapor de água a rodear a terra, o sol esquentava a superfície e gerava o deslocamento de ar para cima (que antes era mais difícil justamente por estar ocupado pelo vapor de água que rodeava a terra) e, consequentemente, para os lados, a fim de ocupar o espaço deixado vago pela massa de ar quente que subiu, gerando os ventos.

Gn 8: 3, 5 diz-nos que as águas foram minguando sobre a terra. Isso nos leva a entender que elas penetraram no subsolo, talvez ocupando espaços vazios neste subsolo, gerando as atuais reservas de água subterrânea existentes. Lembrando que não havia tido chuvas até então, estes espaços vazios no subsolo ainda não tinham sido preenchidos. Não seria, realmente possível que essas águas voltassem a evaporar, causando novas chuvas. Primeiro porque isso geraria um ciclo infindável de dilúvios, se toda essa quantidade evaporasse ao invés de infiltrar na terra. Mas não seria possível, porque a massa de água seria tão grande que não seria evaporada. A lâmina d´água impediria a evaporação delas em grande quantidade e, o mais provável é que o planeta ficasse com uma quantidade enorme de água na superfície e houvesse muito pouca terra visível. O termo bíblico quando diz que as águas foram “indo e minguando” nos dá a entender uma penetração para o subsolo, ocupando espaços vagos, mas também inchando a terra de dentro pra fora, pela saturação dessa monumental quantidade de água infiltrada. Esse processo de penetração no solo durou alguns meses, até mostrar a terra seca. Essas águas ocuparam espaços vagos no subsolo, mas também forçaram, de dentro para fora, os espaços e a terra, causando inchaço e rompimentos. Nesta época, era um grande e único continente. Esse rompimento, de dentro para fora, trará outras consequências.

Gn 8: 22 também é a primeira citação da alternância de temperatura sobre a terra, ou seja, da existência de estações do ano. Até este momento, a terra provavelmente teria seu eixo de rotação perpendicular, mas a infiltração de toda essa água, somada ao peso dela durante o tempo do dilúvio em que esteve na superfície teria causado a inclinação do eixo da terra. Vale lembrar que recentemente um tsunami nas Filipinas também causaram uma mudança no eixo da terra de fração de milímetros. Um tsunami, em apens algumas ilhas, com duração de algumas horas. Imagine uma massa de água, sobre o supercontinente Pangea, durante quase um ano desequilibrando e causando alteração do equilíbrio, depois preenchendo espaços vazios dentro da terra e inchaço. Essa massa de água teria inclinado o eixo da terra. Pela primeira vez, em Gn 8: 22, cita-se a existência das estações do ano e os ciclos terrestres. Logo após estes eventos. Como também é sabido que a possibilidade de estações do ano está ligada à inclinação do eixo da terra em relação ao seu plano orbital, podemos entender que esse processo iniciou aqui neste momento justamente porque seu plano se inclinou neste momento. Ainda vale lembrar que o dilúvio ocorreu no momento que a terra era apenas 1 massa de terra (o supercontinente Pangea). E, com as limitações das cordilheiras nos extremos deste supercontinente (veja abaixo), a concentração de águas nele poderia ter sido como num “copinho”, que segurava as águas dentro da terra consideravelmente.

Gn 9: 11-15 é quando Deus mostra o arcoíris como sinal de sua aliança com o homem, cita que não haveria mais dilúvio que destruísse a terra da mesma forma. Há 2 considerações físico geológicas a se fazer aqui. Primeiro o fato de que o arcoíris não poderia ter aparecido antes, quando a massa de água estava sobre a terra, causando uma diminuição da força da luz do sol de forma homonênea e constante. O arcoíris só pode aparecer quando a luz brilhante do sol constrasta com a água na atmosfera, iluminando os cristais de água. Em tempo nublado, não há arcoíris. O arcoíris só surgiu depois que veio o dilúvio, liberando esta camada de vapor de água que mantinha o planeta num estado de nublado constante. Só agora, com a incidência da luz do sol diretamente, é que poderia aparecer o arcoíris.
E também é importante citar nesta parte que Deus promete aquilo que a sua própria lei física estabelece. Não haveria como toda aquela massa de água voltar ao céu para provocar uma nova chuva nas mesmas dimensões. Primeiro porque parte dela penetrou o solo, fazendo parte do ciclo da água na terra. Segundo porque agora, com a incidência da luz do sol mais diretamente, o processo de evaporação que gera nuvens que precipitem se dá de forma bem mais rápida. O sol, sendo mais forte agora, evapora a água mais rapidamente e permite um acúmulo de um volume de água mais rapidamente nas nuvens, causando chuvas em intervalos menores. Na primeira vez, demorou 16 séculos para estas águas precipitarem, porque não havia evaporação volumosa que saturasse as nuves e causasse precipitação. Por isso, ao longo destes séculos, essa lenta evaporação causou uma lenta saturação das águas dos céus que, quando precipitaram, foi tudo de uma vez. Então agora, depois do dilúvio, não mais seria possível ocorrer um novo dilúvio, pois não daria tempo de juntar muita água no céu que fosse volumosa o bastante para gerar novo dilúvio. Com o sol mais forte, a evaporação causaria a saturação das nuvens mais rapidamente, já gerando chuvas grandes, mas não tão grandes como a do dilúvio, e não universalmente, que apenas aquela massa de água no céu possibilitou acontecer. E isso condiz com a promessa de Deus.



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