segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Jesus era Comunista/Socialista ?

 


Até hoje tem gente que insiste em dizer que os ensinos de Jesus são socialistas, por causa de sua ênfase no repartir, como se essa fosse a base do socialismo. Ou mesmo do comunismo que, embora não sejam a mesma coisa, neste aspecto são muito parecidos, para colocar Jesus como um representante de um destes sistemas.

Muitos dizem que o fato de Jesus estimular o repartir bens e riquezas com os pobres e necessitados o torna o precursor de algum sistema que prega esta atitude de divisão de bens.

Mas a coisa não é tão simples assim.

Jesus ensinou sim, seus seguidores a não acumularem além do necessário em suas próprias vidas e ignorarem outras pessoas necessitadas. Este ensino está em toda sua mensagem. Mas há uma diferença crucial naquilo que Jesus ensinou e naquilo que estes sistemas pregam.

Sendo Jesus o filho de Deus que veio destruir o império do pecado sobre a vida do homem, quando Ele falou para seus discípulos sobre a necessidade de repartir o que têm, estava basicamente combatendo o pecado do egoísmo, da indiferença, da falta de amor em ver alguém precisando de algo e não fazer nada, Jesus estava combatendo a origem do mal, dentro de cada um.

O objetivo de Jesus não era uma reforma política ou econômica. Se assim fosse, Ele teria a persuasão e o poder suficientes para convencer seus seguidores a doar tudo. Ele poderia fazer isso, mas não o fez.

Aliás, há 2 situações que podem nos mostrar que nos ensinos de Jesus e nesta exigência, não há nada de socialismo ou comunismo. Numa delas, quando o jovem rico o procurou, Jesus lhe disse que deveria dar tudo o que tem aos pobres, para depois segui-lo (Mateus 19: 16-26). Quando o jovem recusou-se a fazer isso, pois era apegado aos seus bens, Jesus não argumentou, não exigiu, não foi atrás dele para fazê-lo doar sua grande fortuna, que poderia ajudar tantos pobres. Não. E por que Jesus não fez isso? É simples: porque a orientação dele precisa ser seguida de bom grado, de boa vontade, precisa partir de dentro do coração e da iniciativa de quem doa o que tem para os pobres.

E esta é a questão.

A transformação que Jesus propõe, em todos os sentidos, é de dentro pra fora. O homem precisa mudar seu interior. Precisa converter sua forma de pensar no mais profundo do seu ser e ter o desejo de fazer aquilo que Jesus propõe de boa vontade e por iniciativa própria. A palavra de Jesus é um ensinamento a ser seguido por opção, e isso é que o torna válido na fé de quem o segue.

Jesus não obrigou ninguém a dividir o que tem. Não exigiu deste jovem que o fizesse. A orientação de Jesus, se for seguida por coação, como ocorre nos sistemas políticos citados acima, não gera o valor que Jesus pregava: o amor.

Mas muitos não percebem, nesta proposta de Jesus ao jovem rico, que lhe ofereceu um tesouro muito maior no céu. Este jovem, que deveria ter uma sensibilidade para negócios, parece não ter percebido a proposta de Jesus. A ignorou completamente. Não viu que Jesus não lhe propôs ficar sem nada, mas trocar a categoria de riqueza que lhe cabia. Mas ele não quis.

Então, este ensino de Jesus nada tem a ver com o socialismo ou comunismo. Nestes sistemas, os bens da pessoa lhe são exigidos, tirados, confiscados, seja de forma direta (apreensão mesmo ou revogação do direito de propriedade) ou de forma indireta (por meio de impostos abusivos para certos grupos, por exemplo).

O que Jesus ensinou é uma transformação do ser. Da vontade. Da fé no mais profundo do íntimo de cada um.

Sistemas econômicos obrigam as pessoas a fazerem coisas contra sua vontade, na pretensão de estarem fazendo um “bem” para alguém. E, em muitos casos, são tendenciosos, olham apenas um lado da moeda, querem proteger ou beneficiar apenas um grupo. E, como no caráter de Deus, o não fazer acepção de pessoas é uma das características, Ele jamais poderia coadunar com sistemas deste tipo.

Em outra situação, alguém da multidão pediu a Jesus para intervir e convencer o seu irmão a dividir uma herança com ele. Lembrando que a lei, naquela época, garantia a herança dos pais apenas aos primogênitos de cada família. (Lucas 12: 13-14).

Mas a resposta de Jesus é muito interessante: “Mas ele lhe disse: Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?” (verso 14). Jesus deixou algo muito claro: não cabia a Ele coagir ou convencer alguém a repartir sua herança. Mas na sequência, contou uma parábola, dizendo que ninguém deve procurar acumular tudo para sim, pois a vida não se resume à matéria.

Novamente, Jesus deixa claro que o ato de repartir deve partir da própria pessoa, de sua boa vontade. Não por coação ou influência de alguém externo. Porém, deixou também claro que acumular riquezas, não repartir, tem uma consequência séria, pois pode fazer a pessoa perder o tesouro maior, a vida eterna.

Então, em ambos os casos, é uma questão de que o repartir que Jesus ensina é, na verdade, um investimento de grande lucro, para acumular um tesouro de outra grandeza, que não a material, a qual estamos acostumados.

Então, Jesus não tem nada a ver com qualquer sistema que deseje forçar alguém a fazer algo contra sua vontade, por mais bem intencionado que pareça ser. Mesmo que Ele deseje que todos pratiquem a repartição daquilo que vai além do próprio sustento com dignidade. Mas isso precisa ser feito pelo motivo certo. E essa é a grande diferença.


Lucas Durigon


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