segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Cartas Paulinas – o apóstolo dos gentios



O Novo Testamento é divido em Evangelhos, Atos dos Apóstolos, cartas Paulinas, cartas gerais e Apocalipse. Depois do grupo dos 4 evangelhos, que abarcam o maior grupo de textos do Novo Testamento, as cartas paulinas são o maior grupo de textos que ali existe.
O apóstolo Paulo, antes perseguidor da igreja, mas convertido à fé em Jesus Cristo, torna-se o principal pregador e propagador desta fé que antes perseguia. Uma das maneiras que ele encontra para fazer isso, além de viajar pessoalmente pelo mundo de então, pregando a Palavra de Deus, foi escrever cartas aos irmãos e igrejas que ele visitou. Ou não. Para entender um pouco melhor as cartas, seu conteúdo e propósito, vamos ter uma visão geral deste grupo de textos bíblicos.
Paulo escreveu 13 destas cartas. Algumas delas enquanto estava encarcerado. Todas elas depois de ter feito sua primeira viagem missionária, onde passou por várias partes do mundo, estabelecendo igrejas e deixando líderes para continuarem o trabalho. Destas 13, quatro cartas foram direcionadas a indivíduos: Tito e Timóteo (2 cartas) eram líderes na igreja. Filemon era um senhor de escravos.
Das outras cartas escritas, 8 delas foram direcionadas a igrejas que ele estabeleceu, que ele iniciou a organização, sendo que Corinto e Tessalônica receberam 2 cartas cada.
A carta de Romanos foi a única dirigida a um grupo de irmãos que ele ainda não tinha conhecido pessoalmente. E é esta também a mais teológica de todas. Talvez o livro mais teológico a tratar sobre a salvação que temos na Bíblia. Aliás, essa é uma característica interessante e quero dar uma atenção a isto. As outras igrejas por onde Paulo passou, não há explicações aprofundadas sobre a salvação e a pessoa de Jesus Cristo, sua relação com os gentios e judeus etc. Paulo cita estes assuntos nas outras cartas, sem explicar muito. Sim, porque nas outras cartas, eram direcionadas a igrejas por onde Paulo havia passado e, com certeza, havia explicado e pregado sobre isso tudo pessoalmente. Romanos é considerado por muitos como o 5º evangelho, não por contar a vida de Jesus, mas o resultado do seu ministério: a salvação dos pecados através de sua morte e ressurreição. Para este grupo, que vivia na capital do Império romano, Paulo sentiu a necessidade de escrever e explicar pormenorizadamente, como se processa e se obtém a salvação. Ali, precisa deixar claro a questão do pecado, da nossa condenação, do fato de que se confessarmos o nome de Jesus e nossa fé nEle com nossa boca, seremos salvos e tantos outros assuntos básicos da fé em Jesus e da Salvação. Os romanos não haviam ainda aprendido isso com suas pregações pessoais. Paulo quis que ouvissem pelos seus escritos. É a maior de suas cartas, se considerarmos as 2 cartas de Coríntios isoladamente.
Aqui vem outra característica. Coríntios parece ser, das igrejas que ele iniciou, a que recebeu maior atenção em suas cartas. Não apenas pelas 2 que temos conhecimento e acesso na Bíblia, mas porque sabemos que, além destas, Paulo escreveu outras 2 para eles! Nas cartas aos Coríntios, embora haja teologia abundante, é uma teologia voltada para orientação à prática da vida cristã. Paulo responde, teologicamente, às perguntas dos coríntios sobre várias questões que viviam, agora que se tornaram cristãos. E esta parece ser a tônica da maioria das cartas voltadas às igrejas, aos grupos de irmãos. Responder a questionamentos deles ou a situações que o próprio Paulo percebia e julgava ser necessário dar uma atenção. Paulo mantinha, à distância (às vezes, de dentro da prisão), um pastoreio através de suas cartas.
As cartas direcionadas às pessoas, a pastores que cuidavam do rebanho, com orientações sobre como exercer o ministério, são fonte de orientação até hoje para quem é chamado por Deus para esta mesma tarefa. O cuidado pastoral pessoal de Paulo está latente nestas cartas.
É importante lembrar que Paulo leva sua tarefa e seu ministério muito a sério. Ao ler as cartas que ele escreveu, devemos fazê-lo com temor e grande atenção, pois há um volume grande de ensino presente ali.
Lucas Durigon




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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

MEUS OLHOS VIRAM TUA SALVAÇÃO



As palavras de Simeão, no templo do Senhor, quando Jesus nasceu, foram palavras de fé. Assim está descrito no evangelho de Lucas, cap. 1, dos versos 27 ao 32. Ao pegar o recém-nascido Jesus nos braços, Simeão declarou que seus olhos viam a Salvação de Deus. Por isso, ele poderia morrer em paz, pois a ele havia sido revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ver a salvação enviada pelo Senhor, não morreria antes de conhecer o Cristo do Senhor, o Messias, o Ungido.
Mas é uma atitude de total fé. Ele estava pegando nos braços uma criança recém-nascida. Como poderia saber, naquele exato momento, que aquela criança traria salvação ao mundo? A criança sequer havia chegado à adolescência, não sabia nem falar ainda. Saber, pela fé, que aquela era a criança prometida por Deus para salvação de todos era um ato totalmente revestido de fé. Muitos só reconheceram em Jesus a figura do Messias quando ele, já adulto, começou a curar e a pregar, a realizar milagres e demonstrar sabedoria sem par. Nem mesmo sua participação, aos 12 anos, no templo, apesar de trazer grande admiração aos presentes, fez com que algum sacerdote declarasse que ali estava o Messias. Mesmo depois de milagres realizados, muitos ainda duvidavam de sua divindade, de sua missão, de seu papel na história redentora de Israel e da humanidade.
Mas não Simeão.
Este homem, justo e temente a Deus, a quem o Espírito Santo havia revelado quem era aquela criança. Este homem, que inferimos ser um idoso, embora o relato bíblico não informe sua idade. Este homem, que não tinha cargo nem era algum tipo de oficial do templo, “apenas” alguém comum, mas cheio do Espírito Santo. Este homem conseguiu perceber, pela revelação do Espírito Santo, ao pegar uma criança no colo, que a salvação de Deus havia chegado. Mesmo sem ver os milagres, mesmo sem ver as maravilhas realizadas por Jesus. Ele creu antes de tudo isso. Antes de ver, ele simplesmente creu, porque o Espírito Santo de Deus havia lhe falado que assim era!
Quem dera nos voltássemos para esse tipo de fé. Esse tipo que crê apenas porque o Senhor fala. Que não necessita de sinais ou provas para crer. Que apenas sabe que é assim porque Deus disse que seria assim! Simeão pegou uma “simples” criança, um bebê como outro qualquer, com braços, perninhas, olhos e boca. Não havia, em Jesus, naquele momento, nenhum sinal visível de sua divindade. Nenhum raio de sol vindo do céu sobre ele (como no momento do batismo, quando o Espírito veio sobre ele como uma pomba). Mas Simeão creu. E Ana também. Mas aqui quero chamar a atenção para a declaração de Simeão. “Podes despedir teu servo … porque meus olhos viram tua salvação”. Ele não pediu para ver também o menino crescer (talvez Deus o tenha deixado vivo até lá, não sabemos), mas ele não pediu para ver sinais e milagres. Simplesmente creu. A promessa do Espírito, revelada a ele, era de que veria o Cristo antes de morrer. E assim aconteceu. Talvez ele não tenha testemunhado o batismo, as pregações, os milagres, a morte e ressurreição do Messias. Também não estava presente na manjedoura, quando os anjos apareceram no céu cantando. Mas essa fé de Simeão, esta que ouve a voz de Deus e crê, é uma fé que não precisa de nenhum sinal aparente, nada que se veja ou toque ou ouça. Não precisa de nenhum estímulo aos sentidos. É a fé que é a prova daquilo que não se vê. Esse tipo de fé precisa ser revivido em nosso meio, entre os filhos de Deus. Precisa ser buscada com afinco. Os filhos de Deus, hoje em dia, estão muito carentes de sinais, de estímulo aos sentidos.
É preciso ter fé.
Simplesmente.




segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

I João – o amor é tudo: o contrário disto é o pecado!


“Deus é amor” pode ser considerada a frase central deste livro. Desta forma simples e direta, só aparece aqui. A revelação da essência de Deus foi dada a João neste versículo para nos mostrar quem é Deus. Também é nesta carta, que João deixa claro que nossa capacidade de amar a Deus e ao próximo reside no fato de que Deus nos amou primeiro, ou seja, Ele tomou a iniciativa de quebrar o ciclo gerado pelo pecado, a fim de permitir voltar a se relacionar conosco, pela iniciativa de nos amar, quando nós ainda éramos pecadores, e não merecíamos, nem desejávamos, nem pedimos por esse amor. Mesmo assim, Ele nos amou primeiro e, por isso, somente por isso, é que temos a mínima possibilidade de retribuir esse amor. E assim devemos fazer, amando a Deus e ao próximo, não apenas um amor de palavras, ou de sentimentos, mas de atitudes e de verdade, de fato! Isso também fica claro em I João.
Nesta carta de João, sua primeira carta (escreveu mais 2, além do evangelho de João e do apocalipse), até o momento que declara a revelação que “Deus é amor”, João mostra, num texto que contrapõe o amor e o pecado que o motivo de podermos acreditar no amor de Deus é justamente o fato de, sendo nós pecadores, Ele não nos rejeitou totalmente, mas nos amou ao ponto de providenciar a cura para o nosso pecado.
Embora o tema seja o amor, ao deixar claro para nós, nesta carta que Deus nos ama ao ponto de nos providenciar a cura para o pecado, enviando seu filho para morrer por nós, João fala bastante sobre o pecado também. Quer nos fazer entender a gravidade desta atitude e como o pecado se contrapõe ao amor e como foi caro para Deus entregar seu filho para libertar os pecadores que, apesar de tão grande ofensa, ainda são alvo do amor de Deus.
Quando João deixa claro que “Deus é amor”, após falar muito sobre a gravidade do pecado, que nos torna indignos do amor de Deus, João deixa claro que o único motivo pelo qual Deus foi capaz de tão grande sacrifício por nós, ao ponto de entregar seu filho para sofrer a justiça do pecado, é porque o amor está na sua essência e não pode negá-la, nem deixar de agir com amor. Se Deus apenas “tivesse” amor pos nós, esse amor seria perdido pela insistência do ser humano em ofendê-lo com o pecado. Mas, como o amor faz parte do próprio Deus e o define, em sua natureza, então Ele só pode agir com este amor.
Mesmo que nossos pecados sejam muitos, quando há arrependimento do pecado por parte do pecador, João deixa claro que o próprio Jesus é nosso advogado, que nos defende da acusação (do diabo) e da condenação (do juiz supremo, Deus Pai). Então João também faz questão de deixar claro nesta carta 2 coisas:
A primeira é que o pecado é algo muito grave, que seria motivo para Deus nos abandonar definitivamente, não fosse esse amor que o define. E João deixa isso muito claro ao repetir, insistentemente, sobre a presença do pecado na vida dos homens.
A segunda é mostrar que, mesmo diante de algo tão grave quanto o pecado, Deus ainda mantém seu amor por nós, o qual supera o pecado e nos permite reconciliar com Deus, se respondermos ao seu chamado para o arrependimento.
Mas João deixa claro que devemos viver esse amor, em nossas vidas, amando a Deus e ao próximo, não apenas de palavras, mas por atitudes e em verdade, assim como Deus nos amou, mesmo sendo pecadores. Se Deus nos amou tanto, devemos repassar esse amor a todos. Se o pecado é a origem de todo o mal, de todas as mazelas do ser humano, o amor é a cura. Mas só desfrutaremos dessa cura se praticarmos esse amor, que recebemos de Deus primeiro para que o possamos repassar aos outros.





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