terça-feira, 28 de setembro de 2021

Desigrejado X Desviado

Há uma diferença entre desigrejado e desviado.

O desviado pode ser resgatado.
Sua fé está machucada ...
O desigrejado, conquanto fora da instituição,
não o está da comunhão...



Há algum tempo atrás, quando alguém saía da igreja, quando não mais participava dos cultos e das reuniões com os irmãos da igreja, geralmente era alguém que voltava “para o mundo” e abandonava sua fé em Jesus Cristo. Não mais frequentava os cultos da igreja e voltava para as práticas mundanas: talvez voltasse a beber e a fumar, talvez voltasse a frequentar as baladas, a estar na roda dos escarnecedores. Naquela época também, na igreja, faziam-se vigílias de oração (não estas que hoje em dia são shows de apresentação de pastores e artistas gospel), naquela época, a igreja saía para evangelizar os perdidos nas praças e ruas, naquela época corais e equipes de louvor cantavam glórias a Deus, melodiavam a importância do discipulado e da entrega total. Era um tempo que quando se desviava, saía-se de um grupo que buscava a Deus.

Mas então as coisas mudaram. Não de repente. Mas como o sapo, que ficou na panela de água fria enquanto a água esquentava até morrer cozido, assim a igreja foi buscando outra glória. Primeiro os grupos de louvor se profissionalizaram e não mais se preocupavam em dar glórias a Deus, mas em produzir música de qualidade e, como a produção é necessária para se manter a venda, que haja mais produção, e menos oração. E, por falar nisso, os cultos de oração passaram a ser um peso. Hoje, num culto de oração de 1:30, muitos só oram nos últimos 20 minutos. O Restante do tempo é igual a qualquer outro culto: pregação e louvor. O povo não está acostumado a ficar 30, 40 ou 60 minutos orando e se humilhando na presença do Senhor. Aliás, se humilhar não mais: afinal, Deus nos colocou por cabeça e não por cauda, né? Agora busca-se a honra (não a de Deus, a dos crentes). E a igreja buscou a honra, a posição, o poder, a influência política e social. Não são coisas ruins por si só. Só quando tomam o lugar de Deus, quando se tornam prioridade. E, como a busca pela honra necessita da busca pela prosperidade, para demonstrar o poder de forma material (muitos carrões, templos suntuosos, mansões etc.), e contrariando a máxima da reforma protestante que havia colocado a palavra de Deus no centro do altar, agora a Palavra de Deus foi trocada pela palavra de autoajuda, daqueles que ensinam como obter sucesso.

Bem, a igreja mudou. A apostasia, profetizada para o fim dos tempos, chegou!

Jesus foi colocado do lado de fora da igreja, que não tem mais tempo, nem para a Palavra, nem para a oração, nem para o arrependimento ou humilhação perante o Senhor.

Mas tem tempo de sobra para eventos, para danças exuberantes nos cultos, para louvores populares que pregam e defendem o homem como o centro não apenas da criação de Deus, mas do próprio ego, como o centro do universo, como se parecesse que o próprio Deus agora orbita ao redor do senhor homem. Ser o centro-querido-amado-adorado pelo criador passou a ser o objetivo do homem.

Então hoje em dia, temos alguns desviados. Aqueles que perderam a fé e saíram do convívio da igreja. Os motivos para se perder a fé são inúmeros. Mas, junto desses, temos hoje o que se chama de desigrejado. Aqueles que saem da instituição eclesiástica, que não mais se identifica com a igreja do Senhor Jesus, por tê-lo deixado do lado de fora, e estes desigrejados, ao contrário dos desviados, não perderam a fé. Permanecem congregando em suas casas, com suas famílias ou amigos, em pequenos grupos, da forma como acontecia com a igreja primitiva.

Há uma diferença entre desigrejado e desviado.

O desviado pode ser resgatado. Sua fé está machucada. Conheceu ao Senhor Jesus e abandonou esta fé. Talvez não volte nunca mais. O próprio Jesus disse que alguns cuja semente lhes tocasse o coração, não permaneceriam, mas seriam sufocados pelos espinhos. A Palavra nos mostra que quem desprezasse o sacrifício de Jesus não conseguiria voltar à fé que uma vez desprezou.

O desigrejado, conquanto fora da instituição, não o está da comunhão. E, enquanto assim permanecer, não está desviado. Se um dia abandonar a fé, é porque sempre foi desviado, e a desculpa de olhar as falhas da igreja é apenas para desviar a atenção da própria falta de fé.

O desigrejado, na ânsia de realizar a obra de Deus, não lhe sendo permitido dentro da instituição, que muitas vezes só o permite aos integrantes do clã, aos que dançam conforme a música do pastor, se vê na necessidade de se libertar da instituição, justamente para poder realizar a obra de Deus, nos moldes de Jesus, da igreja primitiva.

A igreja, a institucionalizada, se deseja rever em suas fileiras os irmãos que dela saíram, precisa entender que o Senhor da igreja é Jesus e não o pastor, servo chamado para lhe dirigir e não dominar. Precisa entender que a obra é para ser feita por todos, não apenas pelos amigos e parentes dos líderes da igreja. E, se dentro do espaço de suas 4 paredes não há espaço para que todos realizem a obra de Deus, é isso que acontece: para realizar, precisam transbordar para fora destas 4 paredes. Abençoado o pastor que não deseja dominar seu rebanho por força própria, porque ao tentar reter, certamente irá perder.

A igreja, institucionalizada, precisa entender que a organização administrativa, necessária em nosso mundo, não é a essência, nem a prioridade de existência da igreja, mas apenas um meio para cumprir sua verdadeira tarefa de edificar os santos, anunciar Jesus aos perdidos, ser voz profética num mundo que jaz no maligno, glorificar a Deus, o pai e preparar o caminho para a volta do Senhor. Tudo o mais é firula, o que passa disso não é essencial.

A apostasia chegou.

Todos os servos de Deus de Deus, os verdadeiros, estejam onde estiverem, devem permanecer firmes em sua fé na pessoa de Jesus Cristo, até o dia em que serão separados o joio do trigo, estejam eles no campo, na cama, no moinho ou onde quer que estejam.


Lucas Durigon


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