quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

o Nada



 Muito pensam que não há nada que se falar sobre o “nada”. Mas a verdade é que o nada tem muito a dizer e precisamos considerar muito sobre o nada. De um ponto de vista bíblico e do Reino de Deus, o nada é um dos maiores perigos. Mais perigoso e enganoso que a morte, o pecado, mais perigoso que a prostituição ou o adultério, o roubo ou o falso testemunho.
O nada é o mais enganoso dos pecados. Justamente porque traz uma falsa segurança. A ideia de que se eu não fizer nada estou tranquilo é um dos maiores enganos de satanás. A ideia de que viver minha “vidinha” sem incomodar ninguém é o propósito de Deus é um dos maiores engodos que existe.
O diabo convence muitas pessoas dizendo que basta que elas não façam o mal a ninguém que irão para o céu, que se salvarão. Faz as pessoas acreditarem que não fazendo mal nenhum, têm a vida eterna garantida. Mas a verdade que a Bíblia mostra não é essa.
Na verdade, o nada é um perigo. O vazio e a passividade são duas grandes armas do inimigo para enganar e seduzir. Uma das maiores forças do “nada” é fazer as pessoas acreditarem que já que não estão fazendo nada de mal, nada de mais, nada que prejudique alguém, então estão seguras. Não é verdade.
Vamos ver alguns exemplos trazidos pela bíblia direta ou indiretamente que falam disso.
Primeiro, quero perguntar aos ouvintes e leitores, o que uma pessoa precisa fazer na sua vida, desde o momento que nasce até o momento que morre, para acontecer de ir ao inferno? Eu respondo: nada!!! isso mesmo. Todos nascem em pecado. Se simplesmente passarem pela vida do jeito que chegaram, sem nenhuma atitude má, mas nenhuma atitude que as faça sair do pecado, então o caminho natural do homem é a condenação ao inferno. A salvação pela graça exige atitude. Não pode haver passividade nem o vazio. É necessário tomar atitude de arrepender-se, pedir perdão, declarar publicamente a fé em Jesus Cristo e passar a viver conforme esta fé, com atitudes diárias que demonstrem isso. Se a pessoa passar pela vida sem nenhuma destas atitudes, não herdará a vida eterna, não herdará o Reino dos céus, não será salva. O nada, neste caso, leva à perdição.
Vejamos mais sobre isso na Bíblia.
Veja o caso dos tímidos. O que a Bíblia nos diz sobre os tímidos: Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos que se prostituem, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.” (Apocalipse 21: 8)
Ora, a timidez de que a bíblia fala aqui não se trata da características de algumas pessoas, de sua personalidade, em que se mostram acanhadas no trato com outras pessoas. A timidez aqui não são aquelas pessoas que falam baixo, algumas vezes com a face curvada, que não têm facilidade de se enturmar ou de conversar com os outros. Deus não condenaria alguém simplesmente porque tem esta característica de personalidade. Seria estranho pensar num Deus de amor que mandaria alguém somente por causa de sua personalidade para o lago de fogo e enxofre. A timidez de que trata apocalipse (e outros tantos textos bíblicos), refere-se à falta de atitude. Refere-se a uma apatia. Refere-se ao nada. Fala daquelas pessoas que nunca tomaram a atitude necessária para mudarem suas vidas, para seguirem pelo caminho da salvação. Timidez não é de personalidade, mas de falta de atitude. Jesus um dia perguntou assim aos seus discípulos: E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?” (Marcos 4: 40) Fez essa pergunta logo após ter dado a ordem para o mar e a tempestade se acalmarem. Os discípulos, debaixo daquela tempestade, apenas tiveram medo. Não tomaram atitude. Jesus ficou dormindo, para ver o que eles fariam. Como um pai que não faz nada enquanto o filho está numa situação difícil, para ver como ele se sai, assim agiu Jesus, dormindo na popa do barco, plenamente confiante de que aquela tempestade não seria para destruição, mas aguardou para ver como agiriam seus discípulos. Quando viu que o máximo que eles conseguiam expressar era medo, percebido inclusive pelo desespero deles em chamar Jesus para que Ele, somente ele, fizesse alguma coisa, então depois de Jesus tomar uma atitude e mandar o mar e a tempestade se acalmarem, então Jesus quis saber por que eles não tinham tomado nenhuma atitude? Por que eram tão tímidos? Por que não poderiam ter fé para tomar uma atitude?
Aqui vale um esclarecimento sobre fé. É que com esse tipo de versículo, muitos confundem o que é fé. Pensam que fé é o poder de realizar grandes milagres. Jesus mesmo disse que se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, dirieis a este monte “sai daqui e atira-te no mar e isto aconteceria”. Muitos confundem fé com poder da mente, com capacidade de realizar milagres. Mas não é isso o que Jesus disse, nem no episódio da tempestade, nem do monte que se atira ao mar. Voltemos à definição de fé na Bíblia: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.” (Hebreus 11: 1) isso é fé: fundamento daquilo que eu espero. Prova do que não se pode ver. Não é poder para realizar milagres ou fazer exibicionismos. Fé é a certeza e o fundamento para o cumprimento das promessas de Deus, pois é isso que se espera. No final das contas, a vida eterna é a derradeira promessa a ser cumprida. Fé é a prova do que eu não vejo. Então, pela fé, eu posso ver que uma tempestade em um alto mar pode causar a morte dos tripulantes de um pequeno barco. E eu vejo que o poder de Deus está acima desta tempestade. Pela fé, eu também vejo que a tempestade, como criação de Deus, está sujeita ao homem, porque foi isso que Deus deu ao homem no Éden (dominar sobre a criação). Então, se eu consigo ver tudo isso e assumo meu posto de dominador, sabendo ser necessário, naquele momento e naquele contexto, a fim de preservar a vida dos tripulantes daquele barco (porque a hora da morte deles não havia chegado), então eu coloco minha fé em ação, na certeza de que parar a tempestade é algo totalmente necessário para o cumprimento dos propósitos do reino de Deus (manter os tripulantes vivos, chegar ao outro lado, ouvir a mensagem), então daí sim eu ordeno a tempestade, na plena certeza de ver tudo isso que está oculto aos meus olhos físicos e essa minha fé atua para gerar um grande milagre. Mas a fé é a certeza da necessidade de que isso ocorra. Talvez não houvesse necessidade de cessar a tempestade se no lugar do pequeno barco, eles estivessem num grande navio transatlântico. Quando o apóstolo Paulo esteve num navio, em meio a uma tempestade e Deus lhe garantiu que nenhum ali perderia sua vida, a fé de Paulo não o fez orar para cessar a tempestade, mas para crer, com absoluta certeza, de que ninguém ali perderia a vida. E foi o que aconteceu. Em situações iguais, a fé operou de forma diferente, porque os objetivos eram diferentes. Com Paulo, naufragar e ir parar na ilha era parte do propósito de Deus para salvar os habitantes daquela ilha. Neste caso, não havia necessidade de parar a tempestade. Mas de igual fé para crer que sobreviveriam, apesar da tempestade. No episódio de Jesus, o objetivo não era apenas sobreviver, mas fazer os discípulos lembrarem do seu papel, como herdeiros de Deus, de dominadores sobre a criação. Essa lição tinha extrema importância na hora de ordenar os espíritos imundos que saíssem do homem endemoninhado, no local para onde eles estavam se dirigindo. Aprender sobre fé para exercer o domínio quando necessário era uma lição importantíssima naquele momento.
Fé é crer no invisível, no impossível. Mas para os propósitos de Deus. Não os meus.
Mas voltemos a falar da timidez. Voltemos a falar do nada.
Os tímidos são os que não tomam atitudes em prol de suas vidas, em prol do reino de Deus. São os que têm medo de agir. Paralisam e não saem do lugar. Esses estarão no lago de fogo e enxofre, porque para irmos ao céu precisamos tomar a atitude de escolher Jesus Cristo. Não escolher nada e não fazer nada nos levará ao caminho natural do pecado.
Jesus também deixou essa realidade de que fazer nada leva à condenação na sua parábola dos talentos (Mateus 25). Nesta parábola, 3 pessoas receberam diferentes quantidades de talentos cada um, conforme sua capacidade. Todos receberam. Ninguém ficou de fora. Quando o senhor voltou de viagem e foi acertar contas com as pessoas que receberam os talentos, elogiou os que haviam multiplicado os talentos. Detalhe importante nisso. As pessoas duplicaram os talentos recebidos e devolveram tudo para o senhor dos talentos originais. Os multiplicadores não ficaram com nada, devolveram tudo, os talentos originais e os que tinham conseguido multiplicar. Essas pessoas tomaram a atitude de fazer algo com o que tinha recebido. Não se esconderam atrás do medo e da timidez. Arriscaram-se em fazer algo (colocar no banco para render juros). E foram elogiados. O único que não fez nada, que escolheu permanecer neutro, que não tomou atitude nenhuma, foi repreendido pelo senhor e depois foi condenado ao lago de fogo e enxofre! Mas aqui também vale um detalhe importante. Esse último também não fez nada de mal. Não roubou nem perdeu o talento original do seu senhor. Apenas o escondeu e não fez nada de mais. Mesmo assim, foi condenado ao lago de fogo. Ora, mas se ele não roubou o talento e devolveu o mesmo que havia recebido, mesmo que não fosse elogiado, não deveria pelo menos ter um tratamento neutro? Afinal de contas, ele não fez nada de mal. Não roubou o talento do seu senhor. É que Jesus queria nos ensinar, dentre muitas coisas, que a neutralidade e a passividade não são aceitas no Reino de Deus. É a atitude que devemos privilegiar. Devemos ter a atitude de fazer o certo para com aquilo que Deus nos deu. Enterrar o talento, ou seja, não tentar multiplicá-lo, não colocar no banco para render juros. Não fazer nada foi condenado.
Veja como o apóstolo Tiago trata deste assunto: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.” (Tiago 4: 17) Nada mais claro do que isso. Não precisa nem de explicação. Não fazer o bem, tendo condições de fazê-lo, é cometer pecado. Pecado de omissão. Note que Tiago não diz que a pessoa fez algo mal. Neste caso, simplesmente não fez o bem que poderia, que estava ao seu alcance. É o mesmo que Jesus havia dito na parábola dos talentos. A passividade é digna de condenação.
O mundo espera pela manifestação dos filhos de Deus, aguarda pela atitude dos filhos de Deus em lhes levar o evangelho. E muitos estão parados. Muitos não tomam atitude. Os que se arriscam a fazer algo, muitas vezes ficam sozinhos, desamparados por aqueles que no Reino de Deus deveriam dar a mão, apoiar, suprir. O acerto de contas vem para todos.
O nada é um lugar perigoso.
No reino de Deus, não existe neutralidade. Não existe estar em cima do muro. Ou você está ativamente do lado do Reino de Deus ou você está passivamente a caminho do inferno, do lado do Reino das trevas. Não existe “não tomar posição” para não se comprometer. Para deixar isso bem claro, Jesus nem usou parábolas, foi direto ao assunto: “quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.” (Mateus 12: 30)

Eu gosto muito deste vídeo a seguir, que serve como ilustração audiovisual desta realidade (https://www.youtube.com/watch?v=ppcEP9TNL5o), principalmente quando aplicada à realidade da igreja ou do cristão individualmente.