segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

LEVÍTICO – Evitar a Pandemia do pecado


Neste livro, vemos a orientação da Deus de como deveria ser realizado o culto e as cerimônias que levariam o povo mais perto de Deus. Um tipo da salvação dada em Jesus, Levítico é essencial para o entendimento do Novo Testamento, principalmente no que se refere ao sacrifício de Jesus na cruz, com o derramamento de seu sangue, que tem aspecto purificador para o pecado. Levítico nos mostra como nos manter puros ou purificar o que foi contaminado. Nos mostra como manter a santidade, como manter a pureza, a limpeza, tanto física quanto espiritual. 

O termo “águas vivas” (Levítico 15: 13), por exemplo, refere-se a “água corrente”, sendo indicada num processo de lavagem para purificação. Naquela época, não havia água encanada em casa. Ou ficavam em vasos, quando tiradas de um poço, ou eram águas de um rio (a única água corrente disponível na época) e, neste caso, quando a purificação era algo que podia contaminar, como sangue ou corrimento, deste exemplo, então não poderia a água que limpou permanecer armazenada (por exemplo num vaso) para uso de outra pessoa posteriormente. Levítico se preocupa com rituais de purificação, não apenas de nível espiritual (do pecado), mas também físico, que ainda assim são tanto metáforas da necessidade de se purificar espiritualmente, quanto também uma preocupação de Deus com nossa saúde, nossa vida física, nosso corpo carnal, para que não adoeça, para que não tenha problemas. E os princípios e cuidados apresentados na limpeza corporal também o são na limpeza espiritual. 

Assim, embora a importância da água corrente para a saúde tenha sido efetivamente considerada apenas nos séculos XIX e XX pela humanidade, sendo considerado hoje que um item essencial para a saúde seja o saneamento básico, com uso de água corrente (encanada) e esgoto, a Palavra de Deus, há 4 ou 5 mil anos atrás, já listava a importância, neste livro de Levítico, de se usar certas providências higiênicas para manter a saúde do povo. Assim, naquela época, já se falava que certos procedimentos de higiene necessitavam de um tipo específico de lavagem, com água corrente ou, na linguagem bíblica, “águas vivas”. 

Assim, a importância da água corrente para a saúde é tão enfática na bíblia, especialmente em Levítico. O povo daquela época, que não tinha água corrente na torneira de casa, sabia da importância dessa água (que era obtida basicamente indo até um rio) e dava uma importância extrema a ela. 

Note que Levítico trata destas questões como leis ritualísticas, que se deve lavar tantas vezes um determinado objeto ou parte do corpo e há muitos que criticam estas questões. Mas há de se lembrar que naquela época também não havia desinfetantes, não havia o conhecimento da existência de micro-organismos, não havia plástico para isolar contaminação, apenas tecido a ser lavado e o Senhor, já naquela época, preocupava-se com a saúde do seu povo, dando instruções em nível de ordens divinas que viessem a contribuir para com sua saúde. Estes rituais, criticados por alguns hoje em dia e tidos como religiosos, embora sejam de propósitos sanitários, são hoje repetidos pela sociedade ao repetirem o uso de máscaras e lavagem de mãos, por exemplo, para se livrar de contaminações epidemiológicas. Até mesmo o isolamento de pessoas contaminadas, que na época bíblica era mais comumente praticado com os leprosos, e muitos hoje criticam esta postura bíblica, embora fosse a preocupação de Deus em não permitir que o mal (a doença) se alastrasse entre seu povo (se tornasse uma pandemia), hoje também é usada pela sociedade. O que Deus falou como lei bíblica, por muitos criticada, e mesmo considerada algo sem fundamentos por muitos, é usada atualmente como lei governamental, sob o pretexto de manter a saúde do povo e evitar o alastramento de doenças. Esses princípios fisiológicos, na bíblia, são usados como metáforas ou exemplos para as questões espirituais, de alastramento do pecado e da contaminação moral. 

O mais interessante de Levítico é trabalhar em paralelo estas duas questões, a material e a espiritual. Então, existem procedimentos de purificação (lavar em águas correntes, isolar o contaminado, aguardar tantos dias) para as questões da saúde do corpo físico, que devem ser tratadas como lei, assim como os governantes modernos fazem, também há, em levítico, procedimentos a serem tomados no caso da contaminação espiritual e moral, causada pelo pecado, que merece tanto ou mais atenção do que as contaminações físicas, porque têm consequência eterna. 

Assim como purificar com especial lavagem purificava o corpo da pessoa ou o objeto, assim também o sacrifício para pedir perdão purifica o pecador. E, embora no tempo da graça não tenhamos mais que oferecer, por nós mesmos estes sacrifícios, que o foi oferecido por Jesus, uma única vez, Levítico continua ali para lembrar que o fato de não sermos nós que ofereçamos o sacrifício não significa que o sacrifício não tenha sido oferecido. Não é algo do Antigo Testamento, porque Jesus, para inaugurar o Novo Testamento, ofereceu justamente o maior sacrifício de todos: sua própria vida. Então, Levítico está ali para lembrar que o pecado só se limpa com derramamento de sangue (Hebreus 9: 22) e com a vida de alguém que é tirada, para que não deixemos de valorizar o sacrifício que Jesus ofereceu por nós, isentando-nos de o fazer repetidas vezes, embora não devamos dele nos esquecer. Levítico nos lembra disso.

Uma das afirmações mais recorrentes é a garantia de que se se fizer a oferta e/ou sacrifício pelo pecado, ele será perdoado (Levítico 4: 26, 35; 5: 13, 16, 18; 6: 7). Existe o perdão, mas também a necessidade do sacrifício. Alguém dirá que isso é Antigo Testamento, que a graça e o sacrifício de Jesus substituíram isso. Exatamente. Mas houve necessidade de ter o sacrifício definitivo, da vida de Jesus. E não podemos esquecer disso. Ele morreu por nós. Pois sem isso não haveria perdão.

Então Deus, em levítico, mostra ambas as contaminações, em paralelo, e o tratamento que se devem dar a elas, para mostrar a gravidade do alastramento e da contaminação com o pecado. Isso porque o povo sabia e podia ver facilmente a consequência do alastramento de doenças (epidemias e pandemias). Então, por metáfora e atitude paralela, não deveria ser difícil entender qual a consequência desta contaminação no campo espiritual, ao se deixar tomar pelo pecado, pela imoralidade, pelas obras da carne, ao invés de tratar disso da mesma forma como trataríamos uma doença: limpando, isolando, observando em quarentena, cuidando para não permanecer no próprio corpo nem passar para outros. 

O livro de Levítico, ao trazer abundantes ritos de purificação, tanto físicos quanto espirituais, nos mostra a importância de ambos e nos indica como tratar a ambos. 

Lucas Durigon