Os outros 3 evangelhos são chamados “sinóticos” porque são semelhantes entre si. O estilo de narrativa de Mateus, Marcos e Lucas são muito parecidos e boa parte do conteúdo narrado também. Mas o evangelho de João, não. Ele é diferente. Tanto no estilo quanto no conteúdo das narrativas.
Se os outros evangelhos contam as parábolas, falam das curas, mostram os ensinos de Jesus mais sob um aspecto sistemático, mostram os milagres e diálogos e Jesus com as pessoas, o evangelho de João nem tanto. Não mostra muito estas coisas. O evangelho de João é diferente.
A primeira grande diferença a se observar em João é quanto do conteúdo do seu livro ele dedica à última semana de Jesus, até sua morte e ressurreição. Os outros evangelhos normalmente dedicam 1/3 do seu conteúdo à última semana do ministério do Senhor. Mas João, dos seus 21 capítulos, separa 10 deles para falar da última semana do ministério de Jesus. Ou seja, praticamente a metade. Dos capítulos 12 ao 21, fala desde a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, até o encontro de Jesus ressurecto com seus discípulos, e a atenção especial ao ministério de Pedro e João.
E, nesta parte também destaca-se a outra grande diferença de João. Seu texto dá maior ênfase e privilegia o aspecto divino do ministério de Jesus e mostra sua grandeza. É o que mais se aproxima a declarar abertamente que Jesus é Deus, embora não seja também tão explícito nisso. Sobre a última ceia, os capítulos 13 a 17 dedicam-se a este momento de Jesus, mostrando em detalhes situações que os outros evangelhos não mostram, como a lavagem dos pés dos discípulos, por exemplo. Os discursos de Jesus durante a última ceia, nestes capítulos, confortam seus discípulos e lhes dão a garantia que sua partida não significa abandono. Pelo contrário. Ele continuaria cuidando deles à direita do Pai, enquanto enviaria o Espírito Santo para ajudá-los. Jesus os conforta e encoraja, num momento tão difícil para todos, principalmente para Ele próprio, que em breve sofreria as agruras da cruz. Somente João mostra tantos detalhes do que aconteceu entre Jesus e seus discípulos nestes últimos momentos, durante a última ceia. Sua oração sacerdotal pela unidade dos seus discípulos, não apenas os daquela época, mas todos que viessem a existir também é única e só aparece neste evangelho.
É também o evangelho que maior ênfase dá à negação de Pedro e o único que mostra como Jesus redimiu Pedro, chamando-o para o ministério pastoral antes de subir aos céus, repetindo as mesmas 3 vezes que o houvera negado, para agora pedir “apascenta minhas ovelhas”. O chamado sobrepõe à negação e a redime.
Aliás, o evangelho de João dá muita ênfase às relações pessoais de Jesus também, mostrando situações mais detalhadas nesta questão, como quando fala da ressurreição de Lázaro e mostra todo o relacionamento que Jesus mantinha com a família dele, suas irmãs Marta e Maria, como isso era profundo e íntimo, além de cheio de amor.
Os primeiros 11 capítulos de João mostra sim, Jesus realizando milagres, mas com um aspecto totalmente diferente dos outros evangelhos. Logo no capítulo 1, é o único evangelho que inicia mostrando Jesus como Deus, presente na criação do mundo, junto à trindade, sendo o verbo, por quem tudo veio a existir.
O aspecto evangelístico deste evangelho, ainda privilegiando os relacionamentos também é único. Tanto na conversa com Nicodemos, um alto oficial da religião da época (membro do sinédrio), no cap. 3, mostrando-lhe a necessidade de nascer de novo, quanto para com a mulher samaritana (cap. 4), explicando que a salvação é para todos os povos, judeus e samaritanos, inclusive para ela. E que Deus deseja ser adorado em espírito e em verdade. Aliás, Jesus pede água para esta mulher mas, neste evangelho, declara-se a água viva que veio do céu. Também multiplica os pães e declara-se o pão da vida, que alimenta. Ou seja, cada milagre acompanhado de um significado espiritual sobre Jesus.
Somente João mostra-nos que muitos discípulos abandonaram Jesus, algo que poderíamos pensar ser inimaginável e que também os próprios parentes próximos de Jesus não criam nele (caps. 6 e 7). E é neste mesmo evangelho que Jesus declara que “se me negarem, negarão a vós, meus discípulos. Se me ouvirem, ouvirão a vós”. Mostra Jesus curando um cego de nascença enquanto os judeus permaneciam cegos para não crer em tudo o que Ele fazia e o que significava sua vinda.
Ou seja, em João, cada milagre é acompanhado de um significado mais amplo. As reflexões teológicas são mais metafísicas, apontando para a eternidade do ministério de Jesus e a divindade da sua pessoa. São discursos e reflexões não tão sistemáticas. Ainda assim, é simples e direto, para falar ao coração de todos nós, de quanta diferença faz crer no Filho de Deus como nosso Salvador.
Aliás, o evangelho de João deixa isso muito claro: somente Jesus é nosso Salvador.
Lucas Durigon
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