Os livros proféticos são dividos em 2 grupos nos
estudos de teologia: Profetas Maiores e Profetas Menores. E, embora
na maioria dos casos, isto esteja relacionado com o tamanho do
escrito, em Daniel ocorre uma exceção. Jeremias, Isaías e Ezequiel
são livros com aproximadamente 50 capítulos cada. Lamentações
fica no grupo dos profetas maiores por ter sido escrito por Jeremias.
Já Daniel, com seus 12 capítulos, fica neste grupo por motivos
diferentes. Mesmo o livro de Oséias, no grupo dos profetas menores,
tem 14 capítulos. O que não o torna maior que Daniel, onde cada
capítulo é mais extenso. Mas o que faz este livro ficar no grupo
dos profetas maiores são, basicamente, 2 motivos: o primeiro é o
fato de o livro de Daniel tratar de um assunto tão singular e
importante para os judeus, que é o exílio e, por isso, o livro de
Daniel abrange um período da história de aproximadamente 70 anos. O
segundo motivo é o fato de que no cânon Hebraico, os 12 livros dos
profetas menores estão todos agrupados num único volume,
considerando-se ser apenas 1 livro. Por isso, apesar do tamanho,
Daniel fica de fora deste grupo.
Mas Daniel é um livro singular. No Antigo Testamento, é
o livro que mais se aproxima da linguagem apocalíptica, encontrada
no livro do Apocalipse, do Novo Testamento. As visões e profecias
sobre o fim dos tempos é abundante no livro de Daniel. E, se
lembrarmos que Deus usa o povo hebreu como um espelho, como um
exemplo de sua ação para com todos os povos, é realmente notável
que Daniel, ao relatar os fatos que ocorreram durante o exílio e o
final deste, com seu retorno à terra prometida, refira-se também ao
fim dos tempos e julgamento final. Porque o exílio é exatamente o
julgamento do povo hebreu pelos seus pecados e o fim do exílio e o
retorno à sua terra, representa o fim dos tempos e o retorno do povo
de Deus ao céu, pelo arrebatamento. Em tudo isso, a semelhança e
equivalência entre a história do povo judeu e de toda a humanidade
se encontram em Daniel.
O livro de Daniel tem 12 capítulos e é claramente
dividido em 2 partes. Nos primeiros 6 capítulos, conta-se a história
de Daniel e seus amigos ao serem levados como prisioneiros pelo rei
da Babilônia, Nabucodonosor, ao exílio na Babilônia. Estes
primeiros 6 capítulos demonstram eventos extraordinários, que
mostram o poder de Deus permanecendo ativo no exílio, e como Daniel
e seus amigos conseguiram manter-se numa privilegiada posição de
autoridade no reinado destes povos.
É importante lembrar que Daniel foi levado ao cativeiro
muito jovem. Provavelmente um adolescente em torno dos seus 15 anos
de idade. Embora a Bíblia não detalhe a idade dele, não devia ter
mais de 20! E Daniel permaneceu no exílio durante os reinados de
Nabucodonosor, Belsazar (filho daquele), Dario e Ciro. Ou seja, 4
reis passaram e Daniel permaneceu ali. Este período durou
aproximadamente 70 anos! Então, o livro de Daniel conta uma história
que abrange 70 anos, ou seja, todo o período do exílio do povo.
Daniel foi o único que viveu e registrou todo o período. Jeremias,
por exemplo, foi levado cativo também, esteve presente no início do
exílio, mas já era de avançada idade e não permaneceu até o
final. Outros, como Ageu e Zacarias, foram profetas mais novos, que
iniciaram suas atividades já no período final. Mas Daniel foi o
único que testemunhou a ida do povo judeu para o exílio e depois o
início do seu retorno! Isso é realmente fantástico.
Mas a questão do tempo de duração dos eventos
narrados no livro de Daniel nos leva a um outro aprendizado
interessante. Muitos cristãos hoje, ao verem as abundantes provas do
poder de Deus presentes neste livro e na vida de seu autor, imaginam
um Deus que faz milagres todo mês, quiçá toda semana. Ao vermos
tantos sonhos interpretados, visões, milagres como a fornalha
ardente e a cova dos leões, somos tentados a pensar que estes fatos
todos ocorreram na vida de Daniel num período curto, talvez durante
2 ou 3 anos de vida. Mas estes fatos estão espalhados num período
de 70 anos! Ou seja, cada evento ocorreu num intervalo de 5 ou até
10 anos entre um e outro!
E isto não significa que Deus não seja atuante. Pelo
contrário. É maravilhoso ver como, numa situação tão adversa de
escravidão no exílio, pôde Daniel permanecer como um servo fiel
durante tanto tempo e desfrutar e testemunhar do agir de Deus ao
longo de todo este tempo.
Os primeiros 6 capítulos, conta sua vivência no
palácio. Como chegou ali e recusou comer da comida do rei, mantendo
sua santidade nas leis de alimentos da Torá. Como interpretou 2
sonhos de Nabucodonosor, um no capítulo 2, sendo um sonho profético
para toda a humanidade, do que aconteceria nos próximos séculos de
história (que foram já confirmados e totalmente cumpridos!) e
outro, no cap. 4, sobre a vida do próprio rei, que também foi
cumprido naquela mesma época. Além disso, interpretou uma visão de
Belsazar, o filho de Nabucodonosor, quando já era rei (cap. 5).
Também o fato ocorrido com ele na cova dos leões, já no reinado de
Dario, o penúltimo rei com quem Daniel conviveu. Nesta época da
cova dos leões, história conhecida narrada no cap. 6 de Daniel, o
profeta já devia ter mais de 60 ou 70 anos de idade! Porque já
estava no penúltimo reinado. Também nesta primeira parte do livro,
cita o ocorrido com seus amigos, Sadraque, Mesaque e Abdenego, ao
serem lançados na fornalha de fogo ardente por causa de sua
fidelidade ao Deus dos hebreus e o grande livramento que Deus deu a
eles por causa de sua fidelidade. E também há, nesta primeira parte
do livro, por parte do Rei Nabucodonosor (nos caps. 3 e 4), o
reconhecimento do poder do Deus dos judeus, quando Nabucodonosor
reconheceu, publicamente e perante as autoridades e outros povos, a
grandeza do poder de Deus. Ou seja, Deus continuava se manifestando,
não apenas aos judeus, mas aos gentios, para demonstrar seu poder e
sua grandeza. Os fatos nesta primeira parte do livro são narrados
cronologicamente, demonstrando os 6 principais eventos, em sua
relação com os reis daquela época. Um evento por capítulo.
Portanto, se o período todo compreende 60 anos, foi aproximadamente
um evento milagroso a cada 10 anos. Mas Daniel soube esperar, pelo
agir de Deus, no tempo certo em cada situação.
A segunda metade do livro de Daniel, os capítulos 7 ao
12, são dedicados a contar as visões que Deus deu a Daniel, sobre
os últimos dias. Estas visões começaram a ocorrer depois do
reinado de Nabucodonosor, já no reinado de seu filho, Belsazar. São
visões proféticas dadas a Daniel, e contam sua relação com Deus
no recebimento e interpretação destas visões que falam sobre
eventos futuros, muitos deles que ainda nem aconteceram.
Os 2 primeiros capítulos desta segunda parte (7 e 8)
falam de visões proféticas que se referem tanto a acontecimentos já
ocorridos quanto a acontecimentos que ainda irão ocorrer. No
capítulo 9, versos 1 a 3, Daniel lembra que o tempo determinado por
Deus para o fim do exílio era de 70 anos, conforme havia prometido
por intermédio de Jeremias. E então, Daniel começa a orar e clamar
pela libertação do seu povo, em cumprimento da promessa do próprio
Deus e faz, neste capítulo, uma oração de arrependimento e
reconhecimento pelos pecados do seu povo, pedindo perdão a Deus.
Isso foi no início do reinado de Dario (primeiro ano),
provavelmente, pouco tempo antes de ser lançado na cova dos leões,
que também ocorreu durante o reinado de Dario, talvez não no
primeiro ano, mas um pouco mais tarde.
Depois de sua oração, Daniel ainda aguardou. Passou-se
todo o reinado de Dario. Iniciou-se o reinado de Ciro. Somente depois
disto veio a libertação do povo de Israel. Nos capítulos 10 a 12,
Daniel ainda narra visões e profecias, algumas para aquele tempo,
outras para o fim dos tempos, os mesmos que são citados em
Apocalipse.
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