segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Liderança: Organizar ou dominar?

 

O jogo político da liderança na igreja
e sua doutrina 
asseverada por Deus”
que dá o direito de levar 
os outros pela vontade de um!




Exercer autoridade. Para alguns é um peso. Para muitos um desejo. Ter pessoas sob seu domínio é mesmo o sonho e objetivo de vida de muitas pessoas. Muitas vezes colocam esse objetivo como um “fim-em-si”. Para se chegar ao domínio, existem vários caminhos: há pessoas com o dom natural de liderança, ou por serem carismáticas, ou por serem organizadas, cuidadosas, zelosas ou ativistas.

Há outras que são colocadas nesta posição por terceiros, seja por necessidade estratégica, por serem centrais ou outros motivos.

Há ainda aqueles que não se conformam com o fato de não poderem ser líderes, e tentam galgar este posto por decreto. Definem que são líderes e assim se auto-investem de poder. Isso é um problema tanto mais grave quanto mais autoritário for o líder e menos críticos forem seus “súditos” ou “discípulos” ou “seguidores” (ou seja qual for o nome que se queira dar). E se torna mais forte quanto maior for o nome de quem assevera esta autoridade. Nesta última consideração, há um grande problema com autoridades eclesiásticas que se dizem investidas de poder por parte de Deus e, com isso, desejam “orientar” os discípulos.

É bem verdade que há pessoas que parecem gostar de serem dominadas, de serem “orientadas” e levadas de acordo com a vontade de outros. Porém há outras que se deixam levar por comodismo, desinformação ou medo mesmo.

Nas igrejas, esta forma é bem conhecida: “Deus me falou”, “estas são palavras de Deus e não minhas”, “esta é a vontade de Deus”, “Deus está me revelando” e tantos outros chavões que dão o aval para que o indivíduo fale o que quiser. Neste falar o que quiser, há uma doutrina no mínimo interessante: é a doutrina da liderança: todos devem “seguir ao mestre” e obedecer, como ouvi há pouco tempo de maneira “total, completa e com alegria”.

Ou seja, alguém diz o que fazer e todos seguem, acrítica e cegamente, “com alegria”. Isso me faz lembrar Jesus: “guias cegos, que levam outros ao buraco”. Não sou contra a liderança. Mas que não seja como meio de dominação, mas sim de organização. O papel do líder é contribuir para o andamento de um grupo e/ou de seus trabalhos. É fazer com que todos caminhem rumo a um propósito, rumo a um alvo comum, é manter a unidade do grupo pelo interesse comum que une aquele grupo… e essa união precisa ser espontânea, não pode ser imposta!

Quando o líder exige que todos façam exatamente como ele deseja que seja feito ou acha correto ser feito, mas alguns integrantes do grupo têm dúvidas quanto a esse andamento (ou pior, se todos os integrantes têm dúvidas e só o líder crê ser aquele o caminho), então haverá um atrito que será, indubitavelmente tratado de forma política. Para utilizar de algumas definições do Aurélio, política é “3. Arte de bem governar os povos. 8. Habilidade no trato das relações humanas, com vista à obtenção dos resultados desejados. 9. P. ext. Civilidade, cortesia. 10. Fig. Astúcia, ardil, artifício, esperteza.”. Este trato político pode ser feito de forma saudável (com cortesia e civilidade, tratando com habilidade o grupo a fim de se chegar ao alvo) ou de forma depreciativa (com astúcia e ardil, usando de esperteza para se chegar ao objetivo desejado – pelo indivíduo – sem se preocupar com civilidade ou cortesia ou qualquer forma de habilidade no trato com as pessoas).

Creio Deus ter instituído a liderança. E creio que Deus tem objetivos quando concede a algumas pessoas o dom ou a posição de liderança. Mas prefiro acreditar nisto como um modo de organizar e facilitar para que se chegue melhor e mais rápido ao alvo desejado. Ou seja, se todos caminham, cada um para um lado, de acordo com suas próprias necessidades, seria difícil atingir um objetivo comum. Mas se alguém leva todos por um mesmo caminho, mesmo que com ideias diferentes, mas que podem se acertar e continuar caminhando, objetivando mais o alvo do que as diferenças.

Mas esta questão de se ter alguém que é um guia absoluto, a quem temos de obedecer de maneira “completa, total e com alegria”, leva também a um problema muito sério de desgaste! Quem conhece a ilustração dos gansos sabe o que estou falando. Eles voam em formação de “V”, a fim de aproveitar o vácuo do ar, criado pelo “líder” na vértice da formação. Quando este líder se cansa, outro vem e toma o seu lugar, criando o vácuo para facilitar o voo dos outros e o que estava cansado vai para o fim da formação e descansa. Eles revezam a liderança. É a mesma questão de Moisés e o conselho de Jetro. Quando um líder é absoluto e autoritário, sua falta leva a uma estagnação de todo o grupo. Se, porém, é um líder político, no sentido melhor da palavra, poderá sempre ter alguém que o substitua na “formação”, para que o grupo sempre continue em andamento, rumo ao objetivo.

Para concluir, precisamos entender exatamente o que significa “política”, usá-la de acordo com suas melhores prerrogativas e parar de asseverar palavras nossas com a voz de Deus, como se tudo fosse “da vontade de Deus”. Seria muito melhor se os líderes entendessem que a liderança é um dom de Deus, mais perto do serviço que do autoritarismo, assim como o ganso…

Pr. Lucas Durigon



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