segunda-feira, 11 de abril de 2022

Se te baterem numa face, oferece a outra

 


É uma ordem de Jesus para seus discípulos que muitos não entendem. Outros confundem. E ainda outros acham um absurdo ou impossível de se praticar no dia a dia. É uma ordem que anda de mãos dadas com a bem-aventurança que diz: “bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra”. E, como tudo na Bíblia e seguindo uma regra hermenêutica para o bom entendimento de cada texto, devemos olhar para o contexto imediato e geral da Bíblia para entender o que Jesus queria dizer.

Primeiro, é bom lembrar que a ordem de Jesus não foi para “se te baterem numa face, oferece a outra, e a outra, e a outra, e a outra, indefinidamente, como se o comportamento do seguidor de Jesus fosse ser passivo no sofrimento e deixar que os outros lhe agredissem sem limites”. Este é o erro mais comum no entendimento desta ordem de Jesus que faz muitos desistirem de cumprir com o mandamento de Jesus, julgando-o impossível de ser obedecido.

Mas precisamos entender isso de uma forma mais ampla.

Primeiro, precisamos entender que o uso de Jesus da face humana não é por acaso. Ele usa este exemplo justamente porque o ser humano só tem 2 faces. Ao oferecer a outra, após ser agredido na primeiro, Jesus está, na verdade, estabelecendo um limite para quem é agredido. Jesus não mandou oferecer a 3ª face. Ela não existe.

Ao ser agredido, ofendido, Jesus orienta seu seguidor a ser manso e não revidar. A ordem normal, de revidar a agressão recebida, como inclusive aceito na lei de talião (olho por olho, dente por dente) é aqui reprogramada por Jesus. Alguém já disse que “olho por olho, e a humanidade acabará cega”. Mesmo aquela lei de talião, ao ser mal entendida, foi praticada errada. Mesmo ela tinha por objetivo a limitação da ofensa e o fim da agressão. Sim, porque na lei de talião limitava-se a vingança ao permitir o agredido revidar apenas com o mesmo tipo de ofensa recebida. Se alguém lhe tirasse o olho, não poderia ser vingado com tirar a vida. No máximo, a mesma agressão, na mesma medida. Isso já seria uma revolução. Mesmo assim, a lei do talião em seu contexto amplo ainda pedia prioridade ao perdão, ao deixar a agressão sem revide.

Mas muitas vezes, o revide era revidado e isso tornava-se um ciclo sem fim de agressões e revides. Muitos viam a lei do talião como “tenho direito de causar a mesma dor a quem me causou” e não como “só posso me vingar até esse ponto, sem ultrapassá-lo”.

Mas Jesus acrescenta um nível estratégico a isso quando nos orienta a oferecer a outra face. Ao receber uma agressão, Jesus pede que deixemos o revide, a vingança de lado. Pelo contrário, ao “oferecer a outra face”, ou seja, ao abrir a guarda, a esperança é que o agressor entenda que isso deve cessar. Jesus não intencionava, no fim das contas, que seus seguidores se tornassem sacos de pancada. Mas que, ao oferecer a outra face, o agressor pudesse ver nessa atitude revolucionária uma oportunidade de reflexão e de mudança de atitude. Um agressor que espera um revide e recebe, em troca, uma atitude pacífica fica, no mínimo, desconcertado. Se parar um minuto para refletir, é a melhor oportunidade de interromper ciclos de violência, agressão e ofensas.

Quando falo de violências, não as limito às físicas. Pode ser uma violência verbal. Um calote. Uma traição. Um golpe na empresa. Uma rasteira profissional. Em tudo isso, uma atitude revanchista apenas alimenta um ciclo que pode se tornar sem fim.

Mas a orientação revolucionária de Jesus, se não impede a vítima se sofrer uma segunda agressão, mata de fome o ciclo de violência. Mas, para que assim ocorra, precisamos entender a ordem de Jesus em sua forma completa.

A violência é alimentada pela violência. Se não houver um revide da mesma ordem, a tendência é a atitude de violência parar por ali. Mas, e se o agressor, ao perceber a guarda aberta da vítima, resolver agredir de novo, e de novo, e de novo? Como fica a vítima?

Neste ponto, o primeiro entendimento que precisamos ter da orientação de Jesus é que Ele disse “oferece a outra”. Não diz para ficar esperando parado ser agredido novamente. Não é uma atitude de passividade, de fraqueza. E esta atitude de oferecer a outra é uma atitude que mostra força por parte de quem é agredido. Jesus não fala no sentido de desafio, como aquele que diz: “vem, bate de novo”, mas sim de alguém consciente que diz ao outro de forma serena “eu não vou revidar, mas se insiste em continuar com esta agressão, tenho mais uma face para você agredir.” O fato é que só tenho mais 1face. Não tenho outras.

Se realmente o agressor não perceber que deveria pedir desculpas pela primeira agressão e parar por ali, então é porque ele é muito fraco de espírito e não consegue parar para refletir nas próprias atitudes, é alguém sem controle. Mas, neste exato momento, deveria ele refletir o porquê sua vítima está oferecendo a outra face. Esta atitude deveria ser suficiente para cessar todo ciclo de violência.

Mas, mesmo que o agressor decida repetir a agressão, deixando claro nisto que ele não está disposto à paz, o agredido já fez o suficiente para promover a paz ao não revidar a ofensa recebida. Como eu disse, essa é uma atitude de alguém forte. Mas não significa que ele deva se dispor novamente a receber a agressão. Porque Jesus usou o exemplo da face: e só temos 2 faces. Depois de agredir ambas as faces, não há mais o que oferecer para ser agredido. Então fica claro que esta estratégia de Jesus não está ensinando seus discípulos a sofrerem indefinidamente.

Se a agressão à outra face foi ofertada pela vítima, significa que esta vítima detém algum controle sobre o recebimento desta agressão e deve limitá-la depois desta concessão. Ou seja, Jesus não pediu para oferecer a 3ª face, ou para andar a 3ª milha. Há um limite.

Claro que não estamos aqui falando de agressões quando a vítima não tem o poder de parar ou fugir da agressão. Mas Jesus está falando com aqueles que podem escolher entre continuar o ciclo de agressões ou interrompê-lo e apresenta uma estratégia realmente impressionante para que se chegue ao fim deste ciclo.

Lucas Durigon


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