segunda-feira, 16 de maio de 2022

8. Tira a Trave do teu olho

 

1Não julgueis, para que não sejais julgados. 2Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. 3E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? 4Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? 5Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.” (Mateus 7: 1-5)

Todos estamos acostumados a olhar para este texto e classificá-lo, diretamente no assunto sobre “julgamento”. E é isso mesmo, o texto diz claramente que não podemos julgar aos outros sem antes cuidar de nós mesmos. Mas está falando de julgar o outro a respeito de quê? Qual é o objeto, o motivo do julgamento?

É o pecado.

Jesus está dizendo que não devemos ficar olhando e julgando e condenando, e tentando resolver o problema do pecado do nosso próximo, pelo menos não sem antes cuidar do nosso próprio pecado e em como vamos limpar nosso próprio olho da trave que temos.




Pra começar, quero contar uma estória, sobre um garoto, que foi desafiado na aula de geografia, a montar um quebra-cabeça do mapa mundi. E, após muitas tentativas e muito tempo gasto, percebendo que não saía do lugar, que não tinha progredido muito, o menino então percebe que na parte de trás das peças havia outra imagem. Ele começa então a virar as peças do outro lado, inclusive a parte que já havia montado do quebra-cabeça e depara-se com outra imagem para ser montada. Percebe que o jogo tinha face dupla. E, do outro lado, a imagem de um ser humano estava se formando. Sendo muito mais simples, com menos detalhes que os relevos do mapa mundi, além de ser muito mais familiar para ele, pois ele conhecia o ser humano melhor do que o mundo, ele prossegue na sua tarefa de montar o quebra-cabeça, usando como referência a imagem do ser humano. E, muito mais rápido do que pensava, termina sua tarefa.

Seu professor, ao perceber que o aluno havia acabado de montar, pergunta pra ele como conseguiu terminar tão rápido. E o aluno responde:

É que eu vi que temos a opção de primeiro resolver o quebra-cabeça do ser humano, que é muito mais fácil de resolver. Então o quebra-cabeça do mundo fica automaticamente resolvido!

O professor, ao perceber também isso, responde que realmente, no quebra-cabeça e na vida, é mais fácil começarmos a resolver os problemas na pessoa do que no mundo.

Podemos desta estória tirar um precioso ensinamento, que Jesus encarnou em suas mensagens. Temos de resolver o grande problema do homem e, se todos assim procurassem resolver, o problema do mundo estaria, consequentemente, resolvido também.

E foi nisso que Jesus se concentrou. Foi pra isso que Ele veio ao mundo.

Jesus não veio ser um político ou monarca que viesse dissolver os problemas da Nação de Israel, como aliás, seus conterrâneos esperavam que fosse. Ele não veio para destronar reis e tomar seu lugar. Nem para depor imperadores.

Mas Jesus se concentrou em ensinar o homem em como vencer o pecado!

Em como vencer a força que torna os seres humanos escravos. Como derrotar esta força que faz com que o ser humano seja bem menos do que aquilo que Deus planejou para nós.

O foco de Jesus foi mostrar ao homem como vencer ao pecado. E tornar-se, Ele mesmo, a saída por onde vencemos, definitivamente, o pecado. A força do pecado, como já dissemos, é de destruir o homem, destruir a criação de Deus. Tão forte ele é, que foi necessário o próprio Deus tornar-se carne para vencê-lo na carne (Romanos 8: 3).

Assim, para aqueles que desejam “melhorar o mundo”, ou “consertar o mundo”, a lição que Jesus nos deixa é: comece consigo mesmo. Conserte-se a si mesmo primeiro. Livre-se da força do pecado em sua vida e seja alguém que tenha um relacionamento profundo com Deus. Então, após conquistar esta batalha, após conseguir subjugar o pecado que está em si mesmo, com a ajuda do Espírito Santo e do sacrifício de Jesus na cruz, então você poderá ajudar outros a encontrar este mesmo caminho. Desta forma, a melhoria do mundo é a consequência natural deste processo.

Muitos pensam que neste versículo Jesus está defendendo um individualismo do tipo: ninguém se mete no problema de ninguém. Mas não é isso o que Ele diz. No final do verso 5, de Mateus 7, o Senhor deixa claro que devemos primeiro tirar a trave do nosso próprio olho (ou seja, resolver nossos próprios pecados e problemas) para então (depois disso), tirar o cisco que está no olho do nosso irmão. O que Jesus ensina aqui não é algo do tipo “não se meta nos meus problemas” ou então “ninguém se mete no problema de ninguém”. Está mais para: eu quero acertar o que preciso na minha vida e então poder ajudar outros a se livrarem também dos seus problemas e dificuldades com o pecado e outras situações.

O princípio é que eu não seria capaz de fazer pelos outros o que eu não fui capaz de fazer por mim mesmo.

Ou então devo pensar que só poderei curar aos outros de forma eficaz depois de ter sido, eu mesmo, curado totalmente. O profeta Jeremias já falava sobre isso “E curam a ferida da filha de meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” (Jeremias 8: 11). Não podemos deixar a ferida aberta, a cura pela metade. Cada um precisa ser tratado pelo Senhor, a fim de poder auxiliar na tarefa de ajudar a outros e assim podermos ajudar a tornar este mundo melhor para todos.

O texto bíblico citado começa falando do julgamento, que não devemos fazer com os outros, sabendo que seremos julgados com a mesma medida que julgarmos ao outro. Mas, quando no final Jesus no ensina que o nosso próprio problema é sempre maior que o do outro, o princípio dele é nos dizer para primeiro resolver nosso problema, ou seja, primeiro tirar a trave do nosso próprio olho. E, depois disso, poderemos cuidar de tirar o cisco do olho do irmão.

Essa comparação de Jesus, que coloca nosso próprio problema tão maior que o do outro significa apenas que, se olharmos com atenção, temos muito mais trabalho a fazermos em nós, antes de nos dirigirmos ao nosso próximo.

Mais do que isso, creio que Jesus tem a intenção de nos mostrar que, depois de passarmos pelo processo de tirar toda essa trave do nosso olho, seremos mais sensíveis ao problema do próximo, mais misericordiosos com relação às dificuldades do próximo em vencer o problema do seu cisco, pois teremos passado antes pela experiência de ver como é difícil tirar uma trave do próprio olho. Em outras palavras, se tentarmos fazer algo pelo próximo, sem antes passarmos nós mesmos pela experiência, simplificaremos demais as coisas. Algo do tipo: “ah, esse seu problema não é nada, você precisa ouvir pelo que EU estou passando. Isso sim é que é um problemão”. Mas muitos dos problemas são originados pelas nossas próprias atitudes pecaminosas. Ou de terceiros, que recaem sobre nós.

Porém, de acordo com Jesus, até podemos ajudar o próximo a resolver seus problemas, a vencer seu pecado. Mas isso depois de passarmos nós próprios pelo processo de vencer também e conseguir tirar a trave do próprio olho, porque isso nos dará a experiência necessária para saber exatamente com o que estamos lidando em se tratando do olho alheio.

É muito fácil falar que é fácil, sem ter a noção do tamanho do problema.

Quando falamos em “julgamento”, que não devemos julgar ao próximo, geralmente olhamos apenas para o aspecto negativo do julgamento, aquele que condena o próximo. E claro que Jesus se refere a isso também e nos mostra que devemos encarar com franqueza e transparência nossas próprias dificuldades para poder entender melhor a do outro. Mas julgar também refere-se a coisas “boas”. Quando somos prematuros e precipitados em julgar uma situação como sendo “fácil”, parece ser algo bom, mas pode não ser maduro o suficiente. Então, ao entender a real profundidade do problema, depois de passarmos, cada um de nós, pela experiência de resolvermos os nossos próprios, poderemos ter muito mais maturidade em ajudar o outro a resolver o dele também, com a correta análise da dificuldade do seu problema.

Um dos problemas do mundo atual é que tem muita gente se apoiando em outras pessoas para resolver seus problemas e pior: se apoiando em pessoas imaturas, sem preparo. Já é difícil conseguir ajuda de outro ser humano, pois só Deus é nosso braço forte, nossa verdadeira ajuda. Ainda mais quando nos apoiamos em pessoas imaturas para isso! Então, torna-se um desastre.

Um exemplo claro de que querer partir para consertar o mundo, as outras pessoas, antes de arrumar nós mesmos, é a clássica discussão entre jovens idealistas que desejam resolver os problemas do mundo e anciãos maduros, aparentemente rabugentos, que sempre perguntam aos jovens que querem mudar o mundo “se eles já arrumam o próprio quarto”. É uma situação bem clichê e batida, mas com uma verdade muito profunda e que demonstra a imaturidade deste processo. Não há nada de errado em ser idealista, em querer mudar o mundo. Pelo contrário. Mas pode ser bastante frustante quando se tenta fazer isso sem estar preparado, sem a real noção da raiz do problema. E, se não sou capaz de arrumar meu próprio espaço pessoal, se não consigo colocar ordem nas minhas próprias ideias, será difícil conseguir resolver o problema de um planeta inteiro.

Isso não significa que minha contribuição pessoal e local para a solução do problemas do mundo seja irrelevante. Que eu colocar meus dons e talentos a serviço da sociedade não tenha valor. De maneira alguma. Significa apenas que, se eu fizer isso depois de resolver meus próprios dilemas, então minhas atitudes serão potencializadas em escalas de progressão algébrica e então poderei fazer mais e melhor!

Tirar o cisco do meu próximo após passar pela experiência de retirar toda uma trave do meu próprio olho terá muito mais eficácia do que fazer isso sem qualquer experiência, apenas com as intenções e ideias preconcebidas.

Além disso, é uma questão de responsabilidade e honestidade com Deus e consigo próprio reconhecer os próprios problemas e encará-los de frente, sem desviar nem protelar a busca da solução. Muitos usam o cisco do olho do próximo como um disfarce para a própria trave.

Muitos não querem encarar de frente os próprios problemas, não querem reconhecer os próprios erros, não querem enfrentar seus “fantasmas” pessoais e ficam, para isso, desviando a atenção para o problema dos outros, apontando o problema dos outros.

Primeiro se quer desviar o olhar da sociedade, para que não vejam os problemas que há em si próprio. Apontar os problemas dos outros é um meio eficaz de fazer com que os tolos não percebam os erros que temos em nós mesmos. Enquanto dizemos “olha lá o que ele/a está fazendo de errado”, estamos levando todos a olhar para o outro lado, que não seja o nosso. Desviar o olhar da sociedade toda funciona bem no geral, com exceção daqueles que são treinados em perceber essa manobra e não apontam os olhos para a direção indicada, para sim param para observar a atitude daquele que apontou. Ou, como se diz por aí: “quando Pedro me conta algo sobre João, fico sabendo muito mais de Pedro do que de João”.

Muitas vezes, ao apontar os erros, pecados e atitudes dos outros, se tenta enganar a si próprios (e há pessoas boas em fazer isso!) para não ter de encarar os próprios problemas. Então, acredita-se que apontando o erro dos outros, estarei livre dos meus. Mas a verdade é que apenas os estou ignorando e eles continuam ali, até mais fortes do que antes. E, para onde eu for, os problemas me acompanharão, pois não os enfrentei, não os subjuguei, não os coloquei debaixo do senhorio de Cristo, debaixo do sacrifício vicário de Jesus. Mas muitos, consciente ou inconscientemente, fazem isso e ficam de olho no cisco do olho do próximo porque desejam esquecer das próprias traves.

Fazendo isso, jamais poderão enxergar com clareza o que quer que seja.

Com uma trave no olho, jamais conseguirão ver nada como realmente é. Toda visão será distorcida, equivocada, até que se faça a total remoção da trave que está no próprio olho, a fim de enxergar melhor o cisco do olho do irmão.

Há ainda aqueles que, de forma tresloucada, pensam que podem enganar a Deus quando apontam o erro do outro. É como se tentassem justificar as próprias falhas usando as falhas do próximo, como se Deus não enxergasse as coisas além do que ele mesmo conta. Pensam que escondem de Deus as atitudes e agem de tal forma como se os erros dos outros justificasse os próprios ou desviasse o olhar de Deus, para não serem confrontados. Pensam que o Criador depende deles para O manter informado dos pecados alheios! São loucos os que assim agem. É quase como dizer pra Deus: “olha, eu fiz isso, mas aquele ali fez bem pior, viu?”. Como se isso pudesse, de alguma forma, resolver minimamente que seja, o próprio problema. Só revela a loucura que existe nesta atitude. Nada mais.

Talvez o processo de retirar a trave do meu próprio olho seja algo demorado, dolorido, trabalhoso. Não devemos nos precipitar em nos apressar para tirar o cisco do próximo. A vontade que dá, depois do processo iniciado, é interromper e correr para talvez ficar tirando ciscos nos olhos de todos da vizinhança. Não devemos deixar isso acontecer.

Se seu eu passar pelo processo que eu necessito, sairei dele muito mais amadurecido, com um relacionamento com Deus mais profundo, com uma fé fortalecida e com uma visão mais cristalina para enxergar a realidade do mundo ao meu redor e muito mais capacidade para ajudar o próximo a tirar seu cisco do olho.

Lucas Durigon


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