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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Diferenças entre um seminário livre básico e bacharel em teologia (analisando - parte 2)

 


atenção: se você não leu o artigo anterior a este, leia clicando no link abaixo: 

https://perolasnabiblia.blogspot.com/2024/12/diferencas-entre-um-seminario-livre.html


Considerando as questões básicas apresentadas no texto anterior, vamos agora fazer uma análise destes tipos de seminário. Se não leu o texto anterior, é imprescindível que o faça para conseguir entender esta análise que vamos apresentar.

Avaliando as possibilidades

Mas e então, qual a melhor opção? Qual deles eu devo escolher pra mim?

Não é uma resposta direta. Porque qual escolher depende de muitas coisas.

Por exemplo, a primeira pergunta a se fazer é: eu tenho um chamado para trabalhar de forma integral numa igreja e dedicar minha vida para o ministério ou serei um auxiliar nos trabalhos da igreja, auxiliando de forma voluntária, numa dedicação parcial?

Na minha opinião, o seminário básico livre deveria ser o alvo de todo cristão que deseja aprofundar um pouco o seu conhecimento na Palavra de Deus. É um curso de muita ajuda, que leva a pessoa a entender melhor a Bíblia e os elementos que fazem parte do estudo bíblico e de uma vida eclesiástica. Também todo obreiro voluntário, de qualquer nível ou cargo, deveria fazer este tipo de seminário, para melhor estar preparado para realizar a obra de Deus que se propõe. Então, seja você da equipe de louvor, um professor da EBD (e, neste caso, vale uma ressalva, a ser citada depois), seja você alguém que auxilia o pastor a fazer visitas ou organizar eventos na igreja. Até mesmo se você é um pastor auxiliar, com menos responsabilidades, ou qualquer outra função na igreja, então você deveria fazer este tipo de curso.

Também há de se considerar uma outra questão: qual a disponibilidade para eu frequentar as aulas. Os cursos que oferecem apenas 1 aula semanal são bem menos intensos e há menos cobranças, no que se refere à dedicação do aluno. Ou seja, se você tem um emprego, uma família para cuidar e outras responsabilidades, talvez seja a única opção. Pensar num curso com duração de 4 anos e aula todo dia é uma decisão que deve ser tomada com cuidado, em conjunto com a família e bem planejada. Pode ser que não consiga chegar ao final deste tipo de curso, por causa da dedicação exigida a longo prazo, principalmente se você for uma pessoa que já tem muitas outras tarefas a fazer no dia a dia.

Mas, quando alguém sente-se chamado a dedicar sua vida no ministério pastoral ou qualquer outro ministério eclesiástico de dedicação integral, então talvez estes cursos básicos não sejam suficientes. Talvez se possa começar com eles, mas à medida que as complexidades apresentadas no serviço cotidiano exigem mais conhecimento e preparo por parte do ministro, daquele que está trabalhando na casa de Deus, então pode ser necessário um aprofundamento dos conhecimentos a um ponto que somente cursos de bacharel de tempo equivalente a uma faculdade poderiam dar.

Não há problema de um pastor em tempo integral fazer primeiramente um Seminário Básico e depois de algum tempo aprofundar num Seminário Bacharel, de formação mais sólida. Até porque, se é pastor tempo integral, então seu tempo a ser dedicado é para o ministério, incluindo seus estudos. Fica mais fácil, neste caso, conciliar o tempo que precisará dispor junto com suas tarefas cotidianas.

Aqui, vamos usar alguns exemplos e explicações mais práticas, para ficar mais claro.

A questão aqui passa a ser de carga horária. Em vários sentidos.

Ou seja, não existe nada mágico ou milagroso, por mais que o curso seja com o objetivo de servir a Deus. Mesmo ao se comparar os 2 cursos acima, chamados de bacharel, ambos com duração de 4 anos, mas um com aulas todos os dias da semana e outro com aulas apenas 1 vez por semana, fica fácil entender que o conteúdo ensinado e aprendido tem uma diferença de 5 vezes de um pra outro. Ou seja, não é possível aprender indo à aula apenas 1 vez por semana, o mesmo conteúdo que se aprenderia num curso que tem aulas 5 vezes por semana. A simples questão de carga horária coloca esta situação numa comparação injusta. Não seria possível que alguém que faça um curso teológico com o mesmo tempo de duração total (4 anos), mas com menos aulas por semana, venham a adquirir conhecimentos iguais. Pelo simples fato de que não há tempo para ensiná-los. O curso pode até dizer que vai oferecer as mesmas matérias. Mas não conseguirá dedicar o mesmo tempo a ensinar cada matéria, a fim de fazer o aluno aprender de forma consistente e profunda. Neste caso, o curso de apenas 1 vez por semana pode até oferecer as mesmas matérias, mas jamais conseguirá oferecer, num tempo 5 vezes menor, a consistência em cada matéria que permita um conhecimento mais profundo. Será um conhecimento básico, mas amplo (várias matérias, uma boa visão geral).

Então, se a intenção é aprender para dedicar-se integralmente no ministério eclesiástico, há a necessidade de um melhor preparo, de mais dedicação. E, consequentemente, mais tempo dedicado. Um curso de 2 anos, com aulas apenas 1 vez por semana não oferece um conteúdo mínimo necessário para alguém que deseja se dedicar integralmente ao ministério eclesiástico.

Vamos a um exemplo prático de matéria. Num curso de bacharel, geralmente constam das matérias alguns conteúdos correlacionados, como psicologia, filosofia, antropologia e outros. São conteúdos que num curso de menor carga horária, não cabem no tempo. Por exemplo, para um pastor, que pretende atender aos membros da igreja dando conselhos, os conteúdos de psicologia podem ser de grande ajuda. Veja bem, não é uma faculdade de psicologia dentro da faculdade de teologia. Mas algumas introduções que permitam ao pastor ter um melhor entendimento dos problemas que as pessoas enfrentam e suas soluções. Mais do que isso, quando se insere noções de psicologia dentro da teologia, o pastor está mais habilitado a fazer diagnósticos simplificados, pelo menos para saber se o caso da pessoa exige realmente um atendimento por um profissional da saúde mental e se ele, como pastor, deve indicar a pessoa para um tratamento clínico com um psicólogo, um psiquiatra etc. Mas esta noção da psicologia ajuda a entender o processo de saúde mental, para distinguir se o caso que tem diante de si é para ser tratado com aconselhamento pastoral ou se deve ser enviado para outro profissional, a fim de não causar na pessoa que está sendo cuidada mais problemas do que já tem. Este tipo de conteúdo extra, presente apenas num seminário bacharel completo, permite ao líder eclesiástico dar uma atenção diferenciada à pessoa que precisa de cuidados. Já num curso Básico, esse tipo de assunto nem sequer é abordado.

Mas é importante entendermos que não há um curso certo e outro errado, por si só. Depende do propósito do aluno, do que ele pretende com este curso. Então, se é um cristão, um obreiro que deseja aprender mais, um seminário básico é mais que suficiente, o que não significa que ele não possa continuar aprendendo na EBD, por exemplo. Aliás, ele até pode dar aulas na EBD. Mais do que isso, se ele fez um seminário básico e puder fazer um curso específico para professores de EBD (e tudo isso, claro, se tiver o dom de ensino, dado pelo Espírito Santo), então ele pode ser um ótimo professor de Escola Bíblica.

Mas se a intenção é ser um pastor que vai cuidar de todos os aspectos da igreja, então este curso básico poderia até ser o começo. Mas não dá pra ficar só nisso. Vou usar outro exemplo: um pastor que cuida da administração da igreja, precisa entender um pouco de administração eclesiástica, uma das matérias que fazem parte de um curso de bacharel em teologia. Para aprender a administrar. Mas, num seminário básico livre, quando entra essa matéria (porque a maioria nem oferece ela), geralmente é apenas um pequeno vislumbre da matéria. O aprendizado ali não tem por finalidade ensinar a usar a administração eclesiástica, mas apenas conceituar do que se trata. Não é um ensino para uso, mas apenas para conhecimento. Porque não dá tempo.

Explicando melhor: é muito comum que um Seminário Básico Livre ofereça, num período de 2 anos, de 15 a 20 matérias, com aulas 1 vez por semana. Isso permite que se ofereça, para cada matéria 4 ou 5 aulas apenas. Em 4 ou 5 aulas, numa matéria de Administração Eclesiástica, por exemplo, não é possível aprender algo que fosse realmente relevante para usar na prática. Outro exemplo da mesma forma seria a matéria de hermenêutica. Algo que num seminário com mais tempo disponível toma um bom pedaço do tempo do curso, num Seminário de 2 anos seriam apenas 4 ou 5 aulas dessa matéria. Mas, neste tempo, a única coisa que o estudante consegue é conceituar e, no máximo, entender de que se trata a hermenêutica. Não é um tempo suficiente para se aprender as ferramentas de análise hermenêutica, que o ajudem a analisar um texto bíblico, o que só é possível aprender se houver mais tempo disponível de curso.

Mas isso não significa que ter essas noções, que fazer um Seminário Básico seja inútil ou fora de propósito. De maneira alguma. Apenas precisam as coisas serem colocadas nos seus devidos lugares.

Como disse, um pastor que pretende se dedicar ao cuidado da igreja de forma integral até pode começar com o aprendizado oferecido neste seminário Básico. Mas, em algum momento, ele precisa entender que será necessário dedicar-se a um aprendizado mais profundo, mais consistente, com mais conteúdo.

O intento deste artigo não é valorizar um tipo de curso em detrimento de outro. De forma alguma. Cada um tem seu espaço e propósito na Igreja de Cristo. Mas é preciso entender em que termos cada tipo de curso ajuda a pessoa, dependendo do que ela pretende fazer.

segunda-feira, 25 de março de 2024

Seminário X Escola Bíblica Dominical





A Palavra de Deus diz que a busca pelo conhecimento é muito importante. Destaque para o livro de Provérbios neste assunto. No ministério de Jesus, uma de suas principais tarefas foi ensinar. O Sermão do Monte é um primor neste quesito. O Apóstolo Paulo e outros dedicaram suas vidas ao ministério do ensino e doutrina. As epístolas do Novo Testamento são testemunha dessa verdade.

O ministério de ensino tem uma função especial na igreja e a devida atenção nos escritos neotestamentários sobre esta importância. Na prática, ele é realizado usando-se várias maneiras: através da pregação, quando esta é voltada ao ensino e doutrina, pela Escola Bíblica Dominical (EBD), seminários teológicos e outros instrumentos tão importantes para se manter o ensino em dia na Casa de Deus.

E o Ensino, na casa de Deus, precisa mesmo de ser ministrado por vários métodos e formas, para abarcar as várias necessidades. Uma é a forma de ensinar crianças, outra a usada para adultos. Novos convertidos precisam de uma atenção diferente daquela dada a cristãos mais experientes. Quando cristãos recebem um chamado para um ministério na igreja, precisam de um ensino especial para prosseguir neste chamado. E tantas outras necessidades. Várias são as formas, os métodos, as maneiras de se ensinar.

E, dentre tantas, gostaria de dar ênfase aqui a duas metodologias: a EBD e o Seminário Teológico. Isso porque, nos últimos tempos, um fenômeno tem acompanhado as igrejas: o aumento do interesse e participação em seminários teológicos, que geralmente oferecem um curso por um determinado período com um certificado de conclusão ao final e, concomitantemente, a diminuição do interesse dos membros e das igrejas em participar da EBD.

Não falo em denominações específicas. Mas é uma observação no geral.

No caso da EBD, uma diminuição do interesse por parte dos membros em participar das aulas leva a igreja a não continuar com o projeto das aulas, por causa do baixo interesse dos membros. Por outro lado, o baixo interesse dos membros tem vários motivos, dentre eles talvez uma baixa qualidade nas aulas ministradas ou baixa relevância dos assuntos e temas propostos para suas vidas.

Ou seja, nesse movimento parece que a igreja tem deixado de valorizar a EBD para incentivar seus membros a participar de um seminário. E realmente parece que o movimento migratório de um para outro método tem sido uma situação real, principalmente em igrejas independentes, que não participam de denominações. Mas acontece nestas também.

E será que isso é um problema? O que isso significa e quais as consequências?

Para entender isso, primeiro vamos entender o papel e como funciona cada uma destas estratégias, destes dois métodos. Vamos entender um resumo dos propósitos da EBD e do Seminário.

A EBD é um lugar frequentado semanalmente pelos membros da igreja (todos os tipos de membros, principalmente os mais novos na fé), geralmente com um tempo em que o assunto proposto muda a cada 3 meses, aproximadamente. E não tem fim. Enquanto a pessoa estiver na igreja, pode participar da EBD, estudando um assunto diferente a cada período. Mas tem mais uma coisas que é característica na EBD: os assuntos são (ou deveriam ser) mais pragmáticos, voltados para a vida no dia a dia à luz da Bíblia. A Bíblia é, na EBD, o nosso manual de fé e prática. É na EBD que aprendemos assuntos como Vida Cristã ou Oração, sempre à luz da Bíblia, mas numa perspectiva que envolva nossa vida no dia a dia. Sempre foi esse o objetivo da EBD. A Escola Bíblica sempre foi o lugar onde aprendemos como é ser filhos, como orar, como ler a Bíblia, como ser bons pais ou um preparatório de vida para o casamento. É na EBD que aprendemos sobre o uso dos dons na prática, sobre o nosso comportamento cristão perante incrédulos, sobre como evangelizá-los. Enfim, os assuntos que nos tomam no dia a dia e precisam ser aprendidos e ensinados, discutidos e conversados para entendermos melhor.

A EBD é para nos ensinar a ser cristãos na prática, em nossos vários papeis. E sempre de forma cada vez mais profunda, levando-nos a nos aperfeiçoar como cristãos, a fim de sermos hoje melhores do que ontem, para a Glória do Senhor.

Já o seminário teológico vem com outra proposta, tem outro propósito.

No seminário, os estudos não têm por objetivo principal ensinar lições práticas para a nossa vida cristã. No seminário, não se aprende o assunto em si, mas se aprende a fazer análises para se entender e produzir os assuntos. No seminário, a visão é a de analisar e, para isso, usamos os métodos, ferramentas, técnicas e procedimentos de estudo, para sermos produtores de conteúdo. O objetivo do seminário teológico não é tanto aprender os assuntos prontos para a vida cristã. Mas no seminário, aprende-se por exemplo exegese a fim de que o assunto seja analisado na Bíblia e produzido para o contexto do tempo e local no qual o teólogo se encontra. No Seminário, ao invés de aprender sobre vida cristã, aprende-se cultura do antigo oriente, com o fim de se analisar o texto bíblico produzido naquela região, e encontrar os princípios subjacentes ao texto que possam servir de orientação para os nossos dias. Ao estudar teologia, no lugar de pragmatismo, temos uma formação analítica. Ao invés de estudar-se um assunto a cada 3 ou 4 meses com frequência semanal, vamos ao seminário diariamente (ou até semanalmente, mas com complemento de estudos diários) e isto durante 2 ou 4 anos para, no final deste período, recebermos um certificado de conclusão que englobe todo este período e objetivo dado.

E também seria importante diferenciar o seminário livre, que geralmente é frequentado semanalmente, por 2 anos, daquele de nível bacharel com carga horária diária, por 4 anos. O tempo para estudos é bastante diferente e faz muita diferença nestes propósitos também. Embora o princípio básico: de serem ambos de caráter analítico, permaneça.

Dadas estas considerações iniciais, precisamos entender que tanto a EBD quanto o seminário têm seu espaço na Igreja do Senhor Jesus, para cumprir seu propósito de ensino. Mas precisam estar nos seus devidos lugares e ocupando os respectivos propósitos.

O que tem ocorrido é uma evasão da EBD e um incentivo a que os membros façam um seminário teológico. E isso tem um lado bom. Sou a favor de que os cristãos façam um seminário teológico, nem que seja um básico. Mas isso tem hora certa pra se fazer. E não pode ser em detrimento da EBD. E precisa haver consciência do papel do seminário, para que o cristão não tenha uma expectativa errada quanto ao que vai receber de ensino.

Quando um cristão vai muito cedo para o seminário, já fazendo análises do texto bíblico sem ter vivido a experiência de primeiro sentir Deus falando com ele no texto bíblico, através do aprendizado para a vida, a tendência é se tornar um cristão frio, que vê a Palavra de Deus apenas como um objeto de análise. E, embora seja importante que estejamos dispostos a estudar a bíblia, a analisar ela, não podemos nos limitar a esta experiência com o texto bíblico. Temos de nos lembrar que a Bíblia é um livro vivo, e que nossa experiência junto a ela não pode ser apenas de análise, mas também precisa ser de vivência.

No meu ponto de vista, ao iniciar a caminhada cristã, ao se converter, cada um deveria frequentar a EBD. E a igreja deveria fornecer ao novo cristão um caminho gradual de crescimento no conhecimento prático da Bíblia. Estes passos iniciais são muito importantes para formar uma base de vivência cristã no novo convertido, que tenha respaldo bíblico e lhe sirva de base para os próximos passos.

Aprender é essencial. Crescer e amadurecer é necessário. E os cristãos precisam entender que para isso é necessário continuar sempre em constante aprendizado. O seminário deve fornecer métodos e técnicas que ajudarão no estudo. Um seminário livre, básico de 2 anos de duração com aulas semanais deveria ser buscado por todo membro de igreja que deseje levar os estudos da Palavra de Deus e das práticas na igreja mais a sério. Já um seminário bacharel de teologia, com 4 anos de duração, aulas diárias é o necessário para quem tem um chamado para dedicar mais tempo no ministério. Mas todos deveriam buscar as aulas da EBD, que deveria ser promovida pelas igrejas, a fim de gerar amadurecimento de vida nos seus membros.


Lucas Durigon




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