segunda-feira, 25 de março de 2024

Seminário X Escola Bíblica Dominical



A Palavra de Deus diz que a busca pelo conhecimento é muito importante. Destaque para o livro de Provérbios neste assunto. No ministério de Jesus, uma de suas principais tarefas foi ensinar. O Sermão do Monte é um primor neste quesito. O Apóstolo Paulo e outros dedicaram suas vidas ao ministério do ensino e doutrina. As epístolas do Novo Testamento são testemunha dessa verdade.

O ministério de ensino tem uma função especial na igreja e a devida atenção nos escritos neotestamentários sobre esta importância. Na prática, ele é realizado usando-se várias maneiras: através da pregação, quando esta é voltada ao ensino e doutrina, pela Escola Bíblica Dominical (EBD), seminários teológicos e outros instrumentos tão importantes para se manter o ensino em dia na Casa de Deus.

E o Ensino, na casa de Deus, precisa mesmo de ser ministrado por vários métodos e formas, para abarcar as várias necessidades. Uma é a forma de ensinar crianças, outra a usada para adultos. Novos convertidos precisam de uma atenção diferente daquela dada a cristãos mais experientes. Quando cristãos recebem um chamado para um ministério na igreja, precisam de um ensino especial para prosseguir neste chamado. E tantas outras necessidades. Várias são as formas, os métodos, as maneiras de se ensinar.

E, dentre tantas, gostaria de dar ênfase aqui a duas metodologias: a EBD e o Seminário Teológico. Isso porque, nos últimos tempos, um fenômeno tem acompanhado as igrejas: o aumento do interesse e participação em seminários teológicos, que geralmente oferecem um curso por um determinado período com um certificado de conclusão ao final e, concomitantemente, a diminuição do interesse dos membros e das igrejas em participar da EBD.

Não falo em denominações específicas. Mas é uma observação no geral.

No caso da EBD, uma diminuição do interesse por parte dos membros em participar das aulas leva a igreja a não continuar com o projeto das aulas, por causa do baixo interesse dos membros. Por outro lado, o baixo interesse dos membros tem vários motivos, dentre eles talvez uma baixa qualidade nas aulas ministradas ou baixa relevância dos assuntos e temas propostos para suas vidas.

Ou seja, nesse movimento parece que a igreja tem deixado de valorizar a EBD para incentivar seus membros a participar de um seminário. E realmente parece que o movimento migratório de um para outro método tem sido uma situação real, principalmente em igrejas independentes, que não participam de denominações. Mas acontece nestas também.

E será que isso é um problema? O que isso significa e quais as consequências?

Para entender isso, primeiro vamos entender o papel e como funciona cada uma destas estratégias, destes dois métodos. Vamos entender um resumo dos propósitos da EBD e do Seminário.

A EBD é um lugar frequentado semanalmente pelos membros da igreja (todos os tipos de membros, principalmente os mais novos na fé), geralmente com um tempo em que o assunto proposto muda a cada 3 meses, aproximadamente. E não tem fim. Enquanto a pessoa estiver na igreja, pode participar da EBD, estudando um assunto diferente a cada período. Mas tem mais uma coisas que é característica na EBD: os assuntos são (ou deveriam ser) mais pragmáticos, voltados para a vida no dia a dia à luz da Bíblia. A Bíblia é, na EBD, o nosso manual de fé e prática. É na EBD que aprendemos assuntos como Vida Cristã ou Oração, sempre à luz da Bíblia, mas numa perspectiva que envolva nossa vida no dia a dia. Sempre foi esse o objetivo da EBD. A Escola Bíblica sempre foi o lugar onde aprendemos como é ser filhos, como orar, como ler a Bíblia, como ser bons pais ou um preparatório de vida para o casamento. É na EBD que aprendemos sobre o uso dos dons na prática, sobre o nosso comportamento cristão perante incrédulos, sobre como evangelizá-los. Enfim, os assuntos que nos tomam no dia a dia e precisam ser aprendidos e ensinados, discutidos e conversados para entendermos melhor.

A EBD é para nos ensinar a ser cristãos na prática, em nossos vários papeis. E sempre de forma cada vez mais profunda, levando-nos a nos aperfeiçoar como cristãos, a fim de sermos hoje melhores do que ontem, para a Glória do Senhor.

Já o seminário teológico vem com outra proposta, tem outro propósito.

No seminário, os estudos não têm por objetivo principal ensinar lições práticas para a nossa vida cristã. No seminário, não se aprende o assunto em si, mas se aprende a fazer análises para se entender e produzir os assuntos. No seminário, a visão é a de analisar e, para isso, usamos os métodos, ferramentas, técnicas e procedimentos de estudo, para sermos produtores de conteúdo. O objetivo do seminário teológico não é tanto aprender os assuntos prontos para a vida cristã. Mas no seminário, aprende-se por exemplo exegese a fim de que o assunto seja analisado na Bíblia e produzido para o contexto do tempo e local no qual o teólogo se encontra. No Seminário, ao invés de aprender sobre vida cristã, aprende-se cultura do antigo oriente, com o fim de se analisar o texto bíblico produzido naquela região, e encontrar os princípios subjacentes ao texto que possam servir de orientação para os nossos dias. Ao estudar teologia, no lugar de pragmatismo, temos uma formação analítica. Ao invés de estudar-se um assunto a cada 3 ou 4 meses com frequência semanal, vamos ao seminário diariamente (ou até semanalmente, mas com complemento de estudos diários) e isto durante 2 ou 4 anos para, no final deste período, recebermos um certificado de conclusão que englobe todo este período e objetivo dado.

E também seria importante diferenciar o seminário livre, que geralmente é frequentado semanalmente, por 2 anos, daquele de nível bacharel com carga horária diária, por 4 anos. O tempo para estudos é bastante diferente e faz muita diferença nestes propósitos também. Embora o princípio básico: de serem ambos de caráter analítico, permaneça.

Dadas estas considerações iniciais, precisamos entender que tanto a EBD quanto o seminário têm seu espaço na Igreja do Senhor Jesus, para cumprir seu propósito de ensino. Mas precisam estar nos seus devidos lugares e ocupando os respectivos propósitos.

O que tem ocorrido é uma evasão da EBD e um incentivo a que os membros façam um seminário teológico. E isso tem um lado bom. Sou a favor de que os cristãos façam um seminário teológico, nem que seja um básico. Mas isso tem hora certa pra se fazer. E não pode ser em detrimento da EBD. E precisa haver consciência do papel do seminário, para que o cristão não tenha uma expectativa errada quanto ao que vai receber de ensino.

Quando um cristão vai muito cedo para o seminário, já fazendo análises do texto bíblico sem ter vivido a experiência de primeiro sentir Deus falando com ele no texto bíblico, através do aprendizado para a vida, a tendência é se tornar um cristão frio, que vê a Palavra de Deus apenas como um objeto de análise. E, embora seja importante que estejamos dispostos a estudar a bíblia, a analisar ela, não podemos nos limitar a esta experiência com o texto bíblico. Temos de nos lembrar que a Bíblia é um livro vivo, e que nossa experiência junto a ela não pode ser apenas de análise, mas também precisa ser de vivência.

No meu ponto de vista, ao iniciar a caminhada cristã, ao se converter, cada um deveria frequentar a EBD. E a igreja deveria fornecer ao novo cristão um caminho gradual de crescimento no conhecimento prático da Bíblia. Estes passos iniciais são muito importantes para formar uma base de vivência cristã no novo convertido, que tenha respaldo bíblico e lhe sirva de base para os próximos passos.

Aprender é essencial. Crescer e amadurecer é necessário. E os cristãos precisam entender que para isso é necessário continuar sempre em constante aprendizado. O seminário deve fornecer métodos e técnicas que ajudarão no estudo. Um seminário livre, básico de 2 anos de duração com aulas semanais deveria ser buscado por todo membro de igreja que deseje levar os estudos da Palavra de Deus e das práticas na igreja mais a sério. Já um seminário bacharel de teologia, com 4 anos de duração, aulas diárias é o necessário para quem tem um chamado para dedicar mais tempo no ministério. Mas todos deveriam buscar as aulas da EBD, que deveria ser promovida pelas igrejas, a fim de gerar amadurecimento de vida nos seus membros.


Lucas Durigon




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