
As palavras de Simeão, no templo do Senhor, quando Jesus nasceu,
foram palavras de fé. Assim está descrito no evangelho de Lucas,
cap. 1, dos versos 27 ao 32. Ao pegar o recém-nascido Jesus nos
braços, Simeão declarou que seus olhos viam a Salvação de Deus.
Por isso, ele poderia morrer em paz, pois a ele havia sido revelado
pelo Espírito Santo que não morreria antes de ver a salvação
enviada pelo Senhor, não morreria antes de conhecer o Cristo do
Senhor, o Messias, o Ungido.
Mas é uma atitude de total fé. Ele estava pegando nos braços uma
criança recém-nascida. Como poderia saber, naquele exato momento,
que aquela criança traria salvação ao mundo? A criança sequer
havia chegado à adolescência, não sabia nem falar ainda. Saber,
pela fé, que aquela era a criança prometida por Deus para salvação
de todos era um ato totalmente revestido de fé. Muitos só
reconheceram em Jesus a figura do Messias quando ele, já adulto,
começou a curar e a pregar, a realizar milagres e demonstrar
sabedoria sem par. Nem mesmo sua participação, aos 12 anos, no
templo, apesar de trazer grande admiração aos presentes, fez com
que algum sacerdote declarasse que ali estava o Messias. Mesmo depois
de milagres realizados, muitos ainda duvidavam de sua divindade, de
sua missão, de seu papel na história redentora de Israel e da
humanidade.
Mas não Simeão.
Este homem, justo e temente a Deus, a quem o Espírito Santo havia
revelado quem era aquela criança. Este homem, que inferimos ser um
idoso, embora o relato bíblico não informe sua idade. Este homem,
que não tinha cargo nem era algum tipo de oficial do templo,
“apenas” alguém comum, mas cheio do Espírito Santo. Este homem
conseguiu perceber, pela revelação do Espírito Santo, ao pegar uma
criança no colo, que a salvação de Deus havia chegado. Mesmo sem
ver os milagres, mesmo sem ver as maravilhas realizadas por Jesus.
Ele creu antes de tudo isso. Antes de ver, ele simplesmente creu,
porque o Espírito Santo de Deus havia lhe falado que assim era!
Quem dera nos voltássemos para esse tipo de fé. Esse tipo que crê
apenas porque o Senhor fala. Que não necessita de sinais ou provas
para crer. Que apenas sabe que é assim porque Deus disse que seria
assim! Simeão pegou uma “simples” criança, um bebê como outro
qualquer, com braços, perninhas, olhos e boca. Não havia, em Jesus,
naquele momento, nenhum sinal visível de sua divindade. Nenhum raio
de sol vindo do céu sobre ele (como no momento do batismo, quando o
Espírito veio sobre ele como uma pomba). Mas Simeão creu. E Ana
também. Mas aqui quero chamar a atenção para a declaração de
Simeão. “Podes despedir teu servo … porque meus olhos viram tua
salvação”. Ele não pediu para ver também o menino crescer
(talvez Deus o tenha deixado vivo até lá, não sabemos), mas ele
não pediu para ver sinais e milagres. Simplesmente creu. A promessa
do Espírito, revelada a ele, era de que veria o Cristo antes de
morrer. E assim aconteceu. Talvez ele não tenha testemunhado o
batismo, as pregações, os milagres, a morte e ressurreição do
Messias. Também não estava presente na manjedoura, quando os anjos
apareceram no céu cantando. Mas essa fé de Simeão, esta que ouve a
voz de Deus e crê, é uma fé que não precisa de nenhum sinal
aparente, nada que se veja ou toque ou ouça. Não precisa de nenhum
estímulo aos sentidos. É a fé que é a prova daquilo que não se
vê. Esse tipo de fé precisa ser revivido em nosso meio, entre os
filhos de Deus. Precisa ser buscada com afinco. Os filhos de Deus,
hoje em dia, estão muito carentes de sinais, de estímulo aos
sentidos.
É preciso ter fé.
Simplesmente.
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