quinta-feira, 16 de junho de 2022

11. Arrependimento e Prosperidade

 O que encobre as suas transgressões nunca prosperará,
mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.
” (Provérbios 28: 13)
Também em Jeremias 5: 25 diz:
As vossas iniquidades desviam estas coisas,
e os vossos pecados afastam de vós o bem.



O versículo de provérbios deixa muito claro que não poderá prosperar aquele que mantém o seu pecado inconfesso, ou seja, que não admite nem reconhece que pecou e permanece com ele no coração, sem colocá-lo, em confissão, perante o Senhor e abandoná-lo.

O pecado cometido que permanece dentro de você, porque ainda não confessou seu cometimento ao Senhor, irá impedir, no seu interior, o fluir das bênçãos do Senhor. É como se fosse um entupimento de cano. A água está ali para passar, mas não pode, porque algo interrompe seu fluxo pelo cano. As bênçãos de Deus estão ali para você, vindo em sua direção, mas não te alcançam e não chegam em você, porque o pecado interrompe seu fluxo, como algo que entope seu fluxo e impede de chegar até você.

Muitos não levam isso em consideração e não entendem como que as questões normais do dia a dia, do trabalho, da casa, podem ser impedidas por questões espirituais, como o pecado. Muitos acreditam que uma coisa não tem relação com outra. Mas, precisamos lembrar que em tudo o que fazemos, dependemos de Deus abençoar para que aquilo dê certo. Seja um projeto no trabalho, seja o relacionamento em família, seja a aquisição de um bem, ou a provisão diária em casa. Tudo depende de que Deus abençoe para que flua em nossa vida.

E devemos lembrar que quando temos pecados não confessados presos em nossas vidas, então neste momento Deus não está nos abençoando, neste momento estamos separados de Deus, até que possamos retomar a comunhão com o Senhor, através do arrependimento e confissão do pecado (Isaías 59: 2).

Também é importante recordar brevemente o conceito de “prosperar” na Bíblia. Não significa ficar rico ou ter muito dinheiro. Isso até pode ser a consequência. Mas prosperar significa andar pra frente sem grandes percalços, sem grandes impedimentos em tudo o que se faz. Prosperar um caminho é como poder andar por esse caminho sem interrupções ou obstáculos que impeçam ou dificultem a caminhada. Neste sentido, você prospera quando sua família está bem relacionada, sem problemas, intrigas ou brigas entre si. Você prospera quando seus projetos no trabalho seguem sem interrupções ou problemas, gerando ganhos (mesmo que não te deixem rico), mas segue caminhando sem grandes obstáculos impedindo. Você prospera quando tem saúde e nenhum problema que te mantenha numa cama de hospital. Ou, mesmo que tenha uma enfermidade, ela é rapidamente curada ou leva você a novas reflexões, novas perspectivas de vida e não te mata. Você é próspero quando seus filhos estão crescendo, adquirindo conhecimento e sabedoria na escola. Enfim, embora não seja aqui o momento para um estudo amplo sobre o tema da real prosperidade bíblica, precisamos lembrar o que é realmente prosperidade para que este versículo faça realmente sentido.

E vamos passar a entender também a questão do contexto, para o entendimento de um texto bíblico. Quando vamos estudar um texto da Bíblia, precisamos entender o contexto onde ele se encontra. Existe o contexto imediato e o amplo. O primeiro se refere aos versículos anteriores e posteriores daquele que estamos lendo. Até mesmo o capítulo onde se encontra este versículo pode ser entendido como o contexto imediato dele, que fala sobre aquele assunto. O contexto amplo é a Bíblia como um todo. Isso significa que quando lemos um pequeno trecho da Bíblia, contido em qualquer um dos 66 livros existentes na Bíblia, ele vai concordar com todo esse restante da Bíblia. Ou seja, eu preciso conhecer o tema geral da Bíblia, o que Deus fala como um todo, para que eu possa entender melhor uma parte pequena. Se um versículo diz algo que, num primeiro entendimento, possa parecer contraditório ao que diz na Bíblia como um todo, então eu devo procurar ler de novo e entender melhor, porque a Bíblia como um todo é uma unidade e não terá um pequeno trecho que venha a ser contraditório com este todo. Então, para entender um pequeno trecho, eu posso recorrer ao todo da Bíblia a fim de compreender melhor. O próprio livro bíblico onde se encontra o texto que eu quero entender pode também ser um nível intermediário do contexto que facilitará minha compreensão.

Por exemplo, em toda a Bíblia, em vários lugares, sempre diz que o caminho da obediência à Palavra de Deus, às suas ordens, à sua orientação, é o caminho que nos traz bênção. Por toda a Palavra de Deus podemos ver que o obedecer ao Senhor em sua palavra tem como consequência uma vida abençoada. Então, o versículo de provérbios que citamos no início deste texto tem relação direta com este contexto amplo da Bíblia. O versículo citado de Jeremias já é outro que concorda com a mesma ideia.

Vejamos estes 2 níveis de contexto para o versículo de provérbios 28: 13. Vamos ver os versículos que o cercam e depois um exemplo em outra parte da Bíblia, olhando para o contexto mais amplo.

Lembrando que o livro de provérbios, a partir do capítulo 10, não é uma narrativa corrida, como a maioria dos outros livros bíblicos. Não tem um fluxo narrativo contínuo. Provérbios é mais formado de versos e trechos isolados que trazem orientações e palavras de sabedoria para o nosso dia a dia. Portanto, a análise do contexto imediato nem sempre funciona da mesma maneira que em outros livros bíblicos. Numa narração de Josué, por exemplo, podemos ler o livro na sequência, porque os fatos se desencadeiam um ao outro e ajudam na compreensão um do outro. Já em provérbios, pode ocorrer que um versículo trate de um assunto, como por exemplo, relacionamento conjugal e o verso seguinte mude totalmente a ideia para outro assunto, como orientação financeira. Mesmo assim, vamos analisar, neste caso, os versos anterior e posterior do texto que estamos estudando.

O verso anterior (28: 12), diz “Quando os justos exultam, grande é a glória; mas quando os ímpios sobem, os homens se escondem.”. Embora a relação com o assunto em questão não seja direta, vejamos que ambos os versos tratam de falar de coisas opostas. Ou seja, o verso 13 diz do pecado retido em contraposição ao pecado confessado e como isso reflete na prosperidade, se ela será retida ou liberada na vida da pessoa. E no verso 12 também trata de coisas opostas, ou seja, a alegria dos justos e a ascensão dos ímpios (que também existe). Mas aqui no verso 12, deixa claro que a alegria (exultação) dos justos traz igualmente alegria a seus pares, à sociedade, aos que estão por perto para poderem compartilhar juntos desta alegria. A exultação dos justos é bem vista por todos ao redor. Já a ascensão do ímpio, embora possa até ocorrer, o deixa isolado, porque não encontrará quem queira compartilhar com ele deste momento de alegria, pois todos percebem que mesmo que ele prospere (quando o ímpio sobe), então a sociedade, os outros homens saem de perto, por perceberem que há algo errado nisto. Um ímpio se dando bem na vida não é algo que traz alegria para os que estão ao redor. É algo que não combina, não bate. Então, embora a relação entre este versículo e o 13 não seja tão direta, eu diria que o verso 12 prepara para o entendimento do 13, porque mostra este contraste que existe entre o justo e o ímpio quando se fala em suas alegrias e como a sociedade (os outros homens), vão receber isso. E diz que mesmo a sociedade entende que algo está errado quando um homem mau (ímpio) se dá bem na vida, porque parece que isso não é normal, embora aconteça com frequência, é algo que parece não combinar.

Já o verso seguinte (28: 14), diz “Bem-aventurado o homem que continuamente teme; mas o que endurece o seu coração cairá no mal.”. Já este versículo tem total relação com o 13. Eu diria que é um paralelo ao 13. Se o verso 13 fala de se arrepender e confessar o pecado cometido, a fim de alcançar prosperidade, neste verso 14, fala igualmente que o homem que “continuamente teme”, ou seja, o homem que percebe seu pecado e se arrepende, aquele que está sempre alerta às próprias condutas, com temor do Senhor e atento aos erros que comete, aquele que se mantém num estado de vigilância para não se deixar levar pelo pecado, mas teme cometer ou permanecer no pecado, este é bem-aventurado, que poderia ser muito bem uma outra forma de dizer que é próspero, porque é abençoado e faz aos outros serem abençoados também. Aquele que mantém seu coração em constante estado de temor, para permanecer fiel ao Senhor, é alguém que não deixará o pecado se consolidar no seu coração e é alguém bem-aventurado. Em contraste a este, na 2ª parte do versículo, fala daquele que endurece seu coração, o qual cairá no mal. E quem é o que endurece seu coração a não ser aquele que ignora os próprios pecados, que não se arrepende, que mantém um comportamento contrário à humildade, ao arrependimento, ao reconhecimento dos próprios erros. Uma pessoa de coração endurecido é aquela que, mesmo errando, escolhe dar desculpas e justificar o próprio erro do que simplesmente pedir perdão. Este cairá no mal, não conseguirá ser abençoado, próspero e bem-aventurado. O que continuamente teme mantém-se vigilante para não permanecer no pecado. Já o que endurece o coração não tem esta mesma atitude, mas permanece no pecado como se fosse uma coisa totalmente normal.

O contraste entre o justo e o ímpio, o pecador e o arrependido, entre o que endurece o coração e o que continuamente teme e as consequências de bênção, bem-aventurança e prosperidade para uns e ausência disto para os outros, são os temas destes 3 versículos e nos mostram que viver conforme as ordens do Senhor traz benefícios e consequências boas. Já o contrário trará problemas, tristezas e dificuldades.

Olhando, portanto, o contexto imediato dos versos anterior e posterior ao versículo que é tema deste estudo, podemos perceber que há uma concordância com aquilo que se fala. Mesmo provérbios sendo um livro onde nem sempre seja possível ver esse contexto próximo, estes 3 versículos parecem tratar de um mesmo assunto de 3 formas diferentes.

Agora, se olharmos a Bíblia como um todo, vamos continuar encontrando esta ideia de que aquele que obedece à Palavra de Deus é abençoado e quem não segue as orientações de Deus não será abençoado. Já mostramos o verso de Jeremias 5: 25 que fala disso. Gostaria também de trazer outro texto de exemplo, que se encontra em Deuteronômio 28, e é o clássico texto que nos mostra que nossas escolhas (boas ou ruins) trarão consequências da mesma natureza sobre as nossas vidas. Tire um tempo para ler ou relembrar, usando sua Bíblia, o que diz em Deuteronômio 28.

Neste texto, o contraste entre as bênçãos recebidas por aqueles que obedecem a Palavra de Deus e as maldições existentes sobre as vidas dos desobedientes é bem nítida, explícita e direta. Os versículos 1 e 2 começam dizendo assim: “E será que, se ouvires a voz do Senhor, teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu te ordeno hoje, o Senhor, teu Deus, te exaltará sobre todas as nações da terra. E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do Senhor, teu Deus”. Que outra ordem e mandamento constante na Bíblia toda é mais claro do que aquele que ordena que devemos sempre nos arrepender dos pecados cometidos? Este é um mandamento recorrente e constante na Bíblia como um todo, a ser obedecido, como tantos outros também.

Aqui, em Deuteronômio, a orientação inicia-se dizendo sobre obedecer aos mandamentos do Senhor. A estes, a promessa é de bênçãos e o capítulo 28 começa a listar estas bênçãos. Por exemplo: “será abençoado na cidade ou no campo”, ou seja, por onde você for, não importa onde seja, a bênção acompanha a pessoa que é obediente. “bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais, e a criação das tuas vacas, e os rebanhos das tuas ovelhas” (v. 4): numa sociedade agrária, o fruto da agricultura e pecuária era o principal, pois isso era o sustento e o ganho das pessoas naquela época. Além dos próprios filhos, claro. E tudo isso seria bendito, abençoado. Os pomares produziriam frutos e não haveria doenças. Isso traria prosperidade, sem dúvida. Da mesma forma, os bezerros nasceriam bem, sem problemas, não morreriam, não teriam doenças. Isso é bênção, é prosperidade. Ter filhos saudáveis também é prosperidade.

Mas o verso seguinte também é muito interessante “bendito o teu cesto e a tua amassadeira” (v. 5) Ou seja, todas as ferramentas para o trabalho serão abençoadas, de forma que não quebrem ou tenham problemas. Este verso é especialmente fácil de trazer para os dias atuais e contextualizar: se você precisa de um carro para o trabalho e para trazer sustento para sua família, seu carro também será abençoado, se você é alguém que se mantém obediente à Palavra de Deus. Suas máquinas, seu computador, seus instrumentos usados para produzir sua provisão serão abençoados e não quebrarão de maneira fora do normal. Claro que tudo isso, em algum momento, precisa de manutenção e cuidados, até mesmo de substituição. Mas tudo dentro da normalidade, porque o Senhor abençoa até os instrumentos de trabalho daqueles que obedecem sua Palavra.

E assim, se você continuar lendo o capítulo, verá que a lista de bênçãos que vêm sobre aqueles que são obedientes é bem extensa e inclui todas estas coisas relacionadas, como os instrumentos de trabalho, citado acima. E estas promessas terminam, no verso 13, da seguinte forma: “O Senhor te porá por cabeça e não por cauda; e só estarás em cima e não embaixo, quando obedeceres aos mandamentos do Senhor, teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e fazer.”. E muitos olham apenas a primeira metade deste versículo e pensam que para ser cabeça e estar por cima basta frequentar uma igreja, ou ter sangue judeu, ou ser crente. E muitos esquecem-se que a condição estabelecida é a obediência à Palavra do Senhor, é guardar e praticar (fazer) o que o Senhor nos manda. Não apenas se declarar descendente de Abraão ou crente da igreja. Jesus repete esta promessa, como aqui está, em Mateus 7: 24-27 quando depois de falar sobre várias formas de sermos bem-aventurados, encerra dizendo que quem obedecer e praticar suas orientações terá a bênção da prosperidade de ter uma casa firme, que não se abala perante as intempéries. Podemos entender esta casa como a família, o trabalho, a profissão, as finanças etc etc etc.

Esta promessa de firmeza, prosperidade, consolidação é apenas para os obedientes.

Porque, se você ler a sequência de Deuteronômio 28, a partir do verso 15, verá que todas aquelas bênçãos são repetidas, agora transformadas em maldição, para todos os que desprezarem a voz do Senhor, para os que não obedecerem nem praticarem aquilo que o Senhor ordena que se façam. Então, quem não seguir as ordenanças do Senhor, ao invés de serem abençoados, serão amaldiçoados!! Diz, por exemplo, no verso 16: “Maldito serás tu na cidade e maldito serás no campo.” Ou seja, não adianta mudar de lugar, ir para cá ou para lá, achando que as coisas vão melhorar, se você não obedece a Deus. A maldição acompanha aos desobedientes, ao impenitentes, àqueles que cometem pecados e não se arrependem, aos de coração endurecido, por onde quer que forem. Não adiante uma pessoa assim dizer: “vou mudar de cidade, porque aqui as coisas não estão dando certo pra mim”, porque a maldição o acompanhará por onde quer que for. O problema não é o lugar onde ele está, mas o próprio comportamento, de não seguir as ordens de Deus e assim, a maldição o acompanhará, não importa onde for. E assim, da mesma forma, a lista de maldições para os desobedientes prossegue, com as mesmas promessas citadas aos obedientes, desta fez para amaldiçoar os desobedientes. Jesus também, na finalização do Sermão do monte, disse que aquele que não ouvisse nem praticasse sua Palavra teria sua casa desabando quando viessem águas, ventos, tempestades, porque não era firme, não era firmada na Palavra de Deus.

Olha o final de Deuteronômio 28, quando está finalizando a lista de maldições aos desobedientes, o que diz o verso 29: “E apalparás ao meio-dia, como o cego apalpa na escuridade, e não prosperarás nos teus caminhos; porém somente serás oprimido e roubado todos os dias; e não haverá quem te salve.”. É muito dura a consequência de não seguir a orientação de Deus.

Então, por onde você olhar na Bíblia, em qualquer lugar concorda com o fato de que as bênçãos vem para aqueles que, mesmo pecando, arrependem-se e procuram fugir do pecado e corrigir suas atitudes. Não há bênção para os que não se arrependem, para os desobedientes. O caminho da prosperidade passa pelo arrependimento dos pecados.

Deixa eu dar um exemplo prático, de como uma coisa interfere na outra. Pense num casal, casados há mais de 10 anos, que tenham conseguido juntos comprar sua casa própria, 1 ou 2 carros, e juntar um dinheiro de investimento. Mas, em dado momento, um dos cônjuges comete adultério e o outro pede o divórcio por causa disto. O pecado do adultério gerou um rompimento na confiança, na relação, na unidade, na continuidade daquele relacionamento. E, neste momento, todos sabem que os bens precisarão ser divididos para que cada um siga seu caminho. E, quando isto acontece, sempre perde-se muito dinheiro, seja com os custos com advogados, seja no fato de que a venda de um imóvel por exemplo, pode ser feita com pressa para dividir o valor e isto pode trazer perdas na negociação. Além disso, aquilo que estavam buscando juntos agora será dividido. Toda a preocupação para cuidar disto tudo irá minar as forças do casal, trazendo dificuldades na sua produtividade para o trabalho. Em alguns casos, trazendo enfermidades físicas ou psicológicas. E tudo isso, gerado por um pecado de adultério, irá interromper o fluxo de bênçãos e bloquear a prosperidade que antes tinham.

O pecado e a desobediência à Palavra de Deus têm sérias consequências. E tudo isso é muito real. Muitas pessoas não percebem. E, para aqueles que só olham a questão financeira disto tudo, embora a promessa de prosperidade é muito mais abrangente do que isso, vai uma reflexão: tem muitas pessoas com muito dinheiro que já perderam suas famílias, sua saúde, sua sanidade, sua paz, sua alegria e muitas outras bênçãos contidas e prometidas para aqueles que são obedientes, que têm um coração contrito, pronto a se arrepender.

Lucas Durigon


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