sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Rute - a estrangeira que fez parte do povo de Deus


Um pequeno livro de apenas 4 capítulos, mas com uma riqueza de ensinamentos e conhecimento maravilhosa. Aliás, como acontece muitas vezes na Bíblia, os pequenos livros têm sempre muitos detalhes que precisamos entender o contexto, a cultura, as leis para ter um completo entendimento do que se diz. Com esta compreensão completa, maravilhas do amor de Deus se apresentam de forma mais vibrante.
No primeiro capítulo, um resumo das situações que levaram aos acontecimentos do livro. Uma família de 4 pessoas (pai, mãe e 2 filhos), por causa de uma fome, mudam-se para as terras de Moabe. É bom entendermos 2 coisas logo neste início. O que acontece com esta família de Israel era mais comum do que se pensa, de ter que se mudar para outras terras, por causa de fome. Este movimento de migração, muito comum hoje em dia, também acontecia com o povo de Deus. Não havia guerra neste episódio, mas poderíamos até mesmo considerar esta família como refugiados, por causa da fome em seu país. Mudaram-se para uma terra estrangeira. E também entender que o povo de Moabe, para onde se mudaram, era um povo que tinha, geralmente, dificuldades de relacionamentos com o povo de Israel. Este povo é descendente de Ló, do incesto provocado pela sua filha mais velha, ao embriagar seu pai (Gn 19: 31-38). Causaram dificuldades durante a saída do povo de Deus do Egito.
Mas é para esta terra que se mudou esta família. Os 2 filhos desta família se casaram com 2 mulheres desta terra de Moabe, duas moabitas. E lá viveram muito tempo. O povo de Israel, geralmente não se misturava em casamento com outros povos. Mas estes fugiram à regra.
Porém, morreram os 3 homens desta família (pai e 2 filhos), numa época que não era comum as mulheres terem emprego para sobreviver, nem pensão do INSS. A sogra das 2 quis voltar para sua terra natal de Judá e, enquanto estavam a caminho, mandou as duas noras voltarem para sua casa. Uma delas (Orfa), voltou, chorando na despedida. A outra, Rute, insistiu em ficar com Noemi (sua sogra) para onde quer que ela fosse, deixando registrado na Bíblia uma das mais lindas dedicatórias de amizade, cumplicidade e companheirismo que encontramos. Ela disse: “Não insistas para que eu te abandone, e deixe de seguir-te, porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; onde quer que morrerees morrerei eu, e ali serei sepultada
Chegaram a Belém, sendo alvo dos comentários sobre a perda dos 3 maridos que haviam sofrido. Noemi dizia que o Senhor a tinha feito voltar sem nada. Teria partido cheia e voltado vazia! Mas cegaram na época da colheita da cevada.
Por causa de sua situação financeira delicada, que necessitavam de sustento, Rute se dispõe a ir apanhar as espigas que caíssem dos colhedores, usufruindo de uma lei que dizia que estrangeiros e pobres (ela se encontrava nas 2 categorias) poderiam seguir os colhedores em tempos de colheita, pegando o que caísse no chão. Pela lei, aos colhedores era ordenado que não apanhasse do chão o que caísse, e deixasse para quem precisa, como se o próprio Senhor derrubasse no chão aquilo que queria deixar para quem precisa. Rute esforça-se neste trabalho e Boaz, o dono da terra, reconhece o seu trabalho e não só isso, também o fato de ela não ter abandonado sua sogra em um momento tão difícil. Por isso, lhe dá mais do que ela tinha conseguido colher.
Ao ver o resultado deste trabalho, Noemi pergunta onde ela tinha trabalhado. Ao revelar que havia sido nas terras de Boaz, Noemi, sogra de Rute anima-se pois percebe que ele é um parente, um que poderia ser remidor delas. Ou seja, alguém que poderia se casar com a viúva que não tivesse filhos, como na lei do levirato. Essa lei existia, a fim de dar ao morto descendência, para que seu nome não fosse extinto da terra. E também para dar à viúva, desamparada, alguém que a pudesse sustentar. Mas como neste caso, não haviam mais irmãos para desposar a viúva, então outros parentes poderiam ser os que assim o fizessem.
Noemi orienta então sua nora, Rute a aproximar-se de Boaz, relatar que ela deseja que ele assuma o papel de remidor. Boaz se dispõe a fazê-lo e deseja se casar com Rute, mas declara que existe outro parente mais próximo que ele, que tem esse direito de ser o remidor antes dele. Mas se ele recusasse, então Boaz poderia assumir este papel. Ele vai então procurar este outro parente próximo, declara o interesse dele em ser o remidor de Rute e pergunta ao seu parente se ele deseja fazê-lo em seu lugar. Após a resposta negativa, Boaz decide então se casar com Rute.
Eles têm um filho, ao qual dão o nome de Obede, que é avô do Rei Davi. Boaz e Rute são, portanto, bisavós do Rei Davi. E, se lembrarmos que Jesus é da descendência de Davi, então temos na genealogia de Jesus uma moabita, uma estrangeira, Rute. O que demonstra que mesmo que alguém faça parte de um povo inimigo de Deus, pelas suas atitudes, poderá ser redimida e fazer parte da família de Deus.



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